Entrevista com Charles Trocate, líder do MST no sul e sudeste paraense

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No momento em que militantes do MST e fazendeiros da região do Carajás estão frente a frente na PA-275, separados por uma guarnição da Polícia Militar do Pará, o blogger entrevista um dos líderes do Movimento dos Sem Terras no sul e sudeste do Pará.

Paraense de Castanhal, 33 anos, dezoito deles dedicado à luta pela reforma agrária na região, Charles Trocate (foto), um moreno de fala mansa, de aparência pacífica, que passou pouco mais de seis meses na escola, aprendendo a ler na marra e que hoje não fica um dia sem ler, chegando a se auto intitular “um filósofo desocupado”, autor do livro “Poemas de barricadas”, lançado em 2002.

Poeta nas poucas horas vagas em que não está envolvido com a militância sem terras, Charles é respeitado nacionalmente dentro do MST, movimento que não prega a hierarquia e tem nele o principal colaborador na região. 

Acompanhe a longa conversa, onde foram abortados temas como a ocupação da frente da fazenda Marambaia, em Curionópolis, política agrária, política eleitoral, Lula, CNA e outros assuntos ligados a reforma agrária. Um texto extenso, mas que mostra a visão de quem cresceu se escondendo da morte e tem na coragem o seu ponto forte:

Zé Dudu: Qual a intenção do movimento em firmar acampamento às margens da PZ-150, em frente à Faz. Marambaia?

Charles Trocate – Na verdade, desde a ocupação da Fazenda São Marcos, em 18 de abril 2007, foi demonstrado claramente que a nossa intenção era atuar de maneira coordenada na região para ocupar as fazendas que ligam Parauapebas a Marabá, e a razão é muito simples: temos um modelo agrário mineral nessa região que não inclui as pessoas que aqui chegam e nós temos o modelo agrário baseado na grandes fazendas que ajuda a fomentar essa grande crise social que nós vivemos no sul e sudeste do Pará. Em 2008 nós saímos da Fazenda São Marcos por força da ação do Estado, fizemos um acordo para não sermos despejados e sim sairmos pacificamente da área, em função do proprietário ter ganho na justiça o direito para desocupação. Existe hoje uma medida provisória que diz que toda e qualquer área ocupada não pode ser vistoriada, para fins de reforma agrária, nos dois anos subseqüentes à ocupação e, passados esses dois anos da desocupação da Fazenda São Marcos, nós reativamos a tática de novamente montar os acampamentos, porque naquele período, nós fizemos um acordo com os representantes do governo do Estado e do Governo Federal, através do INCRA, e foi solicitado a vistoria de nove áreas nessa faixa que liga Parauapebas à Marabá. Como o compromisso não foi cumprido, as áreas não foram vistoriadas, nós resolvemos retomar as ocupações.

Por outro lado, desde 2008 os fazendeiros que até então atuavam na região de modo disperso, começaram a atuar de maneira mais conjunta. Então, nós sabíamos que qualquer movimentação nossa, eles se levantariam, e se levantariam da forma que todos os fazendeiros se levantam historicamente, primeiro pedindo a violência estatal, segundo organizando a repreensão por conta própria, violência de classe, que ficou bem clara com as ações da sexta-feira e do sábado, ou seja, organizar a violência a partir da sua força própria, com armas e toda a arrogância que sempre tiveram. Essa ação dos fazendeiros, fez com que a ação do MST não ficasse antipatizada na sociedade e por aqueles que poderiam responder publicamente, o governo. A nossa ação ganhou força, pois eles se desmoralizaram. Primeiro porque apontam o MST como violentos quando na verdade ficou muito claro que eles é quem estavam muito bem armados e partiu deles a ação de interditar a rodovia. Nunca foi tão importante historicamente para o MST andar trezentos metros durante todo um dia de confronto.

Zé Dudu: Por que a Fazenda Marambaia, já que o proprietário alega ter documentos que comprovam a aquisição junto ao Estado?

Charles Trocate – Na verdade, a rigor, toda a base jurídica das terras do sul e sudeste do Pará é pública. Em especial essas fazendas que solicitamos as vistorias de maneira assim muito convicta, que a base dessas fazendas é pública, sem contar que foram cometidos, historicamente nessas fazendas, dois tipos de crimes: o ambiental, pois todas elas tem passivo ambiental e o crime do trabalho escravo. Juntado tudo isso, e não importa que eles estejam lá há 30 anos, a base é estatal! Basta que haja um movimento na sociedade, para que o Estado se disponha ao diálogo.

Em recente e minuciosa pesquisa, chegou-se a conclusão que para atender os títulos falsos no Pará seriam necessários dois territórios paraenses. Nós temos 6.102 títulos falsos. O erro do TJ-PA é querer cancelar um por um. Nossa avaliação é que seria mais produtivo que fossem cancelados todos, e, aqueles que realmente tivessem títulos legais, justos e verdadeiros, fizessem a reclamação que o Estado saberia resolver a questão.

