Em Marabá, compostagem usa tecnologia para transformar restos da merenda escolar em adubo

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Um projeto inovador em Marabá começou como embrião entre acadêmicos de Engenharia Ambiental do campus local da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e está conquistando estudantes do Ensino Fundamental. Eles perceberam que mais da metade de todo lixo produzido no Brasil é constituída por resíduos orgânicos, como restos de frutas, legumes e folhagens. Todo esse material acaba indo para os lixões a céu aberto ou aterros sanitários, decompondo-se de forma inadequada. Além de gerar mau cheiro, esses resíduos atraem animais causadores de doenças e aumentam os riscos de contaminação de lençóis freáticos e do solo.

Para reduzir a poluição ambiental e aproveitar as sobras da merenda escolar, de folhas que caem das árvores, de papéis jogados no lixo e todo o resto de resíduos orgânicos gerados nas Escolas de Ensino Fundamental Oneide de Sousa Tavares e Doutor Inácio de Sousa Moita, em Marabá, os egressos do curso de Engenharia Ambiental Jamerson Silva Soares, 26, e Igor Conceição Ribeiro, 25, desenvolveram um tipo de composteira que usa recursos tecnológicos para elevar a qualidade do adubo produzido. A pesquisa deles é orientada pela professora Aline Souza Sardinha.

A composteira é o recipiente no qual são acondicionados os resíduos orgânicos para dar início ao processo conhecido como compostagem, que consiste em deixar fermentar e decompor resíduos orgânicos – agrícolas, florestais, domésticos ou urbanos – misturados ou não em terra vegetal, para obter um material rico em nutrientes e minerais, chamado de “composto”, usado como adubo natural.

O diferencial da compostagem inteligente, proposta do projeto de Jamerson e Igor, é a possibilidade de mensurar os níveis de temperatura e umidade do material orgânico em decomposição. Essa identificação ocorre por meio de um protótipo eletrônico integrado à Plataforma Arduino.

A Plataforma Arduino é composta por uma placa controladora (hardware) e um sistema integrado (software). Ao ser colocado em contato com a composteira, o protótipo móvel irá detectar se os níveis de temperatura e umidade estão altos ou baixos, emitir alertas sonoros, de luzes e mensagens na tela de LCD, indicando qual procedimento seguir.

“O protótipo avisa na tela de LCD se a umidade está alta ou baixa, se é para adicionar mais água, fazer a mistura ou acrescentar mais material orgânico. É interessante poder ver e controlar a temperatura e umidade em tempo real”, destaca Jamerson Soares.

O projeto realizado nas escolas de Marabá custou R$ 20.000,00 e foi financiado pelo Banco da Amazônia por meio de um edital de patrocínio em 2016. Desenvolvido de junho do ano passado a janeiro do corrente ano, o trabalho incluiu palestras de educação ambiental, orientações sobre separação dos resíduos e domínio da Plataforma Arduino, entre os alunos do 8º e 9º ano.

Também foram entregues nas duas escolas lixeiras para a coleta de resíduos úmidos e secos e os depósitos para a compostagem. O projeto também foi tema de estudo do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Jamerson e Igor, que no Prêmio Melhor TCC 2015, ganharam o segundo lugar com o tema “Sistema de monitoramento inteligente da temperatura e umidade no processo de compostagem: protótipo baseado na Plataforma Arduino”.

A atividade de educação ambiental terá continuidade em 2017 com o acadêmico de Engenharia Ambiental Vinícius Soares. A partir das pesquisas será feito o monitoramento do processo de transformação dos resíduos orgânicos em adubo. “Esta é uma alternativa para evitar que mais resíduos sejam dispostos no aterro controlado de Marabá. As Composteiras Inteligentes ficarão abrigadas nas escolas. O Vinícius vai avaliar o processo de educação ambiental dentro das instituições, se as pessoas estão se educando para separar o lixo, e também avaliará a qualidade do composto”, ressalta a professora Aline Sardinha.