FI-FGTS foi afetado pelo prejuízo da Celpa em 2011

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Do Valor Econômico
O prejuízo de quase R$ 400 milhões da Celpa – distribuidora de energia elétrica do Pará que está em processo de recuperação judicial – no ano passado impactou diretamente a rentabilidade do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Em 2011, o retorno do FI-FGTS foi de 7,63% ao ano. Segundo o vice-presidente de Controle e Risco da Caixa Econômica Federal, Marcos Vasconcelos, o valor poderia ter sido, pelo menos, 0,20 ponto porcentual maior, não fosse o efeito da Celpa. “Não devemos dar o investimento como perdido. O conjunto de ativos do fundo é muito bom”, disse.

Apesar disso, o FI-FGTS ainda conseguiu apresentar a maior rentabilidade desde o início de suas operações em 2008. A “meta” da Caixa é garantir uma correção mínima de 6% ao ano mais Taxa Referencial (TR). Em 2011, retirando o efeito da TR, o retorno do FI-FGTS foi de 6,34%. O problema, no entanto, é que a recuperação judicial da Celpa poderá continuar influenciando negativamente no resultado do FI-FGTS nos próximos anos. Para o vice-presidente, a tendência é de que o fundo tenha um retorno cada vez maior dos investimentos realizados porque estão diretamente relacionados ao crescimento econômico do país.

A correção de 7,63% no ano passado foi garantida pelo resultado de investimento em debêntures do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), títulos públicos e em alguns projetos de empresas, sem cotação em bolsa, que começaram a operar e, consequentemente, remunerar o fundo. Boa parte das aplicações feitas em empresas, sem cotação em bolsa, foi realizada no setor de energia elétrica, cuja perspectiva é de aumento de lucratividade.

Além disso, num cenário de queda de juros, esse tipo de investimento deverá oferecer um retorno melhor do que outras modalidades, frisou Vasconcelos.

O FI-FGTS não tem uma participação direta na distribuidora paraense. A contaminação dos resultados negativos se dá pelo fato de o fundo ter investido R$ 600 milhões na Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema (EEVP), que, assim como a Celpa, pertence ao grupo Rede Energia. Nessas situações, o prejuízo e as dívidas da Celpa acabam, indiretamente, tendo reflexos no desempenho de todas as empresas do grupo controlador.

Entre 2009 e 2010, o conselho de investimentos do FI-FGTS resolveu ser mais agressivo e passou a comprar participações de empresas de capital fechado. O segmento mais beneficiado foi o de energia elétrica. Como a maioria dos investimentos trata de projetos que estão sendo implementados, eles só darão retorno maior para o FI-FGTS quando estiverem maduros, ou seja, entre 2014 e 2015.

Ao todo, o fundo com dinheiro do trabalhador investe em 17 empresas sem ações negociadas em bolsa de valores. Segundo balanço patrimonial do fundo, oito dessas aplicações registraram prejuízo no ano passado. O maior deles foi apurado justamente na Empresa de Eletricidade Vale do Paranapanema (prejuízo de R$ 185,732 milhões). Apesar disso, considerando o resultado consolidado das 17 empresas, o fundo reverteu o prejuízo de R$ 150,7 milhões em 2010 em lucro de R$ 257,935 milhões em 2011, considerando o critério de equivalência patrimonial.

O balanço do FI-FGTS de 2011, disponibilizado no site do fundo, foi aprovado na auditoria independente Pricewaterhouse Coopers, porém, com ressalvas. Isso porque havia dificuldade de análise do balanço da Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema por conta do impacto do prejuízo da Celpa para todas as companhias do Grupo Rede Energia. Não dá para garantir que todo o impacto negativo já foi absorvido pelo FI-FGTS.

A auditoria enfatizou o fato de o fundo investir em empresas de capital fechado e suas ações não serem cotadas em bolsa de valores, nem negociadas de forma frequente em mercados organizados. “O valor de tais investimentos poderá vir a ser significativamente diferente quando da sua efetiva realização financeira, com a consequente repercussão no valor da cota”.

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