Empresa australiana quer desvendar cobre e ouro da Serra Misteriosa, em Marabá

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Não chega a ser uma nova Serra Pelada, mas a Serra Misteriosa, localizada no extremo norte de Marabá, na divisa com o município de Novo Repartimento, tem ouro e bastante prata e platina. Mas parece que a maior jazida mesmo é de cobre, como no Salobo.

A Serra Misteriosa está localizada a cerca de 265 quilômetros da sede de Marabá e a mais ou menos 105 da sede de Parauapebas. O acesso à mina deve ser feito da mesma forma como o Salobo, via Parauapebas. Do Salobo até lá são apenas 12 km, enquanto de Parauapebas até o Salobo são outros 93 km.

A Centaurus Metals informou que iniciou a exploração no projeto de ouro Serra Misteriosa, em Marabá, por meio de estudos de Polarização Induzida (IP). Segundo a mineradora, o local contém uma anomalia de ouro no solo com extensão de 2,4 quilômetros, sendo que a anomalia geoquímica se estende por cinco quilômetros e tem 500 metros de largura. As primeiras sondagens vão começar em março ou abril deste ano, quando terminar a estação das chuvas na região.

Consultado pela reportagem se tinha conhecimento desse processo na região, o jornalista e engenheiro de minas André Santos, especialista em economia mineral disse que tem observado a movimentação da empresa Centaurus Brasil Mineração Ltda. na região. Ele indica que os estudos de sondagem da mineradora abrangem a porção da Serra Misteriosa que fica no município de Marabá, conforme costa do protocolo 851068/2016, referente ao pedido de requerimento de pesquisa da empresa junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Santos afirma que a mineradora deu entrada no requerimento de pesquisa há 40 dias e que a área alvo de sondagem possui 788,07 hectares, conforme representação gráfica poligonal do espaço. Na ocasião, para compor o processo, a empresa apresentou memorial descritivo, planta de situação da área, plano de trabalho, orçamento e cronograma da pesquisa, além da prova de recolhimento de emolumentos e as anotações de responsabilidade técnica.

“Essa região que a empresa quer investigar possui muito cobre em concentrado por conta, especialmente, de sua proximidade com a Serra do Salobo”, informa Santos, de acordo com quem a Serra Misteriosa está, em sua maior parte, no município de Novo Repartimento, com o qual Marabá faz divisa. Lá, a cordilheira chega a 250 metros acima do nível do mar, ponto mais alto daquele município vizinho a Marabá.

O engenheiro de minas informa ainda que, apenas para se ter ideia do potencial da região, está em Marabá a maior província de cobre medida e provada do Brasil, sobre a qual se assenta o projeto Salobo, assinado pela multinacional Vale. Um estudo realizado em 2012 pela empresa, intitulado “Viabilização da Mina de Cobre do Salobo: do Estratégico ao Tático”, mostrou que o corpo mineral do Salobo possui 1,198 bilhão de toneladas de minério, com teor médio de cobre de 0,67% e de 0,42 grama de ouro por tonelada.

Já o Relatório Anual 2015 divulgado pela companhia ano passado revelou que a tonelagem é de 1,156 bilhão, com faixa de recuperação de 80 a 90%. “Marabá tem dez vezes mais cobre medido, provado e provável que a região do Sossego, em Canaã dos Carajás”, informa o engenheiro, adicionando que, além dos interesses da Centaurus pelo cobre e ouro de Marabá, há ou já passaram pelo município uma legião de 300 interessados, desde 1974, em explorar o cobre e o ouro da terra.

“O primeiro processo requerendo lavra de cobre e ouro em Marabá, junto ao DNPM, data de 20 de junho de 1974 e é da Mineração Jurupari. O mais recente, da semana passada, é de uma pessoa física”, revela.

Dessa forma, Marabá acaba sendo penalizada mais uma vez. Ficará apenas com royalties e ISS (Imposto Sobre Serviços). Para garantir empregos para o povo daqui, só se a Câmara Municipal de Marabá criar um projeto de lei para obrigar as empresas a contratar mão de obra local.