Marabá: blocos terão de promover Carnaval sem verba da Prefeitura

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Os blocos carnavalescos que desejarem sair às ruas da cidade com seus foliões terão de buscar uma alternativa ao tradicional custeio que a Prefeitura de Marabá fazia para fomentar o evento. As dificuldades financeiras impedem a gestão atual de apoiar os promotores nos mais diversos bairros da cidade.

Nos últimos anos, a Prefeitura patrocinava abadás, carros de som e contratava shows para embalar um carnaval central e alguns outros que se fortaleciam nos bairros. A verba chegava a cerca de R$ 200 mil, envolvendo toda a infraestrutura.

Uma fonte segura da gestão atual informou que esta semana o prefeito Tião Miranda deverá comunicar oficialmente que não terá como apoiar a festa momesca. Não que seja contrário a ela, pois quando foi prefeito – até 2008 – sempre incentivou financeiramente os grupos carnavalescos.

Por outro lado, um empresário do setor de promoção de eventos musicais se comprometeu em realizar um carnaval em frente ao Ginásio Olímpico, na Folha 16. A Prefeitura entraria com suporte apenas com agentes de trânsito, guardas municipais e limpeza.

Os blocos tradicionais: Gaiola da Loucas (núcleo Cidade Nova), Vai Quem Quer (Nova Marabá) e Jegue Elétrico, no Km 7, vão manter suas programações independentes. O Vai Quem Quer sai na segunda-feira, dia 27, faz uma espécie de arrastão por várias folhas da Nova Marabá e depois concentra seus foliões em um largo na Folha 28. O excêntrico Gaiola das Loucas, bloco em que os homens se vestem de mulher e vice-versa, percorre várias ruas do núcleo Cidade Nova, numa carreata que termina na Praça do Novo Horizonte, levando a festa até a madrugada, com apoio de um trio elétrico. “Estamos indo atrás de patrocínio com empresários, mas ao mesmo tempo vendendo abadás para os foliões também contribuírem para pagarmos as despesas gerais”, explica Pedro Souza, coordenador do Gaiola.

O Jegue Elétrico existe há mais de 10 anos e reúne carnavalescos dos bairros Km 7, Folha 29, Coca Cola e Fanta, com concentração em uma praça. No caso dele, os foliões percorrem várias ruas a pé, mobilizam outros moradores e o bloco vai aumentando de tamanho. Em 2016, estiveram mais de 1.500 pessoas participando do bloco.

Bloco infantil

Um grupo de três casais se reuniu este ano para criar o primeiro bloco mirim dom carnaval deste ano. Batizado de Pimpolhos da Praça, o bloco já fez ensaio nas ruas nos últimos dois domingos na Marabá Pioneira.

A ideia inicial era reunir os amigos e os filhos em uma confraternização carnavalesca. O bloco foi criado no WhatsApp graças à iniciativa de um grupo de pessoas que frequentam a Praça São Félix de Valois, e atualmente já conta com 80 participantes.

Uma das organizadoras do bloquinho, a fisioterapeuta Patrícia Pacheco, de 29 anos, falou da importância de aproveitar os espaços públicos e históricos da cidade. “Essa praça faz parte da infância de muitos de nós e agora de nossos filhos. Então pensamos em criar um bloco só de crianças, até porque Marabá é escassa de programação sociocultural para os pequenos”, observa.

Patrícia disse que ficou emocionada ao ver a Praça de São Félix Valois revitalizada após a reforma feita pela prefeitura. “Sempre que nos encontramos na praça, tenho a sensação de bem-estar, ao ver tantas famílias dividindo o espaço, e as crianças fazendo amizade”, completou.

Ela lembrou também dos carnavais que participava na infância. “O carnaval era promovido pelo clube das mães, aqui no núcleo Marabá Pioneira. Tinha matinê para a criançada curtir fantasiada, muita animação, confetes, purpurinas, dança e músicas carnavalescas da época. Era diversão garantida para toda a família. E a noite era a vez dos papais se divertirem”, recorda.

Desde a década de 1990, com o fim das escolas de samba, Marabá deixou de ser uma cidade atrativa para o Carnaval. Muitos moradores acabam viajando para cidades com estrutura mais organizada para a festa, como é o caso de Tucuruí, Cametá, São Luís e até Belém, e estas duas últimas são os destinos mais procurados esta semana nas agências de viagem, segundo informou Cássia Brito, que atua no setor.