Especialista orienta pais a lidarem com temas como sexo e pornografia com naturalidade. Proibir sem justificativas ou sem diálogo pode aumentar a curiosidade das crianças
Pesquisa realizada pela empresa de segurança de softwares Symantec revela que palavras como "sexo" e "pornô" estão entre as mais buscadas na internet, por crianças menores de sete anos e jovens até 18 anos. A palavra "sexo" está em quarto lugar no ranking de expressões digitadas em buscadores por crianças de 8 a 12 anos e de adolescentes de 13 a 18 anos. O termo "pornô" é a quarta palavra mais pesquisada por crianças de até sete anos. A pesquisa divide os usuários em três faixas de idade: até 7 anos, de 8 a 12 e de 13 a 18; e por sexo.
O resultado da pesquisa preocupou Clarice Torquato, mãe de uma menina de 9 anos. Em entrevista ao site Rede Brasil Atual, ela explicou como procura acompanhar a vida "virtual" da filha. "Eu vejo o histórico dos sites acessados. Ali eu vejo onde ela foi e o que viu", afirma.
Clarice também pede que a filha utilize a internet com a porta do quarto aberta para que tenha controle visual das atividades da menina. "Eu me preocupo, porque às vezes ela quer pesquisar sozinha para um trabalho escolar e não sabe que há sites com vírus e outros com conteúdo inadequado", relata. Apesar do receio de vírus, a maior preocupação de Clarice é a pedofilia na internet. "Eu morro de medo. É muito duro isso para uma mãe", confessa.
Segundo ela, a filha passa a maior parte do tempo em joguinhos, mas percebe que crianças da família, com mais idade, usam a internet para pesquisar temas mais adultos. "Outro dia vi uma menina de 11 anos pesquisando sobre bebês, como eles nascem e como são feitos", revela.
Para Yara Garzuzi, especialista em terapia comportamental e Mestre em distúrbios do desenvolvimento, a falta de diálogo entre pais e filhos leva as crianças a procurarem os assuntos sobre os quais têm dúvida, na internet. "Eles procuram da forma deles", aponta. Para ela, dialogar e acompanhar o dia a dia das crianças, ajuda tanto nas questões de sexualidade como no relacionamento entre pais e filhos, em geral.
O ideal é que os responsáveis por crianças ou adolescentes estejam sempre atentos às necessidades psicológicas das crianças. "Não é bom falar de assuntos delicados de forma abrupta. O melhor é explicar no limite das perguntas deles. Não é preciso contar os detalhes dos detalhes", destaca. "Não é bom estimular os assuntos, nem criar um tabu, porque daí as crianças vão buscar (a resposta) na internet", lembra.
Segundo Yara, não há uma idade certa para falar sobre sexo com os pequenos. "Depende mais da curiosidade da criança. Cada uma tem um desenvolvimento diferente da outra", avalia.
Outro ponto importante é acompanhar de perto os sites e assuntos que as crianças acessam na internet, sem demonstrar que se trata de um monitoramento. "Na verdade, é um partilhar. Quanto mais partilhas houver, melhor a resposta e o contato com os pais", avalia.
A especialista também orienta que os pais tratem os assuntos com naturalidade para não aumentar a curiosidade das crianças. "Quando eu proíbo um assunto, dou atenção a ele e desperto a curiosidade das crianças. Proibir por proibir, sem explicar o motivo, jamais! O que não é bom, como pornografia, deve ser motivo de muito diálogo", comenta.
Redes sociais na frente
"YouTube", "Google" e "Facebook" lideram a lista de temas procurados na internet, segundo a pesquisa em todas as faixas pesquisadas. Os sites de relacionamento também estão entre os preferidos, independentemente do sexo e da idade dos usuários.
Levando em conta as diferentes preferências de meninos e meninas, a pesquisa detectou que crianças e jovens do sexo masculino acessam mais sites de compras, de temas considerados inapropriados e jogos. Já as meninas preferem músicas, entretenimento e celebridades.
Crianças até 7 anos passam a maior parte do tempo na internet em jogos (23%). De 8 a 18 anos, a maior parte do interesse é direcionado para músicas.
A pesquisa foi realizada com base em 14,6 milhões de buscas feitas por esse publico de 2 de fevereiro a 4 de dezembro de 2009. Os internautas eram usuários do serviço OnlineFamily.Norton, da Symantec.
Fonte: Rede Brasil Atual
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