Dilúvio de quatro horas causa novos estragos em Marabá

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Desde 4 horas da madrugada desta quarta-feira, 5 de outubro, se abateu sobre Marabá uma chuva torrencial que parecia cena do livro “Cem anos de Solidão”, do colombiano Gabriel García Marquez: “O céu desmoronou-se em tempestades de estrupício e o Norte mandava chuva que inundava as casas, derrubava as paredes e arrancava pela raiz os últimos talos das plantações”.

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Se a cena apocalíptica não foi tão parecida como no realismo mágico de Macondo, dezenas de ruas pareciam rio e centenas de casas foram invadidas pela água da chuva que não tinha um canal limpo para escoar. E todos culpam o sistema de drenagem, que está comprometido. A chuva, de fato, se abateu sobre várias cidades da região e em Parauapebas ela também foi forte e causou inundações.

Mais uma vez, os bairros mais castigados foram São Félix, Liberdade, Laranjeiras, Independência, Belo Horizonte, Novo Planalto, Bom Planalto e Folha 33. Pelo Whatsapp e Facebook, moradores vão postando fotos e vídeos de suas casas e ruas e lamentando a situação geral da cidade. “Aqui a coisa tá feia, ou melhor, muito molhada”, disse Cláudia Cordeiro, residente no bairro Belo Horizonte, onde a Avenida Manaus transformou-se em um rio fundo, como acontece em todo inverno, com casas alagadas em mais de um metro de profundidade.

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Do bairro Liberdade também chegam fotos aos montes. Moradores se queixam da inundação, não da forte chuva. Um deles, José Henrique Dias, diz em um grupo de Whatsapp que se a coisa tá feia agora, que o inverno mal começou, imagine no final do ano, quando as chuvas se intensificam.
Muitas pessoas chegaram atrasadas em seus trabalhos nesta quarta-feira porque não conseguiam se quer sair de casa para ir à parada de ônibus, quanto mais apanhar um mototáxi.

A água inundou também três postos de combustível e as bombas foram lacradas: um na avenida Manaus (Belo Horizonte), outro na Rua Afro Sampaio (Bom Planalto) e um terceiro na Avenida Antônio Vilhena.

Lílian Viana Dias postou fez um desabafo, lamentando que tenha perdido vários móveis em menos de 10 minutos, quando a água invadiu de repente sua casa, em uma das ruas mais altas da Folha 33. “A água nunca tinha chegado aqui. Fiquei impactada e com medo, achando que eu e meus filhos iríamos morrer afogados. Foi tanta água, gente que ficou perto da minha cintura. Só agora estou respirando mais aliviada, mas com os móveis estragados. Pelo menos Deus preservou nossas vidas”, contou.

No Hospital Municipal de Marabá, onde os médicos não estão trabalhando há dois dias por falta de pagamento de salários, a chuva também castigou, molhou muitas enfermarias através de goteiras, infiltrações e até pelo esgoto, que está entupido. “Uma vergonha um lugar em que as pessoas deveriam recuperar sua saúde estar numa situação dessa de calamidade”, desabafou uma técnica de enfermagem que trabalha no local há 18 anos.

2 comentários em “Dilúvio de quatro horas causa novos estragos em Marabá

  1. prokofiev Responder

    era só o que faltava: sem salários sem pagamentos sujeira e lixo por toda a parte os pobres agora perdem os móveis e as casas
    enquanto isso no andar de cima os ricos se dando sempre bem…
    e os políticos …

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