Com relação a Fazenda Marambaia, não nos custa esperar, esperar para que essa avaliação de que a terra tem documento e que eles são verdadeiros sejam atestados na justiça, que seja feito um levantamento cartorial para certificar que esse título, na raiz, é verdadeiro e legal.Que ela não responde por crimes trabalhistas e por passivo ambiental.

Zé Dudu: O passivo ambiental? Vinte anos atrás você tinha que desmatar para poder obter o direito de poder comprar o título do Estado. Hoje as autoridades e o MST cobram esse passivo ambiental como crime ecológico, mesmo sendo um dano sanável, já que pode ser revertido com a aquisição de uma área nativa, reflorestando a área derrubada ou pagando a multa. E nesse caso pode ser que a Fazenda Marambaia esteja incluída. Como vocês do MST analisam a regra do passivo ambiental?

Charles Trocate – Há uma mudança de paradigma tanto no Estado, nos governos, como na sociedade. Aquele fazendeiro que na década de 70/80/90 desmatou nessa região sob o aval do Estado e construiu os latifúndios intensivos, os latifúndios de pecuária, hoje, assim, isso numa perspectiva da década de 60/70 do século passado isso era correto, mas houve uma mudança nos paradigmas em relação ao meio ambiente, na sociedade e também no comportamento dos movimentos sociais, ou seja, hoje, pra sociedade, pra nós, quem desmatou não precisa ser indenizado, pelo contrario, porque ele foi ……, hoje ele já não cumpri mais o que impediu a lei, hoje não tem jurisprudência pra dizer que quem desmatou historicamente precisa ser ressarcido por ter desmatado, pelo contrario, quem desmatou historicamente tem que ser multado porque criou um problema no eco sistema da biodiversidade da região de maneira não recuperável.

Zé Dudu: Foi citado o nome de um candidatado a deputado estadual como fomentador da invasão, inclusive teria sido ele o responsável pelo pagamento dos ônibus que conduziram os sem terras até o local do acampamento. Você poderia confirmar essa versão e citar o nome do candidato?

Charles Trocate – Na verdade não sei nem que candidato é esse, qual nome citar. Ontem me chegou a informação que tinha aparecido no canal do boi, na TV Rural, que haviam identificado em um sobrevoou, uma camionete plotada com o nome do Raimundo Oliveira (PT) no acampamento Dina Teixeira.

Agora, para que se explique rapidamente como é que o MST vai participar das eleições, vamos participar das eleições primeiro evitando que nossa base social vote na direita, em partido e candidatos de direita. Essa é primeira decisão nossa; segundo, a principal tarefa de nossa militância nessa conjuntura não são as eleições, são as tarefas da organização, isso explica a nossa jornada, e, em terceiro,  nós vamos votar sim em candidato aliado da reforma agrária, mas nesse caso, se citado o Raimundo Oliveira ou qualquer outro candidato, eles não tem nada a ver com a tática e organização da jornada que organizamos, pelo contrario, no interior da esquerda de que lutas como essa que nos fizemos, de certa forma ajuda a problematizar o processo eleitoral.

A nossa avaliação é que uma jornada como essa, colocou o tema da reforma agrária, politizou o tema da reforma agrária para os próximos períodos. Candidatos, tanto da direita quanto da esquerda, vão ter que se manifestar em relação a esse grave conflito que aflige a nossa região, o Estado do Pará. Assim como o próprio Carlos Xavier diz que o Pará tem terra para os pequenos proprietários e para os grandes proprietários, nos também concordamos com essa afirmação dele, mas toda vez que os movimentos se mobilizam para exigir a reforma agrária, a reação oficial da direita, é uma reação muito raivosa, é como o Carlos Xavier citou pedindo o armamento de todos os fazendeiros.

Zé Dudu: Houve um acordo assinado entre o movimento e os fazendeiros, intermediados por representantes da governadora. Porque o movimento descumpriu esse acordo, que previa a não ocupação da frente da fazenda?

Charles Trocate – Na verdade, para caracterizar melhor esse momento, nós não fazemos acordo com fazendeiro, não conversamos com fazendeiros, sobretudo num dia como aquele, de intenso conflito. Nós fizemos acordo com o governo do Estado que era como que, se tivéssemos ocupado a estrada. Assim como na sexta feira houve uma ocupação por um grupo de professores entre Parauapebas e Canaã. Não foram três horas e a tropa de choque do governo dispersou. Se fossemos nós que estivéssemos obstruindo a estrada, impedindo o trânsito de quem ia ou de quem vinha, certamente o governo teria um outro comportamento. Nós exigimos do governo do Estado, que ele desse o mesmo tratamento que ele sempre deu àqueles que obstruíram estradas, isso depois de um longo processo de negociação, que ele sempre nos deu, então nós exigimos primeiramente que queríamos passar, pois quem estava bloqueando a estrada não éramos nós, estávamos numa marcha, e nossa marcha tinha um destino final, que era ocupar a frente da fazenda Marambaia. Porque entrar pra dentro da área? A área está em litígio, está num processo de conclusão visual de vistoria e nós sabemos que se entrarmos na fazenda, podemos, digamos assim, prejudicar o processo que esta em andamento, então nós temos compreensão disso.

