Aluno denuncia uso e venda de maconha na Unifesspa e causa polêmica

Reitoria reúne Consur para discutir o tema, DCE relativiza e redes sociais se dividem até com memes sobre o polêmico Campus I

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Petri Furtado é aluno do 4º ano do curso de Engenharia Mecânica na Unifesspa, que tem três campi em Marabá. Ele estuda no Campus II e a polêmica diz respeito ao Campus I, o mais antigo, localizado na Folha 31, Nova Marabá. O Campus III, mais recente, é também o mais distante, no final da longínqua Cidade Jardim.

Esta semana, Petri divulgou na Fanpage “Unifesspa” o seguinte texto: “A cada ano que passa fica mais difícil sobreviver na Unifesspa. Não se pode respirar com tranquilidade dentro do campus! Creio que os alunos da unidade 1, de certa forma, já se acostumaram com o odor de maconha ou não tomam atitude por receio de serem tachados como caretas ou ‘do contra’. Quando se passa por perto do auditório já se sente o forte odor da droga. E, na ‘área verde’, vários grupos de maconheiros sem vergonha utilizam a droga da forma mais natural do mundo. E, sem dúvidas, há traficantes dentro do campus. Pois não se pode ter tal situação ocorrendo todo santo dia debaixo do nosso nariz, literalmente!”

No Campus I funcionam os cursos de Direito, Direito da Terra, Pedagogia, Ciências Sociais,

Geografia e Educação do Campo. Na Unidade II da Unifesspa estão todas as Engenharias: Sistemas de Informação, Geologia, Física, Química, Matemática e Ciências Naturais.

A Reportagem do blog conseguiu falar com o jovem Petri Furtado, o qual confirmou a denúncia que fez em postagem e confessou que recebeu até mesmo ameaça em um comentário “Tá achando que mexer com maconheiro é sussa”, disse um dos que ficaram revoltados com a queixa do jovem. Questionado sobre quem seria o vendedor de drogas no Campus I, Petri preferiu não apontar nome, embora diga que já tenha “ouvido falar”, mas que não convive com esse meio.

Na manhã desta quarta-feira, 11, a publicação que causou polêmica já havia sido removida do Facebook por administradores da Fanpage. Até às 18 horas de ontem, dia10, 272 pessoas haviam curtido a postagem, 107 apenas sorriram, 44 amaram, 24 compartilharam e 209 comentaram a postagem. Entre os comentários, muitos dizem que é absolutamente normal, alegam que a universidade é uma instituição em que a liberdade deve ser cultivada e criticam o acadêmico. O tacham ainda de careta, bolsonarista, repressor e outros adjetivos pejorativos, demonstrando revolta com o desabafo.

Outra parte, entretanto apoia o que diz a postagem, repudia o uso de drogas nos campi da Unifesspa e também manifesta indignação por ter de suportar, diariamente, o mau cheiro que exala dos cigarros de maconha consumidos abertamente.

Vários alunos do Campus I ouvidos pela Reportagem confessaram que não se sentem bem com a fumaça da maconha que exala, principalmente, de uma pracinha atrás do auditório da Unifesspa. Mas nenhum deles teve coragem de gravar entrevista com medo de retaliações.

VAMOS DISCUTIR
A Reportagem do blog procurou a Assessoria de Imprensa da Unifesspa, que enviou a seguinte nota sobre o assunto: “A Unifesspa obteve conhecimento das denúncias e está ciente da reclamação dos estudantes que se manifestaram pelas redes sociais. Embora não haja nenhuma denúncia formalizada até o momento, a Instituição está dedicada e sempre pronta ao enfrentamento de todas as questões que envolvem a segurança da comunidade acadêmica.

Nesta quinta-feira (12), a Unifesspa começa a votar o Código de Posturas da Instituição, minuta que já está disponível há alguns meses para amplo diálogo e debate da comunidade acadêmica e pode ser acessada no sitehttp://participa.unifesspa.edu.br, para participação de todos os membros da comunidade acadêmica e sociedade em geral.

O documento irá definir questões importantes concernentes à ordem, à ética, à segurança, à preservação estética e ambiental, entre outras normas que envolvem a boa convivência no ambiente universitário.

