Sem terras invadem Conab em Marabá e exigem 7.000 cestas básicas

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Ulisses Pompeu – de Marabá

Acampados de movimentos sem-terra em Marabá e outros quatro municípios da região tomaram, na madrugada desta terça-feira, 6 de dezembro, a unidade de armazenamento e distribuição de alimentos Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na cidade. A unidade fica localizada na Folha 34, em frente ao Hospital Regional, foi invadida e fechada por cerca de 180 pessoas que moram em acampamentos sem-terra na região sudeste, ligados à FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade), e Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil).

O grupo, oriundo dos municípios de Marabá, Eldorado do Carajás, Nova Ipixuna, Jacundá e Sapucaia, alega que está sem receber cestas básicas há um ano e meio e dizem que muitas famílias estão passando fome em vários desses acampamentos.

Segundo funcionários que trabalham no local, os sem terra chegaram por volta de 4 horas da manhã desta terça-feira, dia 6 de dezembro, e a princípios não queriam deixar ninguém da família que reside no local sair da área, mas às 6 horas um deles acabou sendo liberado para trabalhar.

Rogério Santa Rosa, um dos membros do movimento e único que se dispôs a falar com a Imprensa no início da manhã desta terça-feira, informou que a unidade só será reaberta depois que eles negociaram com a direção da companhia de abastecimento para a liberação de 7.000 cestas básicas e lonas pretas que foram prometidas em Brasília no mês de outubro último, quando equipes da Conafer e FNL fizeram a negociação. “O governo despachou essa verba para a Conab e eles não repassaram os alimentos para os trabalhadores”, reclamou.

Segundo ele, há mais de um ano as famílias que estão acampadas em propriedades rurais à espera de desapropriação nos cinco municípios da região não recebem cestas básicas a que têm direito.

Ele disse que não houve vandalismo e nem invasão aos galpões para retirada de alimentos. O grupo está acampado na área interna da Conab e os empregados continuam trabalhando normalmente. “Não viemos aqui para causar bagunça nem sermos taxados de bandidos. Somos civilizados, da cidade e do campo. Viemos atrás do que é nosso. A liderança já cobrou muitas vezes, mas nunca resolveram”, lamentou.

A Reportagem do blog chegou a falar por telefone com o gerente da unidade da Conab em Marabá, Paulo Sérgio Peres de Souza, e ele informou apenas que a ocupação está sendo feita de forma pacífica, sem depredação do patrimônio público, garantindo ainda que todos os trabalhadores estão em seus postos normalmente. Soube a negociação e as demandas dos trabalhadores, Paulo Sérgio pediu para a Reportagem entrar em contato com a Superintendência da Conab em Belém.

O blog entrou em contato, por telefone, com a secretária do superintendente Moacir da Cruz Rocha, em Belém, e ela informou que ele estava ocupado e que daria um retorno em seguida. Todavia, até o a publicação desta notícia nenhum contato havia sido feito ainda.

Nota da Conab

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estoca os produtos e apoia a distribuição das cestas de alimentos para diversos grupos populacionais em situação de insegurança alimentar. Todavia, não é a Conab que decide quem receberá o produto.

Atualmente, a Unidade Armazenadora de Marabá tem em estoque leite em pó e açúcar. No caso de grupos acampados ou assentados, as doações podem ser feitas por solicitação formal do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Não recebemos solicitações para estes produtos até o momento, logo não houve promessa de doação por parte da Conab.

A manifestação é pacífica, não há reféns e a rotina de trabalho continua normalmente no local.