A nossa marcha tinha um destino anunciado, assim como na sexta feira nós fomos impedidos de chegar lá pela ação dos fazendeiros, eles estavam presentes lá com expressão muito raivosa, na sexta feira quando depredaram os ônibus, ameaçaram e enxotaram as pessoas, estavam presentes Marcelo Catalão, Ninha, Dão Baiano, Donizete e os filhos que eu não sei o nome, Rafael Saldanha, e aquele que não tem mais nada, mas acha que é fazendeiro, o Capota. Então, essas pessoas nos impediram primeiramente de chegar, e no outro dia nós organizamos a marcha. Por isso eles não nos impediram novamente, porque eles sabiam onde nós íamos chegar.Então não fizemos acordo com fazendeiros, fizemos acordo com o governo do Estado, de que eles teriam que desobstruir a estrada, tanto para a sociedade que estava de carro passar,  como nós passarmos também. A única coisa que nós concordamos foi de não marchar durante a noite para a frente da fazenda, por isso nós acampamos trezentos metros depois, porque seria muito cômodo para o governo do Estado, nos deixar de um lado, deixar os fazendeiros do outro e a policia nos meio. Nós queremos que vocês cumpram a desobstrução da estrada como o comandante tem permissão para fazer, então nos não descumprimos acordo porque não havia acordo nessa perspectiva, tanto que na manha do domingo nos marchamos, a policia, inclusive, foi na frente, porque com o governo do Estado foi esse o acordo, de que nós íamos acampar na frente da fazenda, não íamos entrar para nenhuma das fazenda, nem a do Dão que está de um lado, nem a Marambaia que está do outro lado da rodovia, íamos montar acampamento ali até que se resolvesse. Assim como por exemplo, marcamos uma reunião para o dia 18 com o governo do Estado, ITERPA, Governo Federal e a Casa Civil para recomeçar tratar desses assuntos.

Zé Dudu: Comenta-se a boca pequena que essa movimentação seria no sentido de promover a governadora Ana Júlia, candidata a reeleição e ainda desacelerada na campanha. Há a versão de que com um acordo bem elaborado, satisfeito o movimento, poderiam ocorrer ganhos políticos para ela. O que você pode falar sobre isso?

Charles Trocate – Pelo contrario, ontem mesmo em reunião com o governo, com o representante do governo, varias questões criadas, tanto que do nosso lado, nós achamos que não vale muito a pena conversar com este governo, porque durante esses quatro anos não tratou de maneira mais respeitosa a nossa causa, não seria agora que eles tratariam. Do lado deles, que só abrem um processo de negociação mais amplo se nós recuarmos do local onde estamos. Então, quem esta fazendo essa avaliação está analisando de maneira muito reduzida, muito pequena pra dimensão do conflito, se fosse pra nós ajudarmos a governadora, não teríamos feita essa manifestação, pois coloca o governo em uma situação muito delicada. É uma avaliação muito reduzida de que uma ação como essa seria para promover a governadora do Estado que é candidata e isso garantiria uma reeleição, pelo contrario, ela terá que responder publicamente, assim como já respondeu outras vezes acerca do tema da reforma agrária e dos conflitos.

Para concluir essa resposta, acho que a posição do governo, ai é nossa avaliação, a posição do governo é uma posição boa, muito embora nós não concordamos que é a posição de que tem um conflito, de um lado os sem terras e do outro lado os fazendeiros e eles estão aqui no meio, é uma posição cômoda eu diria, ou seja, evita ter um conflito em ascendência, pois evita que os dois grupos se enfrentem de maneira mais violenta, é a posição mais cômoda que este governo poderia ter.

Eles estão sob pressão, por exemplo: ontem a Casa Civil trabalhava para que nós saíssemos dali em marcha para outro lugar, o que nós não vamos fazer, pois não existem justificativas. Já dissemos que nós não vamos ocupar a área porque nos prejudica, assim, como nós não estamos interditando a estrada, então não há justificativa nem jurídica, nem política para que a gente saia de onde nós estamos.Nós pautamos com esse governo mais duas coisas, uma que ele desenvolva na região uma campanha de desarmamento nas fazendas, pois ficou provado que há milícias, há jagunços, há pistoleiros nessas fazendas, há um poderio muito grande de armas nessas fazendas, assim como também colocamos nossos acampamentos para que também sejam vistoriados. Segundo, nós não estamos pedindo proteção pessoal, mas nós sabemos que, assim como se forma consórcio pra tudo nessa região, nós temos muita convicção de que está se formando um consórcio, porque é assim, toda vez que a classe dominante não consegue êxito nas suas ações, há um processo, quando não conseguem a violência estatal como serviço comum, organiza-se a violência de classe, repressão de classe, mas também se organiza a eliminação física dos dirigentes, daqueles que sobretudo estão enfrentando.

