Apadrinhada de Dira Paes revela sonho, pesadelo e realidade com filme em Marabá

Garota de 21 anos que driblou papel de figurante e virou atriz no set, revela como conseguiu contracenar com um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira

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Dira Paes fez escola em Marabá durante os dois meses em que passou aqui para gravar Pureza – O Filme. Em entrevista ao jornalista Ulisses Pompeu no último final de semana, a atriz revela que ficou encantada com o potencial de algumas pessoas de Marabá que foram contratadas como figurantes e acabaram atuando como atores. “Muitas das pessoas daqui estão fisgadas pelo cinema. É o caso da Amanda, que tem 21 anos de idade e sempre quis ser atriz. Ela fez a seleção para ser figurante e pediu para fazer um teste de voz, e passou. Ganhou um papel de vendedora do guichê da rodoviária. A Amanda estava filmando e num determinado momento eu virei a câmera pro vídeo e ela se viu pela primeira vez. Consegui filmar o final e postei. Foi um sucesso nas minhas redes sociais. Todo mundo viu o sonho ser realizado através da câmera do cinema que estava na sua frente, e eu estava captando aquela reação. Então, para mim, isso traduz muito o que é a arte e para que existe a arte no mundo, para ver magia, sonho, para ter vontade. A arte deixa tudo mais suave, o espetáculo da vida fica mais suave”.

Procurada pela Reportagem do blog, Amanda de Castro Perdigão contou sua história de vida e diz que contracenar com Dira Paes foi a realização de um sonho de criança, só que amplificado. Ela contou que foi criada pelo avô e sua esposa. “Eu não tinha noção de como aconteciam as gravações. Nunca tinha comentado com ninguém sobre esse sonho e só ficava imaginando onde as câmeras ficavam dentro de minha casa. Aos 13, fui morar com minha mãe de sangue pela primeira vez e houve problemas sérios de relacionamento”.

Em lágrimas, Amanda conta que amigou-se aos 14 anos para sair de casa e o sonho de atriz ficou adormecido. “Houve um bloqueio dentro de mim, porque eu não queria casar, mas tive de ir morar com o namorado pelos atritos que havia com minha mãe e o esposo dela. Não havia outra escolha”, confessou.

Aos 17, teve um filho e a incerteza de um dia atuar como atriz aumentou mais ainda e o foco de sua vida mudou. “Eu não sabia que ia ter esse filme em Marabá. Quando vi no Jornal Correio que estavam fazendo seleção de pessoas no Cine Marrocos, corri para me inscrever, mas não contei para ninguém, porque não sabia se iria dar certo. Havia várias meninas que tinham experiência de teatro, mas eu fui aprovada para ser figurante”, relembra.

Todavia, a jovem insistiu e contou que sempre sonhou em atuar, falar, ser atriz. “Perguntei se não tinha como ela me dar oportunidade. Eu sabia que tinha pessoas escolhidas para falar. Mas ela me deu um papel para eu estudar e fazer um teste. Li muito, repeti tudo um monte de vezes e fiz meu melhor. Achei que não ia passar, mas quando a moça me ligou dizendo que eu tinha sido aprovada, gritei, chorei e agradeci a Deus”, disse, de novo em lágrimas.

Só depois disso, Amanda contou para o esposo e demais familiares o que estava acontecendo. Quando foi para a gravação, pra valer, diz que vivia um conto de fadas e estava em êxtase. A produção do filme Pureza lhe tratou muito bem, mas deixou os melhores adjetivos para atriz Dira Paes, que segundo Amanda, lhe acolheu como uma filha. “Cada palavra dela para mim não foi em vão. Estou apaixonada pela pessoa que a Dira é. Antes, eu a conhecia apenas pela televisão, agora sei que é uma pessoa humilde, simples, encantadora. Ela não é apenas uma boa atriz, mas uma mulher que impulsiona os outros para o melhor caminho”, derrete-se.

Para continuar sonhando, Amanda já está seguindo as orientações dadas pela própria Dira Paes durante uma manhã inteira de gravações. A menina sabe que precisa dedicar-se aos estudos. Para isso, revela que está mergulhando nos livros para fazer o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e tentar uma vaga no curso de artes cênicas. “Quero chegar pelo menos aos pezinhos da Dira”, compara.

Ulisses Pompeu – de Marabá