Pequenos comércios continuam fechando as portas em Marabá.

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É perceptível ao longo dos últimos anos a diminuição do movimento na Marabá Pioneira, ao longo da Antônio Vilhena, principal rua comercial da cidade. Nesta semana, mais de 30 prédios comerciais estavam com as portas baixadas, muitos com placas de aluguel afixadas.

De acordo com o projeto Empresômetro, que mapeia as empresas ativas no país, Marabá tem hoje 18.685 empresas ativas, uma fatia de apenas 4,51% das existentes no Estado do Pará. A cidade aparece atrás de Santarém (4,82%), Ananindeua (9,10%) e Belém (27,10%).

O crescimento empresarial entre 2015 e 2016 foi de 11,00%, menor entre os municípios com mais empresas ativas no estado e também que Parauapebas (12,26%), Castanhal (11,43%), Paragominas (11,22%), Marituba (12,28%) e Capanema (13,14%).

Já o Empresômetro de Médias e Pequenas Empresas, da Confederação Nacional Do Comércio De Bens, Serviços e Turismo, destaca que a cidade tem 16.325 empresas ativas, sendo 15.215 nesta modalidade, ou seja, 93,2% do número total de empresas instaladas na cidade. O serviço afirma que neste ano já foram 38 médias e pequenas empresas fechadas na localidade, sendo que em todo o ano passado fecharam 270 e em 2015 outras 524.

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2014, Marabá teve 21.306 admissões, número que caiu para 16.674 no ano seguinte e para 12.250 em 2017, totalizando 50.230 admissões nos três anos.

Ainda em 2014, as demissões eram maiores que as admissões, ocorreram 25.442, com a maior variação negativa nos últimos três anos, -4.136. Em 2015 aconteceram 19.323 desligamentos e em 2016 outros 14.945. Do total de desligamento nos três anos, 59.710, mais de 42 mil pessoas foram demitidas sem justa causa e apenas 9.350 pediram desligamento.

Os setores que mais demitiram foram os de obras e comércio, com o desligamento de 4.782 serventes de obras, 1.983 pedreiros, 4.635 vendedores, 1.881 operadores de caixa e 1.138 repositores de mercadorias.

Raimundo Alves da Costa Neto, diretor do Sindicato do Comércio de Marabá (Sindicom), reconhece que está acontecendo o fechamento de muitas empresas, principalmente as menores e abertas há menos de três anos. “Se dá em função da própria economia que não está favorecendo. O comércio não traz dinheiro para a cidade, o que traz é industrialização, verticalização, o comércio só movimenta e gera empregos”, comentou.

Ele justifica grande parte dos problemas enfrentados pelas empresas locais com deficiências nos pagamentos dos servidores públicos municipais durante a administração passada e vê com otimismo os próximos meses. “A deficiência de pagamento da Prefeitura Municipal desestabilizou muito a quantidade de pequenas empresas e o comércio em geral. Agora, com a retomada do pagamento em dia do funcionalismo, já ajuda muito as pequenas empresas. Se estiverem conseguindo pagar o fornecedor em dia isso também movimenta, embora não mova a economia”.

Questionado se acredita que as empresas de grandes redes que estão se instalando de alguns anos para cá na cidade pode estar diminuindo a força do pequeno comerciante, o diretor diz que há um impacto inicial, mas com o tempo o cenário se estabiliza. “Precisamos de grandes investimentos e também de indústria e verticalização. Não acredito que a chegada de novas empresas contribua com esta crise. Quando abre um comércio grande de porte varejista, isso vai causar certo impacto nas empresas pequenas, mas depois elas vão se estabilizando. Fecham algumas empresas que já não vinham muito bem, mas dá vida a outras”.

Por fim, ele afirma acreditar nos empresários marabaenses que mantêm os pés no chão e continuam trabalhando com afinco diante das crises. “Nós acreditamos muito no pequeno e médio empreendedor que está apostando na cidade de Marabá. Se mantem hoje com essa crise só quem está bem estruturado e bem organizado para se manter. Graças a essas pessoas hoje estamos passando por essa crise e o comerciante de Marabá é muito otimista, o que devemos à região como um todo”.