Então nós pedimos que toda e qualquer coisa que ocorra com qualquer dirigente nessa região nos vamos ter, sendo eles ou não, nós vamos ter endereço certo para que seja investigado.

Zé Dudu: Vocês, enquanto movimento em busca da reforma agrária, ficaram surpresos com a mudança de atitude dos fazendeiros, que agora usam a tática do enfrentamento?

Charles Trocate – Não, porque desde abril, não sei se você teve conhecimento, na campanha da CNA, a campanha contra o abril vermelho, que tanto busca questionar a reforma agrária no Brasil e a forma como ela é feita, a própria estruturação do INCRA e também buscou-se instrumentalizar o que poderia ser, digamos assim, a ação dos fazendeiros no Brasil inteiro. É uma orientação por parte uma Confederação Nacional da Agricultura, a CNA, na verdade é a velha UDR do Ronaldo Caiado, inclusive acho que os fazendeiros daqui, que defendem a reforma agrária, estão mais avançados que a Kátia Abreu e o Ronaldo Caiado que dizem que não é necessário ter reforma agrária no Brasil, porque a reforma agrária já foi feita com essa dimensão de conflitos que nós temos, então a orientação política ideológica, tanto a nível nacional, pela fala raivosa do Carlos Xavier, de que precisa rivalizar com os sem terras, se apoderando de métodos que vão desde obstrução de estrada, desde a legalização dos jagunços em empresas especializadas em segurança, como também a ameaça a todos aqueles que questionarem as suas propriedades. Então, na verdade, nós não ficamos surpresos, pelo contrario, em momento algum nós buscamos o conflito com os fazendeiros na sexta e no sábado, ao contrario, nós evitamos, evitamos porque, é bom que se diga isso, os pobres não tem mais nada a perder.

Aqui já colocamos uma perspectiva de classe: “os pobres não tem mais nada a perder”, sobretudo os pobres da grande região de Carajás. Esses fazendeiros que se organizaram para essa ação de ameaça, de violência, eles tem tudo a perder, tanto têm certeza disso é que foram para o limite e queriam nos levar para o limite, só que nós fazemos análise de conjuntura, entendeu, nós lemos a dinâmica da sociedade.

Eles foram para o limite, ou seja, eles não tem condições para construir outra ação desse porte, em que foram desmoralizados, porque nós nos resguardamos e eles foram para o limite porque eles sabem que nessa nova década que nós entramos, vai haver um processo de ocupação crescente, e em explicação a isso, eu tenho uma explicação filosófica: no Brasil nós temos 60 milhões de pessoas que não moram nem no Estado, nem na região ou cidade onde nasceu, que são nômades! o que essas pessoas fazem? eles caçam fronteiras, eles buscam fronteiras, então a base de que nos próximos dez anos o Pará sairá de 7 milhões de habitantes para dez milhões, esse modelo de movimento itinerante na Amazônia, especialmente no Pará, não dá conta de uma sociedade com uma dinâmica tão apressada como a nossa, de uma dinâmica tão complexa como a nossa.

Nessa perspectiva, o sul do Pará vai receber um milhão e meio de habitantes nos próximos dez anos, então, independentemente da vontade do MST, da força e da capacidade de operar uma estratégia de ocupação em massa do nosso movimento, os pobres dessa região passam a ocupar cada vez mais lotes urbanos, vão criar suas favelas urbanas, como vão se dirigir pro campo? ao se dirigir pro campo, há pelo menos uma politização do conflito e do debate, que é o da reforma agrária, na cidade nós não teremos essa mesma politização da disputa pelo crescimento da cidade, então eu te diria que nos próximos dez anos, independentemente da vontade do MST, ocorrerão muitas ocupações nessa região, Para finalizar, acho que já conversamos sobre isso, porque, inclusive numa perspectiva de saciar a fome, 85% da comida que comemos no sudeste do Pará é importada de S. Paulo, Goiânia e até do Tocantins que tem muito mais agroindústria do que nossa região, e os 15% vem de cinco milhões de hectares de terra que estão nas mãos de meio milhão de camponeses nessa região de pequenos proprietários, então quem produz comida, ainda que num território muito pequeno são os camponeses, os fazendeiros não produzem comida, porque até o boi que eles produzem aqui é para exportação.

Tudo isso passa a ser questionado, então o que eu queria dizer é que independentemente da vontade dos fazendeiros, eles vão ter que conviver com o crescente conflito da luta pela terra e da reforma agrária nessa região, e aqui, não basta reivindicar o estado democrático de direito, porque, na nossa concepção, não é o estado que faz a sociedade, é a sociedade que vai fazendo o Estado, que vai pela desobediência civil, mudando as coisas.

