Dos 142 prefeitos vitoriosos no estado mais rico da Região Norte este ano no 1º turno das eleições municipais, cinco ostentam vitória com mais de 70% dos votos válidos. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que extraiu dados consolidados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fazer um raio-x do processo. Apenas Belém e Santarém seguem com disputa a prefeito para o 2º turno, que ocorrerá no próximo domingo (29).
O prefeito com votação proporcional mais expressiva foi o de Itaituba, Valmir Climaco (MDB), reeleito com 77,42% dos votos válidos. Ele é seguido de perto por Tarrafa (MDB), que levou em Curuçá com 77,12% de aproveitamento. Tião Miranda (PSD), com quase 100 mil votos em Marabá, foi reeleito com fantásticos 74,07%, atropelando seus quatro concorrentes. O prefeito Joãozinho Rocha (PSC), do município vizinho de Bom Jesus do Tocantins, também triunfou com 72,91%. E Chico Neto (MDB) ganhou em Capanema com 70,4% dos votos válidos.
No extremo oposto, meia dúzia de prefeitos obteve vitória nas urnas, mas com percentuais bastante tímidos dos votos válidos, demonstrando a fragmentação da preferência do eleitorado local. Gilma Ribeiro (PMN), de Oeiras do Pará, teve apenas 25,13% dos votos, a proporção mais baixa entre os chefes de Executivo municipais no estado. A diferença entre ela e seu principal adversário, Dinaldo Aires (MDB) foi de apenas 50 votos, uma disputa emocionante. Terceiro lugar em Oeiras, o candidato Vadoca (PSC), teve somente 180 votos a menos que Gilma. O cenário no município ficou embolado até o veredicto.
Quem também passou aperreio para ganhar foi Titan (MDB), em Castanhal, que levou com 26,97% e 2.400 votos de diferença do atual prefeito Pedro Coelho (Cidadania), que tentava a reeleição. Em Chaves, Pastor Zequinha (PTB) ganhou com apenas 28,31%, enquanto em Abaetetuba Francineti Carvalho (PSDB) levou com 28,64%. A professora Leila (DEM) venceu em São Caetano de Odivelas com 29,38% da preferência, ao passo que doutor Celso (PSDB) levou em Tucumã com 29,97%.
Dos 54 candidatos a prefeito que tentaram a reeleição, 20 (37%) obtiveram nas urnas o segundo mandato.
Curiosidades
Oito municípios paraenses não elegeram prefeito porque seus candidatos tiveram candidatura anulada sub judice pela justiça eleitoral. Afuá, Belterra, Breves, Colares, Goianésia do Pará, Juruti, Santo Antônio do Tauá e Tomé-Açu estão nessa situação. Outra curiosidade é que, na região do Marajó, pai e filho se tornaram prefeitos de municípios vizinhos. Em Bagre, Clebinho (PSD) levou a melhor enquanto seu pai, Cleber Edson (PSD), triunfou em Curralinho. Tal pai, tal filho, e ambos venceram tendo mulheres como principais adversárias.
Elas, as mulheres, aliás, venceram em 26 das atuais 144 prefeituras paraenses. É um aproveitamento de 17% de um universo de 113 candidatas. São mulheres como Josemira Gadelha (MDB), que deu uma taca em seu principal adversário em Canaã dos Carajás, onde obteve 60,26% de aproveitamento e quase o dobro de votos do rival. Josemira vai comandar nada menos que a 5ª prefeitura mais rica do Pará, que só perde, por enquanto, para Belém, Parauapebas, Marabá e Ananindeua em arrecadação.
A campanha de Josemira, diga-se de passagem, é uma das que mais contrataram despesas para torná-la eleita: R$ 782.769,20, segundo o TSE, e a mais cara da região de Carajás. Em Parauapebas, o custo da campanha vitoriosa de Darci Lermen (MDB) ficou em R$ 663.258,50, ao mesmo tempo em que a de Tião Miranda, em Marabá, saiu por R$ 412.989,35. A campanha mais caras até o momento é a de Edmilson Rodrigues (Psol), R$ 1.289.993,19, que está no 2º turno pela disputa da administração da capital paraense com o delegado federal Eguchi (Patriota), que usou, segundo ele, até o momento R$ 181.851,89. Entre os já eleitos, a mais cara é da de doutor Daniel (MDB), em Ananindeua, que contratou R$ 1.161.822,97 em despesas.
Vereadores
Dos 1.764 parlamentares eleitos para ocupar vaga nas 144 câmaras municipais do Pará, o MDB, partido do governador Helder Barbalho, domina com 345 cadeiras, praticamente 20% do total, além de ter feito 58 prefeitos estado adentro — 17 a mais que em 2016, enquanto seu principal rival, o PSDB, perdeu 21 prefeituras.
É uma força da qual nenhum outro partido passa perto. O PL, com 10%, e o PSDB, com 9%, das vagas nas câmaras sequer conseguem, juntos, tirar a hegemonia emedebista. A ampliação da força do MDB é tão marcante que, em Itaituba, conseguiu fazer sete dos 15 vereadores locais, ao passo que em Placas e Uruará elegeu meia dúzia nas câmaras com 13 assentos. Ressalte-se que, no caso de Itaituba, Placas e Uruará, os prefeitos eleitos são, também, do MDB e, no que provavelmente depender do partido, eles terão vida tranquila nos próximos quatro anos de mandato. Em 2016, o MDB havia feito 204 parlamentares municipais aqui no estado.
A polarização partidária ficou mais marcante nos legislativos de Belém (com 21 partidos), Castanhal, Marabá e Santarém (com 13 siglas cada), Ananindeua (com 12), Breves e Paragominas (com 11 cada), e Bragança, Pacajá, Portel, Redenção, Santa Izabel do Pará, São Félix do Xingu e Tomé-Açu (cada um com dez siglas diferentes).
Mas, se há ganhos em uns recortes, há perdas em outros. No Pará, 20 câmaras não terão mulheres na próxima legislatura, e até naquelas em que elas eram significativas houve redução — como Parauapebas, onde atualmente tem quatro assentos femininos, mas nas eleições deste ano só uma parlamentar foi eleita. Em Belém, está a vereadora mais jovem, a estudante Bia Caminha (PT), com 21 anos.
No estado, 76,1% dos vereadores eleitos são pretos e pardos, enquanto apenas 21,9% são brancos, reflexo, também, da estratificação racial da população paraense, predominantemente morena. Dos 704 parlamentares que tentavam reeleição, 291 (41%) tiveram sucesso. O PL fez os vereadores mais novos e mais velho do estado. O parlamentar mais idoso é Tita Abdon, de Chaves, com 82 anos e que só tem o ensino fundamental. Já Vinícius do Central, de Nova Timboteua, e Kaio Lucena, de Santa Luzia do Pará, são os mais jovens, com 18 anos. Vinícius tem o ensino médio completo e Kaio, incompleto.