Sobre o caso específico, envolvendo denúncias de consumo e venda de drogas nos espaços da Universidade, o reitor da Unifesspa solicitou imediata inclusão da pauta na reunião do Conselho Superior da Unifesspa (Consun), instância máxima deliberativa da Instituição, com representação de todos os segmentos universitários para discutir ações emergenciais, com ampla participação da comunidade acadêmica. O objetivo é que sejam apresentadas e discutidas medidas tais como controle de acesso de pessoas e veículos às unidades da Unifesspa que possuem delimitação por meio de muro, entre outras alternativas de enfrentamento à questão.

A reunião acontece às 9h, na Unidade III do Campus da Unifesspa em Marabá, que fica localizado no Loteamento Cidade Jardim”.

CONSERVADORISMO E PRECONCEITO
Também procurado pelo blog, o presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Unifesspa, Igor Silva, disse que acompanhou a repercussão da postagem do estudante Petri Furtado e disse que desde que assumiu a gestão da entidade, em março de 2017, não recebeu nenhuma denúncia de estudantes relacionada ao uso de maconha em quaisquer campi da universidade. Ele confirma que desde que entrou na Unifesspa, em 2015, percebeu que estudantes fazem uso de maconha no Campus I. “Mas isso não acontece apenas aqui, mas em muitas universidades federais pelas quais passei, há consumo de maconha. Este não é um fato novo e a questão foi tratada com certo exagero”, avaliou.

Na visão de Igor Silva, pior do que o consumo de maconha na Unifesspa é o uso de tabaco, observando que há muitas “bitucas” de cigarro espalhadas pelo chão e o uso dele também causa fumaça prejudicial à saúde.

O presidente do DCE avalia que há muito conservadorismo, preconceito e falta de informação em relação ao uso da maconha e defende que a universidade tem de pautar a discussão de uma política de redução de danos não apenas para a maconha, mas para todos os tipos de droga. “Se você for a eventos culturais do Campus II, por exemplo, verá que ali acontecem as festas e que mais se consomem álcool, que causam confusões e geram prejuízos à universidade”.

Publicações como a de Petri Furtado, no entendimento de Igor Silva, apenas denigrem a imagem da Unifesspa perante a sociedade e, no final, todos os estudantes são prejudicados porque saem com diploma desta universidade, manchando a vida profissional dos discentes.

É SÓ UM BASEADO, GENTE!
Igor também enviou à Reportagem do blog um manifestou publicado pelo Coletivo Regional de Luta pela Descriminalização e Legalização do Uso Medicinal, Recreativo e Religioso da Maconha, criado em 2015. No documento, o Coletivo critica o comentário do estudante Petri e diz o seguinte: “Segundo os comentários veiculados, nós os maconheiros estamos incomodando alguns narizes hipocritamente sensíveis, pelo fato do cheiro da erva se espalhar no campus. Por isso, e apenas por isso, fomos atacados e mais uma vez difamados e injuriados pelo fascismo conservador unicamente por fumarmos um baseado. Ficamos aqui nos questionando por que atacam com tanta severidade a maconha, sendo que é consenso

que o uso da maconha é bem menos prejudicial que o uso de outras drogas, inclusive ditas “licitas”.

Não estamos fazendo nada errado, a maneira de tratar o assunto, com discursos eivados de ódio, preconceito e conservadorismo é que está errada. Devemos ser inteligentes e pensar espaços de discussões sobre o tema. A Unifesspa, juntamente com o DCE Jr. devem pensar políticas de informação e sensibilização dos usuários, não só de maconha, mas de qualquer outro fumígeno no que diz respeito aos espaços e áreas de consumo, como ocorre inclusive em outros campi federais no Brasil”.

CASO NA PF?
A Reportagem também procurou o delegado da Polícia Federal, Ricardo Viana, o qual disse que nunca recebeu nenhuma denúncia sobre venda de drogas no Campus da Unifesspa. Ele disse que é difícil de estabelecer se a competência para investigar é da PF neste caso de suposta venda de maconha, mesmo sendo uma universidade federal. “Se for caso de um servidor federal vendendo droga no campus, a gente pode avaliar a competência”.