Zé Dudu: Um ponto que não entendo, se me permite mudar o foco dessa entrevista. Porque o MST e outros movimentos que reivindicam a reforma agrária no Brasil buscam sempre as terras caras? Estamos falando da fazenda Marambaia, que deve valer algo em torno de trinta mil reais o alqueire, quando existem áreas grandes e com mata nativa cerca de cem quilômetros daqui. Porque não reivindicar essas áreas em detrimento a essas caras, à beira das pistas, que são mais valorizadas?

Charles Trocate – No programa de reforma agrária do MST tá muito claro isso, nós negamos esse modelo de reforma agrária clássico, que é meramente a distribuição de terras, porque isso não ajuda a gente fazer com que a reforma agrária tanto sirva ao sem terras, mas também sirva para a sociedade, o que não é meramente a distribuição de terras, então nós temos um conceito de reforma agrária popular, porque nem é possível continuar a reforma agrária de novo tipo, com eliminação da propriedade. Nós queremos uma reforma agrária popular que é democratizar apenas, sobretudo as terras próximas as grandes cidade, aos grandes centros, casado com produção de alimentos de maneira diversificada, introduzir uma nova matriz tecnológica, não como uma matriz de transição como é a matriz da agro ecologia e da agricultura orgânica, evitar o uso de agrotóxicos, casado com pequenos animais, com a criação de agroindústria e casado com a educação e informação.

Zé Dudu: Existe algum assentamento no Brasil em que foi usado esse tipo de estratégia e que está dando certo?

Charles Trocate – Sim, o assentamento Palmares, por exemplo! Nós temos três níveis de renda ali: a renda da agricultura, que é cerca de 60%, a renda do comércio e a renda do funcionalismo público. Quais são as provas de que aquele assentamento não deu certo? Não deu certo no modelo produtivista de quem acha que as pessoas são só para trabalhar, trabalhar e trabalhar. Ali se formou uma nova comunidade, tem uma identidade política, comunitária, tem serviços públicos que foram conquistados com luta; a introdução da luta como instrumento para conquistar direitos. É só olharmos para a Palmares, muito embora haja falha nos grandes projetos, mas dá pra perceber que o assentamento continua funcionando e continua se desenvolvendo, mas assim, pra explicar a pergunta que você me fez, porque uma fazenda próxima a cidade? Para poder melhor lutar por melhoramento da condição de infraestrutura na educação, na saúde e na própria produção, a reforma agrária não pode resolver só o problema dos sem terras, tem que resolver o problema da sociedade, produzir alimentos, porque senão, não viabiliza esse esforço pela qual você sabe que foi criado.

Zé Dudu: O Estado não é muito subserviente ao MST?

Charles Trocate – O agronegócio só sobrevive porque eles (fazendeiros) pegam, por ano, R$ 90 milhões do Banco do Brasil pra produzir R$120 milhões. Então, tanto o modelo da reforma agrária, como o do agronegócio, são altamente subsidiados pelo Estado.

Não existe nada fora do Estado que organize a sociedade, inclusive na suas formas econômicas. É só você olhar os fazendeiros da região que pegam o Pronaf e o FNO, inclusive pra comprar essas “camionetezonas” que eles andam por ai dando cavalo de pau. Tudo isso é subsidiado pelo Estado.

Agora, a grande questão é que nós estamos numa grande encruzilhada., mas eu vou resgatar o passado: a Bel governou Parauapebas por oito anos, e a pauta de serviços sociais da Palmares está atrasada em oito anos, inclusive com o Chico das Cortinas nós tivemos muito mais conquistas do que com a Bel, durante oito anos da Bel, ela nos deu um pau desgraçado, fez disputa no assentamento em todas as áreas, na saúde, na educação, e não conseguiu desenvolver nenhum projeto de infraestrutura no assentamento, nem na Palmares II, nem na Palmares I, o que ocorreu no governo recente é que havia um compromisso, há um compromisso histórico do partido que chegou ao governo e do próprio Darci e também houve muitas tensões, há de convir que houve muitas tensões entre este governo e os assentados das Palmares I e II.

O que tem lá também é fruto de uma organização. O município teria condições de nivelar para todas as comunidades do campo.Parauapebas tem 30 mil pessoas que moram no campo e deveria ter um política muito mais avançada do que essa que se pratica hoje pela Secretaria de Agricultura. Deveria haver uma política agrícola de produção de alimentos muito mais arrojada, de agro industrialização da agricultura da região, para que nós não fiquemos dependentes da importação. A nova Lei, que manda que os gestores comprem 30% dos alimentos usados na confecção das merendas escolares na mão do campesinato e para isso deveria haver um incentivo maior por parte dos gestores para que possamos servir o alimento e não servir discretamente.

Zé Dudu: Há comentários sobre a venda dos lotes pelos assentados e que a maioria dos que hoje participam das ocupações vendem a área recebida logo que a recebem. Qual atitude o MST está tomando para que isso não aconteça?

