Alunos e professores da Escola “Gaspar Vianna” protestaram contra descaso

Todos são unânimes em afirmar que o prédio está em constante estado de deterioração e que vários alertas foram feitos, mas ninguém nunca lhes deu ouvidos

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“Que país é esse?/ Que país é esse?”, “Brasil mostra a tua cara/ Quero ver quem paga pra gente ficar assim”. Essas estrofes, de canções de protesto embalaram, na manhã desta segunda-feira (21), manifestação de professores e alunos na calçada da Escola Estadual de Ensino Médio “Gaspar Vianna”, na Nova Marabá. Conforme noticiado pelo Blog, o teto da biblioteca do estabelecimento de ensino desabou no fim de semana e só não foi uma tragédia anunciada porque aconteceu no sábado (19), uma vez que alunos da escola, na quinta-feira (17), protestaram em frente ao Ministério Público Estadual, denunciando a precariedade da estrutura do prédio.

Situação que foi constatada pelos repórteres que entraram no prédio após um professor ter rebentado um cadeado, pois a ordem da direção, segundo os manifestantes e os agentes de portaria, era impedir a Imprensa ou de qualquer outra pessoa, à exceção dos Bombeiros, de entrar na escola.

O professor Enoque de Jesus da Silva Gomes, que também é engenheiro de Segurança do Trabalho, disse que, a começar pelas instalações elétricas, o prédio da escola não tem condições de uso. “Diversas vezes centrais de ar e ventiladores pegaram fogo em pleno período de aulas. Então, a gente percebe que instalação elétrica está completamente comprometida, as lâmpadas queimam constantemente”, conta ele.

Segundo Enoque, os alunos fizeram as provas do primeiro bimestre no escuro e sentiram dificuldades. “Imagine os que usam óculos. Isso parte da má gestão da diretoria que está à frente da escola”, desabafou ele, concluindo com uma observação importante: “As paredes da biblioteca não apesentavam rachaduras e o teto desabou. Imagine as salas de aulas, cujas paredes têm rachaduras”, alerta.

Outro professor Rafael Brito, disse que logo entrada do prédio é fácil perceber que as vigas de madeira que sustentam o telhado estão tomadas por cupins, as paredes das salas de aulas apresentam rachaduras, o prédio todo tem goteiras e aparelhos de ar condicionado apresentam defeito constantemente, “por causa das velhas instalações de energia elétrica”. “O que estávamos denunciando aconteceu, a escola está literalmente esta caindo”, lamenta.

A aluna Maria Alice Dias de Souza, do segundo ano, afirma que há muito tempo era possível ver como estava a situação da escola, diz que foram feitos vários alertas e que até o forro do auditório já havia desabado, há cerca de três meses. “Foi preciso cair o teto da biblioteca para alguém interditar a escola”, afirma.

Outra estudante, Bianca Monserrat, mostrou preocupação com os colegas do terceiro ano, que vão se submeter ao Enem. “Eles já não têm professores e, agora, ainda acontece uma coisas dessas e eles acabam completamente prejudicados”.

Daniel Almeida Alexandre também aludem do Gaspar Vianna, disse que fica “muito triste com esse descaso do governo”. “Há muito tempo a nossa escola não tem condições de funcionar, as salas estão com rachaduras enormes e agora o teto da biblioteca caiu. Depois disso, a gente está com bastante medo, porque a qualquer hora outros pavilhões podem desabar”.

Uma professora que pediu sigilo de sua identidade e que leciona em outra escola do Estado, a “Oneide Tavares”, disse que aquele estabelecimento de ensino, assim como o “Gaspar Vianna”, também apresenta rachaduras nas paredes e precisa de reforma urgente.

“O Ministério Público já recomendou que a escola entrasse em obras, mas até agora nem sinal de quando isso vai acontecer. De outra parte, volta e meia temos problemas com a energia elétrica, pois falta ali um transformador para que as centrais de ar funcionem, mas o Estado nunca providenciou”, conta ela.

Para a coordenadora do Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará), Joiyce Rebelo, o que aconteceu foi lamentável porque embora tenha havido reformas em 2009 e 2013, “não foram serviços de qualidade”.

“É lamentável porque o governo não investe em educação, nem em valorização, nem em piso salarial, nem na carreira dos professores, nem nas escolas. Se ali cedeu e a reforma feita lá foi a mesma feita nos pavilhões, significa que outras partes da escola podem desabar também”, advertiu ela.

O major Paulo César Vaz Júnior, subcomandante do 5º Grupamento Bombeiro Militar, esteve, ao lado de outro oficial, vistoriando no prédio na manhã desta segunda-feira (21), mas disse que, por enquanto, ainda não pode se pronunciar sobre o assunto.

Seduc

A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que deslocou o Diretor de Obras, José Ângelo Miranda, onde tomará as providências para recuperar o telhado do bloco da escola Gaspar Viana, que desabou no sábado.

Ainda segundo a nota, o bloco da escola foi interditado pelos Bombeiros, mas a Seduc decidiu suspender o funcionamento de toda a escola. As aulas serão suspensas até que a escola seja relocada em outro prédio. Ainda no domingo iniciaram-se as providências com esse objetivo.

“A escola é uma das quatro que a Seduc vai reformar em Marabá; os projetos estão prontos e no dia 15 de junho será aberta a licitação, conforme termos do edital publicado no Diário Oficial do Estado, visando à contratação das obras”, diz o comunicado.

Informa ainda que a Seduc vai fazer um levantamento das circunstâncias em que se deu o desabamento de parte do telhado da ala da biblioteca e definir, nas próximas horas, as obras de emergência. “Apesar do isolamento parcial, a Seduc suspendeu as aulas nesta segunda-feira, quando será definido o grau de intervenção na escola e a solução para relocar os alunos”, finaliza.

Por Eleutério Gomes – de Marabá

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