Por outro lado, Viana ponderou que é preciso haver um trabalho educativo dentro da própria universidade sobre o tema, fomentado pela reitoria e envolvendo os estudantes.

O QUE DIZ A LEI?
A Lei Antidrogas 11.343/2006 diz o seguinte:

Artigo 28 – Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I – advertência sobre os efeitos das drogas;

II – prestação de serviços à comunidade;

III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

Artigo 33 – Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Por Ulisses Pompeu e Eleutério Gomes

11 comentários em “Aluno denuncia uso e venda de maconha na Unifesspa e causa polêmica

  1. MICHELLE BARBOSA PASTORELLO FREIRE Responder

    Ao ler a matéria a gente vê que o reitor naturaliza a coisa com a justificativa de que é só um baseado. Mas vai olhar a situação e ver o dano que isso está causando na qualidade de preparo profissional e postura desses alunos. Não pode naturalizar uma coisa que envolve fatores de risco emocionais e abre portas para outros vícios e problemas. Estão dentro de uma universidade e precisam levar isso a sério. Querem fumar maconha, beber fazer qualquer coisa que não seja estudar, faça em casa. Universidade é lugar de se preparar profissionalmente. Meu filho nunca bebeu e fumou, foi criado com muito amor e zelo, sempre conversei com ele sobre a saúde física e mental. Aí ele passa numa federal e a primeira coisa que oferecem para ele lá dentro é maconha. Ele falo,u conosco sobre a situação e o desconforto dele nisso, pois ele não tem interesse e necessidade dessas coisas, soube se retirar da situação. Agora, fiquei pensando nos jovens emocionalmente frágeis e carentes, que por muitas vezes entram nessa situação e acabam se envolvendo em outros riscos desnecessários por curtição e carência emocional. Precisamos nos conscientizar sobre o que estamos fazendo com a cabeça nossa juventude. A questão não é a maconha, mas os motivos que se levam a buscar por ela.

  2. Fala serius Responder

    Sem falar que ao que parece essa prática no campus já vem acontecendo a um bom tempo.impossível da reitoria e autoridades nunca terem se apercebido de tais práticas!

  3. Fala serius Responder

    O engraçado e que tem gente que diz que em outros lugares tbm exala cheiro forte da maconha,mas ninguém vai estudar nesse locais.
    Esse povo tem que se lembrar que universidade e um ambiente de estudo e não de recreação. Nada contra a quem faz o uso desta ou de qualquer outra substância, mas fala sério.
    Uma coisa e certa respeito e bom e todos gostam.

  4. Daina Responder

    Engraçado que esse aluno nem do 1 é… E de fato só quis denegrir a imagem do campus como assim ele não suporta mais o cheiro ? Se nem la ele permanece ? Eu ei… Eu estudo no 1 e a galera que fuma fica longe não anda co a mão cheia de baseado ! ha 3 anos estou la e eles preservam sim aquela que mal fumam por isso ficam longe e mais tem um bocado de aluno que vem la do 2 e do 3 fumar la… Então eh ao pra aparecer quer denunciar vai na ouvidoria ela ta la é pra isso desnecessario difamar em rede social.

  5. Trans Responder

    O presidente do DCE não defendeu com afinco a maconha, mas o direito a pluralidade e respeito as diferenças, como já houve em casos de acesso de pessoas trans em banheiros de acordo com sua identificação de gênero (2015), quando não queriam mais deixar alunos entrarem de bermuda no campus ou simplesmente arrancarem um jambo. Então a onda conservadora já vem com pequenos atos de rebeldia hipócrita há algum tempo. Agora só tomou proporções maiores. O presidente do DCE está preocupado com a imagem de TODOS os alunos da Universidade, que estão tendo essa terrível publicidade negativa unicamente por preconceito e falta de diálogos. Maconheiros os não, devemos sentar e utilizar a velha e boa dialética neste caso. Tenho dito!