Charles Trocate – No geral, nós somos contra a transferência da “parcela” conquistada na luta, sobretudo porque no período da luta nós acabamos encontrando muitas contradições na sociedade e uma boa parte são os comerciantes e funcionários públicos. Esse problema é passível de solução, basta dar um novo impulso, econômico, político e social para os assentamentos.

Zé Dudu: Como?

Charles Trocate – Deixando de praticar aquela agricultura pesada, braçal, pra começarmos a fazer a conversão para uma agricultura diversificada tendo como elemento a matriz da agro-ecologia. A venda da parcela acaba criando um prejuízo para a luta, mas mesmo com a transferência, não está sendo aceito a concentração de lotes, e isso é uma conquista.

Zé Dudu: Quantas pessoas estão envolvidas na luta pela reforma agrária no sul e sudeste do Pará? Dessas, quantas estão envolvidas na ocupação da fazenda Marambaia? E ainda, é notório que sempre que ocorrem invasões ligadas ao MST, há a denúncia da participação de pessoas já assentadas em outras áreas, que pululam de assentamentos próximos para fazer número, aumentando assim a pressão sobre os governantes.

Charles Trocate – Nós temos acampados no sul e sudeste do Pará cerca de 2.800 famílias em nove ocupações em Ourilândia, Canaã, Tucumã, Xinguara, Marabá, Baião, Pacajá Sapucaia e Eldorado dos Carajás. Nessa ocupação, temos 500 pessoas ou 500 famílias. Para marcha que nós fizemos é uma tática que praticamos, usar pessoas de outros assentamentos, pois um assentamento tem que ser solidário ao outro porque quanto maior força mobilizada concentrada, maior poder de pressão contra o latifúndio, maior poder de pressão contra o estado pela luta da reforma agrária. Esse é o grande aprendizado organização dos pobres, para os pobres não há outra salvação se não se organizarem. A grande conquista nossa é fazer com que os pobres não sejam egoístas, sejam solidários, que tenham solidariedade de classe.

Zé Dudu: Não foi essa a tática dos fazendeiros? Se organizarem em prol da classe?

Charles Trocate – Eles criaram a solidariedade da classe e estão defendendo em nome da classe a propriedade. Não é a mesma coisa dos sem terras, porque os sem terras criaram a identidade política da solidariedade de classe, ou seja, enquanto tiver um pobre sem terra será tarefa daqueles que tem, que já conquistaram a sua terra, ser solidário. Quando as pessoas analisam o MST, não conseguem analisar o que nós introduzimos e desenvolvemos no ponto de vista da consciência social. Quando um rico doa 10 sapatos que ele tem em casa, ele não faz solidariedade e pratica uma caridade. Ele deu dez sapatos porque não lhe faz falta. Para nós, a concepção de solidariedade é aquilo que você faz pra outro e lhe faz falta.

Zé Dudu: Tirar um dia de trabalho para fazer número nos acampamentos?

Charles Trocate – Sim, para o assentado um dia de trabalho certamente vai lhe fazer falta. Mas esse é o sentido de solidariedade entre os sem terras.

Zé Dudu: Quais os próximos passos do movimento em relação à Fazenda Marambaia?

Charles Trocate – No ponto de vista do acampamento, nós estamos montando-o muito tranquilamente, ele já tem uma estrutura. Não ocupamos a frente da Marambaia e ele vai crescer. Haverá uma reunião marcada para o dia 18 em Marabá com o ITERPA e o INCRA e certamente nessa reunião eles deverão estabelecer novos prazos para entregar os laudos. O fato é que nós vamos esperar ali, naquele lugar, para que possamos ter um novo assentamento.

Zé Dudu: Para concluir, em relação a reforma agrária, o Lula foi um bom presidente?

Charles Trocate – Não, ele não topou enfrentar o latifúndio, sobretudo o latifúndio atrasado. Ele optou por uma reforma agrária que eles chamaram de reestruturação das cadeias produtivas e não enfrentou o latifúndio no que diz respeito a novas desapropriações. Aquele plano, de assentar um milhão de famílias se transformou em um número muito insignificante pra o número de conflitos que nós temos. Agora, é verdade que o Lula nunca nos reprimiu no sentido de reprimir os conflitos com a força. Acho que no governo FHC nossas entidades e nossos assentamentos receberam mais dinheiro que no governo Lula.

Zé Dudu: Por parte do MST a paz no campo está garantida no sul e sudeste do Pará?

Charles Trocate – Desde que a paz no campo não seja deixar a estrutura das fazendas como estão, é verdade que há um espaço para se fazer a reforma agrária na região mas precisa muito da colaboração 1ڃ daqueles que se dizem proprietário e do Estado.

Zé Dudu: Charles, existe alguma fazenda no sul e sudeste do Pará totalmente legal?

