15 das prefeituras do Pará comandam 57% da arrecadação

Governo de Canaã ostenta maior crescimento de receita líquida do Brasil, com taxa de avanço de 60%. Ananindeua registra retração de 3%, enquanto Castanhal e Tucuruí pararam no tempo

Continua depois da publicidade

Na riqueza e na pobreza, o casamento do Pará com a superconcentração de recursos e o subdesenvolvimento é chocante, e isso se mostra até mesmo no altar da arrecadação dos municípios. Das 144 prefeituras do estado, 15 (ou pouco mais de 10% do total) comandam cerca de R$ 6 de cada R$ 10 que circulam na praça. Guardadas as devidas proporções, é um panorama semelhante à concentração de renda entre os paraenses, em que um punhado ganha rios de dinheiro e a grande massa fica chupando o dedo ou com quase nada no final do mês. É a dura realidade do Pará.

No ano passado, dos R$ 25 bilhões movimentados pelos prefeitos paraenses em recursos arrecadados pelas administrações locais, um total de R$ 14,2 bilhões foram faturados pelas 15 ungidas, mais da metade das quais experimentou saboroso crescimento de receita superior a 10% em relação ao ano anterior.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que rastreou a arrecadação consolidada de 2021 e informada pelas próprias prefeituras aos órgãos de controle externo. Adicionalmente, o Blog confrontou a receita líquida do ano passado com a de 2020 para checar quem ganhou e quem perdeu na gangorra do dinheiro público.

Vale ressaltar que o Pará tem, desde 2020, quatro prefeituras bilionárias: Belém, Parauapebas, Canaã dos Carajás e Marabá. Juntas, elas movimentaram R$ 8,9 bilhões no ano passado, praticamente R$ 1 de cada R$ 3 que circularam no estado, em âmbito municipal. A Prefeitura de Parauapebas já é mais rica que a de 12 capitais; a de Canaã, mais rica que a de cinco; e a de Marabá, mais rica que a de duas.

Canaã é destaque nacional

A administração de Canaã dos Carajás foi a que mais enriqueceu no Brasil ao longo do ano passado, tendo assistido a um lindo filme de amor com o dinheiro público, cujo final foi feliz e expressou crescimento de 60%. As prefeituras de Parauapebas e Cametá, por seu turno, se descabelam pelo segundo lugar no Pará, com 43% de crescimento de receita. E surpresa: no grupo das mais endinheiradas, apenas Ananindeua viu a receita encolher 3%, o equivalente a R$ 28 milhões.

As prefeituras de Castanhal e Tucuruí têm performance financeira decepcionante perante a importância regional que cada um desses municípios assume. Castanhal, com população na faixa de 200 mil habitantes, hoje arrecada menos que localidades com metade de sua população. Já Tucuruí, que chegou a ter a segunda prefeitura mais rica do estado no auge dos privilégios da usina hidrelétrica que leva seu nome, hoje tem comportamento financeiro tão pífio que é como se estivesse em estado falimentar.

Entre os municípios do grupo dos “100 mil” — localidades com entre 110 mil e 120 mil habitantes e que parecem ter a sede urbana do mesmo tamanho —, o destaque é Itaituba, cuja prefeitura tem bamburrado à sombra dos royalties da mineração de ouro. Ela já supera Paragominas, Altamira e Tucuruí e, pelo andar da carruagem, não deve tardar a atropelar Castanhal e encostar em Barcarena.

Confira o quadro com as 15 prefeituras mais ricas do estado em 2021 e compare com o desempenho apresentado ao longo de 2020!