  6. Marcelo D2 Responder

    Como um humanista prezo muito pela integridade do denunciante e até parabenizo pela sua coragem, mas se eu fosse intolerante diria de que cagoenta nunca se dá bem nessas histórias, pelo menos é o que narra boa parte da obra do Bezerra da Silva e parece que os comentários ao post dele já evidenciam essa aproximação entre realidade e narrativas musicais.

  7. José e Agora? Responder

    Que seja usuário, defensor, simpatizante ou contrário ao uso dela o que vai dizer se os fatos configuram crime é a justiça, a polícia e cabe ao acusador o ônus das provas. Agora esse tipo de conduta oportunista coloca em xeque a imagem de toda uma comunidade que ali trabalha e estuda no Campus I, coloca em questão toda uma instituição que tem tentado se firmar e se consolidar como universidade, coloca em questão pessoas que não tem nada haver na história, que talvez nunca nem viram maconha, canabis, baseado os carambas. Só colabora pra difundir esteriótipos e condutas preconceituosas de ambos os lados sejam eles maconheiros ou conservadores. Infelizmente as pessoas acham que rede social é vaso sanitário, pior que as evidências são fortes. Tudo que a universidade tem de ser é um espaço plural e democrático e tudo o que ela não deve ser é um espaço intolerante.

  8. ROBERTO Responder

    O presidente do DCE defendeu com muito afinco o uso da maconha… será que ele está entre os usuários da Unifesspa????

    • Daina Responder

      E se estiver? Tem algum problema ? Isso não eh um fato isolado deve haver debates e seminário sobre o assunto droga por droga o cigarro e o álcool ta ai pra mostarda AA estáticas de morte eu estudo no 1 e não vejo esse escândalo de maconha quem fuma respeita quem não fuma . Ele fumam longe e eu respeito também que faz uso não difamando e nem atacando fico na minha pq cada um cuida dos seu problemas nunca fui prejudicada por fumaça la nem tem esses cheiros exorbitantes que o tal ai quis se aparecer na pagina só quer iboope .pq nem la ele estuda fica e no 2 que raiva é essa do 1 eu ano entendo e sim são ataques sem o mínimo de legitimidade pq se quisesse abordar o assunto se forma democrática teria ido ma ouvidoria. É isto

  9. Polemico Responder

    Mais nocivo do que esse povo do paz e amor é um grupo que se utiliza das redes sociais pra querer se promover como o moralista e o porta voz dos bons costumes. Pelo que tô vendo logo logo vao querer que destruam a biblioteca e distribuam apenas a bíblia na universidade. Claro que esse assunto merece atenção, discussão e um enfrentamento franco e honesto não só da universidade como da sociedade como um todo, agora esse tipo de atitude oportunista e preconceituosa, haja vista que nem dos meios legais de policia e denuncia esse jovem se utilizou, nós não podemos de maneira nenhuma tolerar. Isso não é liberdade de opinião isso é intolerância, preconceito e hipocrisia, tendo em vista de que em Marabá-PA existem muitos lugares em que o cheiro da erva exala e ninguem diz nada. Lidar com essa questão é algo muito delicado e com essa atitude o “denunciante” colocou em risco até sua própria integridade, haja vista os supostos comentários ameaçadores a ele como menciona a matéria, foi um atitude infantil e infeliz e que certamente pouco resultado positivo vai gerar.

  10. Anderson Responder

    Pena que a reportagem não ouviu as pessoas que são conservadoras, de fato, e foram atacadas covardemente, difamadas com vilania nessa reportagem, ao dar voz apenas a um sujeito cuja opinião é totalmente comprometida com uso da canabis. UM CARA QUE NÃO REPRESENTA A OPINIÃO DE TODA A COMUNIDADE ACADÊMICA DE MARABÁ.

    Por outro lado, a reportagem teve mérito ao dar voz a esses alunos que sentem ofendidos e injustiçados ao se verem obrigados a pedecer com os prejuízos da fumaça e do fumo passivo, seja da maconha ou mesmo do cigarro.

    FRENTE CONSERVADORA DE MARABÁ

    DIREITA MARABÁ
    ENDIREITA MARABÁ
    RENOVA PARÁ
    PACO
    AMEI
    DEPARTAMENTO DA JUVENTUDE DE MARABÁ

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