Charles Trocate – Não. Todas tem, na sua origem, no seu nascimento, algum tipo de problema. Contudo, a principal critica que nós fazemos aos fazendeiros é que eles não produzem alimentos. Então, ajudam a criar um problema social muito grande pois a sociedade precisa de território para produzir alimentos.

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13 comentários em “Entrevista com Charles Trocate, líder do MST no sul e sudeste paraense

  1. Nome (obrigatório) Responder

    o mst atraves do charles esta de parabens da entrevista eu vi os videos do conflito os fazendeiros fortemente armado eles sao corvardes o siprodos teria que ter vergonha do presidente que tem e da sua diretoria

  2. wilson Responder

    Partindo deste raciocínio Charles Trocate, que Todas as terras tem, na sua origem, no seu nascimento, algum tipo de problema que tal eu me apossar de um dos cômodos da sua casa? posso plantar mandioca no seu quarto, o que acha? Vagabundo monstro!

  3. Dina Responder

    Com relação ao nosso amigo que mudou para Marabá com receio da “violencia” do MST… saiba meu caro, que Marabá é uma das cidades mais violentas do Brasil e não é por causa do MST e sim do modelo de desenvolvimento que o movimento combate… Ah, só uma pergunta! Quantas pessoas voce viu mortas durante as interdições do MST? Educação para libertação e não alienação….

  4. Com noção Responder

    Este blog é um espaço magnífico de debates! Tenho apredido muito a partir das minhas leituras quase que diárias. Parabéns Zé a entrevista com o Charles foi uma excelente ideia, só assim tivemos a oportunidade de conhecer o outro lado não apresentados pelos jornais locais. Charles Trocante parabéns!!!

  5. Cabra Indignado Responder

    Longe das postagens e da leitura desse fantástico blog, que retrata sem dó as mazelas e o veneno destilado pelos aproveitadores de plantão e corruptos / corruptores que exatamente neste momento estão trancafiados nas salas geladas desse “desgoverno”, sem ao menos se dignar a olhar na cara de quem os elegeu, fico feliz em retornar e poder ler esta entrevista. Notória e emblemática a inteligência e a sensatez do Sr. Charles Trocate. É de se admirar. Que bom que dentro do MST tem pessoas assim, bem informadas e esclarecidas. Sem julgar a procedência dos fatos, esta entrevista é um pé na bunda de quem pensa que no MST só tem baderneiro e gente “pobre coitada”. Parabéns, Charles. Que sua luta não seja em vão.

  6. Leonidas Mendes Filho Responder

    Zé…

    é fato, latifundio no Brasil é produtivo. Produz miséria, trabalho escravo, exodo rural, inchamento das cidades, violência generalizada no campo e na cidade, criminalidade, pistolagem, marginalização. Diga-se, de passagem, é bastante produtivo, voce não acha?
    Por isso que o Lobão, numa letra espetacular chamada Revanche, afirmar: “a favela é a nova senzala!”. Aliás, ambas também são produtos do latifundio, tanto no passado como na presente. Mas, não será no futuro.
    Viva o MST, viva o povo brasileiro!

    Leonidas Mendes FIlho

  7. PEBENSE Responder

    Caro João Ribeiro, a reforma agrária na Europa e em outros países do centro do capitalismo, não foi reforma socialista ou comunista como o senso comum coloca não. Na Europa a reforma agrária foi condição imprescindivel para que países como Itália, França, Alemanha podessem se desenvolver econômico e socialmente.
    Hoje a cadeia produtiva brasileira se resume a menos de vinte produtos agrícolas, que se tiverem seus preços abalados no mercado internacional ou nacioanal a econômia brasileira leva farelo. Historicanmente já foi demonstrado que a monocultura ou a comercialização de um único produto mineral, não é viável a longo prazo. A exemplo disto foi o Pau-Brasil, o Ouro em Minas Gerais, o Café no Vale do Paraíba e No Oeste Paulista.
    O lucro dos bancos acredito que não são de dívidas que os ruralistas pagam não, pois todo ano em Brasília tem tratoraço da CNA pleo perdão das dívidas dos “produtores rurais”. E o alto lucro dos bancos se dão por uma infinidade de fatores como a alto endividamento pelos empréstimos consignados, as altas taxas de juros imposta pelo Banco Central, denter outros mecanismo da especulação finaceira, que é um desastre.
    E de fato a soja que é a menina dos olhos dos ruralistas neste país não alimenta o seu José, a dona Maria, o seu Pedro não. Ela alimenta o vaquinhas americanas, os cachorrinhos de madame na Austrália. O povo brasileiro tem na sua base alimentar é arroz e feijão e que não é o refinado é o de terceira, quarta categoria. Porque os produos bons são mandados para fora.
    Para concluir, reafirmo o construído acima monocultura e latifúndio não deu certo e nunca dará. Quem diz isso não sou eu é a história.

