Crise do Aedes: Marabá e Parauapebas têm déficit de 175 agentes de endemias

Continua depois da publicidade

Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Os maiores municípios da região sudeste do Pará – Marabá e Parauapebas – têm um grande número de casos de doenças relacionadas ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da Chikungunya, Dengue e Zica vírus. Enquanto isso, esses mesmos dois municípios têm déficit de agentes comunitários de endemias para entrar em cada imóvel da cidade, vasculhar e acabar com focos do mosquito.

Marabá deveria ter, atualmente, 140 agentes, mas possui em seus quadros apenas 26. No final do ano passado, 75 foram distratados e muitas partes da cidade ficaram descobertas da atuação da equipe que faz visita casa a casa.

Já Parauapebas tem uma deficiência de 47% de cobertura dos profissionais para eliminar os focos de doenças nas residências. Deveria ter 150 atuando nas ruas, mas possui apenas 71 para dar contas de dezenas de bairros, o que é praticamente impossível.

Canaã dos Carajás, que precisaria de pelo menos 21 Agentes de Endemias, tem 21; Jacundá necessitaria de 25, mas possui nas ruas somente 11 profissionais.

Na região, quem cumpre com a cobertura recomendada para os profissionais de endemias são os municípios de Curionópolis, Brejo Grande do Araguaia, Itupiranga, São João, São Domingos do Araguaia e Bom Jesus do Tocantins.

Nesta terça-feira, numa reunião na Câmara Municipal de Marabá, 75 agentes demitidos no final do ano passado pleitearam a recontratação por parte do Poder Executivo. Ouviram e debateram, juntamente com os vereadores, a real situação do sistema de saúde em Marabá.

O secretário de Saúde, Marcone Leite reconheceu que é indiscutível a necessidade de contratação dos agentes de endemias. Para ele, existem muitos focos do mosquito Aedes Aegypti e é preciso combater esse agente de doenças.

Por outro lado, Marcone explicou que existem entraves de natureza burocrática e reafirmou que o Ministério da Saúde possibilita o aumento no número de 50 profissionais no combate às endemias, e que o ingresso no cargo só será possível seguindo os critérios do próprio Ministério. “A contratação deve ser através de processo seletivo nos critérios exigidos, porque com isso se consegue garantir o financiamento para o pagamento desse profissional. Sem isso, não temos como arcar com a despesa. Não adianta criarmos uma expectativa de contratar os agentes que já estavam no cargo, se não temos como pagar com recursos próprios”, advertiu o secretário.

Contudo, garantiu que será dada prioridade a quem tem experiência, como é feito em qualquer concurso, com prova de títulos. “Quem já tem experiência com endemias pontua mais de início do que quem não tem”.

Os vereadores pediram celeridade na contratação dos agentes porque a cidade vive uma pandemia de doenças causadas pelo famigerado mosquito Aedes.

O vereador Ilker Moraes solicitou que seja restabelecido rapidamente um cronograma de ações para as contratações. “É preciso que se defina quando será aberto o edital de contratação. O mosquito está tomando conta de Marabá, é preciso agir, a população vem sofrendo com dengue e Chikungunya”, clamou.

Miguel Gomes Filho, o Miguelito, observou que, como se trata de uma imposição do Ministério da Saúde é preciso informar que esse pessoal já fez o processo seletivo anteriormente. Já trabalharam, já foi gasto dinheiro na qualificação dos profissionais que estão aqui, ou seja, já estão preparados e são selecionáveis. Caso não seja possível, que se dê a esses agentes uma pontuação maior no processo seletivo que será feito, dando prioridade a quem já tem experiência”, opinou Miguelito.

O presidente da Câmara, vereador Pedro Correa ponderou que é preciso que haja responsabilidade para entender o momento atual. Considerou que há um surto do mosquito Aedes Aegypti, e a partir do momento que houve a demissão dos agentes de endemias a situação se agravou ainda mais e também quer rapidez para contratação de agentes para o serviço de visitação de residências.

O Blog enviou pedido de explicação à Assessoria de Comunicação da prefeitura de Parauapebas para saber a posição da PMP sobre o assunto; se há previsão para contratação; e quais ações estão sendo providenciadas para a melhoria no combate ao mosquito no município. Todavia, até o fechamento dessa matéria não recebeu nenhuma resposta.

Conferindo a Folha de Pagamento de janeiro de 2017 da PMP verifica-se que 90 funcionários estão qualificados e receberam o salário como agentes de endemias no município. Segundo a Sespa, os 71 mencionados acima são aqueles que vão verificar se existem focos do mosquito de porta em porta.

A Secretaria de Saúde de Parauapebas enviou a seguinte nota sobre o assunto:

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) esclarece que em breve fará a convocação de novos candidatos aprovados no último concurso público para o cargo de agente comunitário de Endemias para suprir a demanda do município.

Os números citados na lista da Secretaria de Estado da Saúde do Pará, 71, e o que foi apresentado pela Semsa, 90, correspondem à diferença entre o pessoal ativo e aqueles que atualmente estão de férias, de licença maternidade, além dos supervisores de equipe.

A Semsa informa também que atualmente todas as equipes de agentes estão realizando visitas domiciliares e conta com a cooperação de toda a população para eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypti em Parauapebas. Alguns agentes encontram dificuldades para entrar nas residências porque alguns moradores têm receio de serem assaltados.

A Semsa pede à população que receba os agentes. E para que não haja dúvidas explica que todos eles trabalham de uniformes e crachá de identificação da Prefeitura Municipal de Parauapebas. A Semsa aproveita para conclamar a população a participar da campanha de combate ao mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.

Assessoria de Comunicação/PMP

3 comentários em “Crise do Aedes: Marabá e Parauapebas têm déficit de 175 agentes de endemias

  1. Claudemir R Sousa Responder

    Depois que as ações de combate ao mosquito da dengue foram descentralizadas para os municípios, a proliferação de mosquitos aumentou drasticamente. Pois os municípios não seguem as normas do ministério da saúde, os agentes trabalham sem estrutura, sem materiais adequado, as bolsas parecem que foram tiradas do lixo: velhas e sujas. O outro problema é a população que não faz sua parte jogando lixo nas ruas

Deixe seu comentário

Posts relacionados