Começa nesta quinta-feira (12), em Marabá, o FIA-Cinefront (Festival Internacional Amazônida de Cinema de Fronteira), que este ano, na sua 4ª versão, mais uma vez coloca em evidência a ocupação territorial da Amazônia e a violência seguida de protestos, revolta e destruição. O festival também traz a temática da Guerrilha do Araguaia, uma ferida que nunca cicatriza e que até hoje tem sequelas entre a população rural da região conhecida como Bico do Papagaio, palco do massacre de militantes comunistas e de camponeses acusados de apoiar a causa comunista que ia de encontro ao governo militar.
Durante o 4º FIA-Cinefront, será homenageado o advogado Paulo Fonteles Filho, poeta, comunista, entusiasta do cinema de fronteira e ativista político com uma vida dedicada à defesa dos direitos humanos.
Em coletiva na manhã de hoje, o professor Amintas Lopes da Silva Júnior, diretor de Ação Intercultural da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), disse que o 4º FIA segue uma linha bem próxima das anteriores, onde a ideia é continuar dando visibilidade às lutas das populações que resistem em seus territórios ao processo capitalistas de expropriação.
“A gente tem, aqui na região, uma série de políticas governamentais de ocupação que levaram as pessoas a situações de conflito e a ideia é mostrar como essas pessoas resistem, não só a esses conflitos, mas também no cotidiano, produzindo alimentos e produzindo conhecimentos”, afirma Amintas.
Ele destaca que este ano o festival homenageia a professora universitária Edna Castro, que realizou “dois filmes fantásticos”: “Marias da Castanha” e “Fronteira Carajás”, produzidos a partir da visão dela em relação a essas populações e “são bastante representativos do que se pretende mostrar desde a primeira edição”.
Júlia Mariano, diretora do filme “Do Corpo da Terra”, convidada especial para o festival e que hoje ministra a alunos da Unifesspa e outros interessados um curso de “Introdução ao Cinema Documentário”, diz que durante as aulas é possível conhecer os diretores de documentários, saber as formas de fazer um filme, como é a linguagem cinematográfica, entre outras técnicas.
“Então, depois a gente sai, fazendo exercício com câmeras, aqui pelo campus mesmo, com o objetivo de que os alunos tenham a prática de pegar na câmera, fazer as entrevistas e depois discutir isso em sala de aula”, salienta Júlia, que frequenta Marabá desde 2011, “filmando e apoiando os movimentos sociais de diversas formas”.
A coordenadora de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis da Unifesspa, Claudiana Guido, falou da programação do Cinefront. Disse que a programação é extensa, acontece em três países – Brasil, Alemanha e Peru – e, nesta região, além de Marabá, os filmes será exibidos em aldeias, acampamentos, em Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, Xinguara e Rondon do Pará.
Fora do Estado, ainda segundo Claudiana Guido, o 4º Cinefront tem exibições no Amapá, em Araguaína (TO) e em Santa Catarina. “Então, é uma produção gigantesca, em Marabá e na região toda são 22 sessões, as principais no Cine Marrocos, aqui no campus 1, no campus 2, no campus 3, em escolas públicas e no presídio feminino, onde será exibido, na sexta-feira ‘Maria da Castanha’”, concluiu.
Programação
MARABÁ
Quinta, 12 Abril | Cine Marrocos – 19h
Filmes: Marias da Castanha (1987), Fronteira Carajás (1992) e
Manu: essa História não é minha só (2018)
Debate: Programa Grande Carajás, ontem e hoje.
Edna Castro (NAEA/UFPA) e Emanuel Wambergue
Sexta, 13 Abril | Unifesspa Campus Marabá
Auditório Unidade II – 15h
Filme: Marias da Castanha (1987)
Filme: Fronteira Carajás (1992)
Auditório Unidade I – 19h
Filmes: Soldados do Araguaia (2017)
Debate: O Exército Brasileiro contra Guerrilha do Araguaia e os impactos sobre a vida da população no sudeste Pará
Sezostrys Alves da Costa (ATGA) e Naurinete Fernandes (UNIFESSPA) Prédio Multiuso – Unidade III
Filme: Marias da Castanha (1987) | Horário: 10h
Filme: Fronteira Carajás (1992) | Horário: 16h
Sábado, 14Abril | Unifesspa Campus Marabá
Auditório Unidade I – 16h
Filme: Marrio
(2017)
Sábado, 14 Abril | Cine Marrocos – 19h
Filme: Aikewára, a ressurreição de um povo (2017)
Debate: O Cinema, a Ditadura Militar e os Povos Indígenas na Amazônia
Luiz Arnaldo e Célia Maracajá (Diretores de Aikewára)
Segunda, 16Abril | Unifesspa Campus Marabá
Prédio Muluso
I Unidade III – 10h
Filme: Manu: Essa história não é minha só (2018)
Auditório Unidade I – 15h
Filmes: Chama Verequete (2000) e Híbridos: Os espíritos do Brasil (2017)
Debate: Religiosidade, Arte e Cultura Cabocla na Amazônia.
Jerônimo Silva (UNIFESSPA) e Cinthya Marques (UNIFESSPA)
Auditório Unidade I – 18h
Filmes: O Vento das Palavras (2001), Runan Caycu (1973), Do Corpo da Terra (2017) e Terra é Vida (2018)
Debate: Luta pela Terra e a Reexistência Indígena e Camponesa na América Lana
Fernando Michelo (UNIFESSPA) e Ginno Perez
Quinta, 19Abril |SESC Marabá
Filme: Aikewára, a ressurreição de um povo (2017) I Horário: 15h
Filme: Marrio
(2017) I Horário: 19h
Oficina: Introdução ao Cinema Documentário, Teoria e Prática
Período: 9 a 13Abril
Sessões ESCOLAS PÚBLICAS
Programação Local – 12 e 20Abril
sessões Campi Unifesspa
São Félix do Xingu, Xinguara, Rondon do Pará e Santana do Araguaia
Programação Local – 12 e 16 Abril
SÃO GERALDO DO ARAGUAIA
Terra Indigena Suruí-Aikewara
Sexta, 13 Abril | Aldeia Sororó – 18h
Filme: Aikewára, a ressurreição de um povo (2017)
ELDORADO DOS CARAJÁS
Acampamento da Juventude Sem Terra
Sexta, 13Abril – 19h
Filmes: Fronteira Carajás (1992) e Manu (2018)
Domingo, 15Abril – 19h
Filmes: Runan Caycu (1973) e Terra é Vida (2018)
Segunda, 16Abril – 19h
Filme: Aikewára, a ressurreição de um povo (2017)