  8. EP Responder

    Caros amigos, venho através deste conceituado blog, informar sem generalização o quanto existe pessoas de má influencia envolvida com o MST.
    Como moro numa cidade sem muito recursos para estudos “Parauapebas”, me aventuro nas estradas “fechadas” em destino á Marabá para estudar.
    O fato que quero levantar é que em menos de dois anos indo e voltando nessa luta, fui por duas vezes assaltado e “coencidentimente” no mesmo local e hora…
    Outra coencidencia é que os bravos assaltantes estavam munidos com “faca e facão” e sempre me pararam colocando pneus de caminhão na estrada, eles deviam ter de 20 á 25 anos, e estavam na frente de um assentamento outra grande coencidencia.
    Novamente volto á dizer – não quero generalizar, mas o fato que ocorreu comigo, acontecem quase que diaramente….
    O meu medo me fez ir morar em Marabá, já que lá alem de estudar , eu posso dormir e não ser assaltado por pobres coitados que precisam de renda…

    Abraços

  9. LQ Responder

    NOSSA COMO VOCÊS INTEGRANTES DESSE MOVIMENTO MST SÃO BURROS E LOUCOS VOCÊS TEM QUE PENSAR E VOCÊS AFIRMAR QUE A TERRA NÃO E PRODUTIVA CLARO QUE TODOS ESSAS TERRAS SÃO PRODUTIVAS POR ELAS AINDA PRODUZIR A CARNE QUE MOVIMENTA UMA GRANDE MANUFATURA PARA O ESTADO DO PARÁ COMO VOCÊS TEM ESSA CORAGEM DE AFIRMAR ISSO COM TANTA PRECISÃO.
    OUTRA COISA ERRADA E QUE A FAZENDA SUPOSTA QUE VOCÊS QUEREM DESAPROPRIAR NÃO SÃO DE VOCÊS , VOCÊS PODERÃO ESTA DESTRUINDO UM GRANDE PATRIMÔNIO QUE O DONO DESSA TERRA DEVE TER DEMORADO UM GRANDE TEMPO PARA ALCANÇAR ATE ONDE ESTÃO HOJE.
    COM A LEI DO LADO DOS FAZENDEIROS, POR ELES ESTAREM COM DOCUMENT AÇÕES EM CERTAS PERANTE A LEI QUE UMA INVASÃO NÃO SEJA CORRETA.
    A LEI SERÁ COMPRIDA COM ISSO VOCÊS PODEM PEGAR UMA CERTA E VERDADEIRA (PRESSÃO) COMO A LEI FALA COM ISSO VOCÊS ESTÃO EM TOTAL DESFEITO
    COM A LEI DO BRASIL CADA PESSOA TEM O MESMO DIREITO DO OUTRO.MAIS CUMPRIR AS LEIS FEDERAIS DO NOSSO PAIS.

  10. João Ribeiro Responder

    Dear mr. Charles.
    Primeiro: todas as terras do Brasil tiveram origem estatal
    Segundo: O agronegocio quando faz um financiamento, paga regiamente e com juros, prova disso é que nunca antes na historia “destepais” os bancos lucraram tanto.
    Ao contrario, o dinheiro injetado na reforma agraria é a fundo perdido. Terceiro: O brasil tem a comida mais barata do mundo, e não é por causa dos assentamentos mas sim do agronegocio.Quarto. Os fazendeiros nao sao violentos, apenas decidiram defender suas propriedades e familias, e este é um direito assegurado pela constituiçao. – O DIREITO DE PROPRIEDADE AINDA EXISTE NESTE PAIS.
    Quinto: Os fazendeiros produzem carne e leite, isso por acaso não alimento?
    Quer mais? volto depois.

  11. Manuelton Responder

    PERFEITO! Muito boa a entrevista Zé parabéns, a imparcialidade deste blog é que me faz vim várias vezes POR DIA, e concordo com Charles que nesta regiao existe uma grande desigualdade social e a de terras é só mais uma dentre tantas. É incabível que até hoje convivemos com essa arrogância desses fazendeiros que se dizem na legalidade mas insistem em querer resolver a situaçao com violencia na formaçao de milícias armadas.

  12. Nome (obrigatório) Responder

    ZÉ NÃO É ATOA O SUCESSO DO SEU BLOG. VOCÊ TEM FEITO DE UMA FORMA MUITO RESPONSÁVEL INFORMAR NOSSO POVO QUE MESMO TENDO UMA GAMA MUITO DIFUSA E GRANDE DE INFORMAÇÃO, NÃO TEM ACESSADO ESSAS INFORMAÇÕES DE QUALIDADE.
    A ENTREVISTA COM TROCATE ESTÁ FANTÁSTICA E POSSIBILITA A MAIORIA DAS PESSAOS A REFLETIREM SOBRE OS PROBLEMAS QUE EXISTEM NESTA REGIÃO.
    COMO SUGESTÃO INDICO QUE VOCÊ ENTREVISTE TMABÉM UM RURALIST

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