Prefeitura de Marabá quer ouvir o cidadão para a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana

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Por Eleutério Gomes – de Marabá

Aconteceu na manhã desta sexta-feira (1º), no Plenário da Câmara Municipal, o 1º Fórum de Mobilidade Urbana de Marabá. O evento teve como objetivo abrir a participação popular para a formação do Plano Municipal de Mobilidade Urbana. Esse instrumento é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes e deve ser incorporado ao Plano Diretor do Município. Ao abrir o evento, o secretário municipal de Planejamento e Controle, Karam El Hajjar, disse que as sugestões e contribuições colhidas darão sustentação para que se possa elaborar um plano exequível e sustentável.

“Quem dera estarmos discutindo a mobilidade urbana numa realidade que nos facultasse o direito de escolher, levando em consideração as peculiaridades de cada bairro, de que maneira poderíamos nos deslocar de um ponto para outro de forma mais prazerosa, rápida e com menor custo”, refletiu Karam, para uma plateia diminuta que sequer lotou metade do auditório de 350 lugares, embora o assunto fosse de interesse da sociedade em geral.

A cidade – observou ele – possui peculiaridades e problemas complexos, que foram se agravando com o decorrer dos anos. Karam lembrou que, em 2010, o município tinha 233 mil habitantes e hoje, sete anos depois, esse número saltou para 272 mil, registrando um crescimento de 17%; e, no mesmo período, a frota de veículos automotores passou de 57 mil para 104 mil, aumentando em 84%, quase cinco vezes em relação ao percentual de crescimento populacional.

“Vamos um pouco além, em 2005, eram 25 mil veículos. Se comparado a 2017, tivemos um acréscimo de 318%. E nesse mesmo período, o que mudou no nosso sistema viário? Podemos dizer que continua o mesmo? Com exceção da duplicação da Transamazônica? ”, indaga Karam, conclamando a todos a pensarem no assunto. “Vamos pensar de que forma podemos enfrentar isso. Isso traz consequências enormes para a mobilidade. Precisamos avançar na busca de soluções viáveis e sustentáveis. Esse é o nosso objetivo”.

O vereador Tiago Koch (PMDB), representando a Câmara Municipal, também se pronunciou e fez uma observação interessante. Falou do individualismo das pessoas ao usarem seus carros, táxis, taxis-lotação e mototáxis para o deslocamento do dia a dia, aumentando o fluxo de veículos nas ruas. Na avaliação dele, todos poderiam usar o transporte coletivo, o transporte de massa, salientando, entretanto, que para isso é necessário um Plano de Integração e outras providências que fazem parte da boa mobilidade urbana.

Fábio Moreira, secretário municipal de Obras, também falou da necessidade de um Plano de Mobilidade, fez um rápido relato das obras que a prefeitura está fazendo para melhorar as paradas de ônibus, os corredores de tráfego e disse que em breve deve acontecer o início da construção do Terminal de Integração do transporte coletivo, uma obra há muito esperada e que deve melhorar a vida dos usuários de ônibus urbanos.

A engenheira civil Mayanne Micaelli dos Santos falou sobre o “Processo de Elaboração do Plano de Mobilidade Urbana de Marabá” e explicou que a mobilidade urbana sustentável é o resultado do conjunto das políticas de transporte e circulações que visam proporcionar o acesso amplo e democrático no espaço urbano, por meio da priorização dos meios de transportes coletivos e não motorizados, de forma efetiva, socialmente justa, inclusiva e ecologicamente sustentável.

O arquiteto e urbanista Marcelo Kraichete Uchoa falou sobre Mobilidade Urbana: Desafios e Dificuldades”; e o engenheiro civil Alan Monteiro Borges, proferiu palestra enfocando “A Influência dos Polos Geradores de Viagem no Sistema de Mobilidade Urbana”.

Passada a palavra para a plateia, as pessoas inscritas fizeram vários questionamentos, todos sobre as principais questões que incomodam os marabaenses no dia a dia: ciclovias, linhas de ônibus, qualidade do transporte coletivo, demora nos pontos de ônibus, locais sem acesso ao transporte coletivo, uniformização de calçadas na Avenida Antônio Maia – Marabá Pioneira – e em várias ruas da cidade onde o problema é mais grave e acessibilidade tanto nas vias públicas quanto em locais privados com acesso ao público.

Como colaborar

Qualquer cidadão pode colaborar para a formação do Plano Municipal de Mobilidade Urbana. As sugestões podem ser enviadas até o dia 10 de janeiro de 2018 para o e-mail mobilidadeurbana.seplan@maraba.pa.gov.br. As pessoas também devem contribuir respondendo ao questionário disponibilizado no site da Prefeitura de Marabá www.maraba.pa.gov.br.

Cadeirante afirma torcer para que agora tudo saia realmente do papel 

Presidente da Uniforças (União das Pessoas com Deficiência do Sul e Sudeste do Pará), o cadeirante Luís Cláudio Chaves, também conhecido como Cacá, diz que há 16 anos ouve falar em mobilidade urbana e, sobretudo, em acessibilidade: “Tudo no papel é bonito. Agora, retirar do papel e fazer funcionar é o problema”, afirma, em tom de lamento.

Ele diz que a boa mobilidade urbana beneficiaria não só aos deficientes, mas também o próprio transeunte, o idoso, o cliclista, a criança etc. “Eu saio com a minha cadeira, que é motorizada, e as pessoas dizem que eu estou atrapalhando o trânsito, mas o que fazer? Se não há uma faixa para que eu possa andar”, destaca.

“Se vou ao comércio, a calçada não é uniformizada, ouço mais reclamação. Então, fica complicado para nós”, queixa-se, lembrando que mais uma vez está representando não só a Uniforças, mas os mais de 3 mil deficientes físico, visuais e auditivos de Marabá.

Cacá afirma, porém, que já participou de várias reuniões no Ministério Público Estadual, com a promotora Lílian Viana Freire e, devido à atuação firme dela, alguma coisa já melhorou. “Ela cobra muito e a acessibilidade já está melhor nos consultórios e nos prédios. Agora, falta melhorar um pouquinho nas ruas e também nas grandes lojas, onde, por exemplo, não há banheiros nem provadores adaptados a deficientes. Isso é constrangedor”, afirma ele.

Indagado sobre o que espera que aconteça daqui para a frente, ele diz que gostaria que “tudo realmente saísse do papel”, a exemplo do Terminal de Integração, “do qual também se fala há bastante tempo”.