Leishmaniose visceral já afetou 127 pessoas em Marabá

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Marabá continua sofrendo com casos de leishmaniose visceral em humanos. Em 2016 foram registrados 86 pacientes acometidos da doença, que pode até matar. No acumulado dos últimos três anos, o número de casos chega a 127, mas em animais, já somam centenas de animais infectados.

Desconhecida por muitas pessoas, a leishmaniose é a principal zoonose que pode ser transmitida às pessoas pelos animais. O universitário Luciano Souza, de 24 anos, faz parte dos casos confirmados em Marabá. “Tudo começou com um caroço no quadril, que coçava muito. Logo virou uma ferida”, lembrou, contando que se automedicou. “Passei pomada para alergia e anti-inflamatórios, mas eu não tinha noção do que poderia ser”. Completado um mês, Luciano procurou um dermatologista. “Fiz um exame, mas nada foi diagnosticado. Fiquei desolado. Estava preocupado porque a ferida só aumentava”.

Com indicação do dermatologista, Luciano procurou o setor de endemias da Sespa e lá recebeu a sentença. “Quando o técnico olhou para a ferida ele disse que era leishmaniose. Fiz o exame e deu positivo”, contou Luciano, acrescentando que foi um susto muito grande, principalmente porque não tinha conhecimento sobre a doença em pessoas.

Luciano foi à Secretaria de Saúde para receber orientações sobre o tratamento, que durou 30 dias e foi realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O tratamento é doloroso. A injeção era intravenosa e aplicada todos os dias. Os últimos 10 dias foram os piores, já era difícil encontrar veias adequadas à picada da agulha”, contou.

Completados os 30 dias, Luciano retornou ao médico e realizou outro exame para confirmar de que estava curado da leishmaniose. “Após essa situação, eu redobrei os cuidados com a saúde. Passei a usar repelente com mais frequência. E estou mais atento com a higiene de casa, o lixo não fica exposto e o quintal é limpo com mais frequência”.

Desde 2014, a luta contra a leishmaniose se fortaleceu em Marabá, após um mapeamento do Centro de Controle de Zoonoses, que apontou 21 bairros da cidade com alto índice de ocorrência. A falta de limpeza dentro de casa, quintais e ruas favorece o aparecimento do mosquito Palha, transmissor da doença, que tem seu ciclo inicial no cachorro e depois é passado para o homem.

Desde que foi decretado o surto de leishmaniose visceral canina (LVC) em Marabá em 2015, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) vem intensificando medidas de controle da doença nos animais, na tentativa de evitar a transferência aos humanos.

Segundo Nagilvan Amoury, veterinário do CCZ, para a prevenção à leishmaniose visceral canina (LVC) são oferecidos vários serviços à população, como o teste rápido e captura de animais errantes, atendimento às denúncias sobre animais suspeitos de leishmaniose e atendimento ao público, no próprio Centro de Zoonoses.

De olho na raiva
Diante da baixa vacinação antirrábica nos dois últimos anos, o Departamento de Vigilância em Saúde, por meio do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), alerta para o risco de retorno da raiva animal a Marabá e informa aos donos de animais domésticos – cães e gatos – que devem levar seus bichos de estimação para serem imunizados.

O CCZ revela que há um estoque de 40 mil vacinas antirrábicas e a vacinação acontece na sede do Centro de Zoonoses, inclusive domingos e feriados, das 8h às 17 horas. O número de cães e gatos no município chega aproximadamente a 30 mil animais.

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