Por Firmina Daza
Eu jamais torci tanto pra estar equivocada em um pressentimento. Mas às vezes nossas previsões, pro nosso infortúnio, se confirmam. Lembra quando falei do perigo de privatização da gestão da saúde pelas OS’s? Pois é, ela está em pleno curso. No entanto, a prefeitura negocia com uma outra modalidade de empresa, a OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
Há poucas semanas o prefeito enviou alguns conselheiros de saúde para visitarem o hospital metropolitano de Belém. Dois detalhes: 1) há mais de 6 anos o Conselho de Saúde luta para ter dotação orçamentária própria para fazer viagens para se capacitar ou participar de eventos, e agora o prefeito, do alto de sua bondade e presteza, comprou passagens aéreas e custeou hotel para todos os conselheiros que viajaram para a capital. 2) O Hospital Metropolitano não é gerido por uma OSCIP, como se quer contratar em Parauapebas, mas por uma OS, o que pontua alguma diferença – por exemplo, a OS não pode ter servidor público, apenas contratados.
A intenção do prefeito era mostrar como privatizar os hospitais públicos pode ser uma coisa boa, mas por que não mostrar uma experiência que prove que uma OSCIP pode resolver os problemas hospitalares que temos hoje? Zé, simplesmente porque essa experiência exitosa não existe. Os hospitais administrador por OSCIPs estão todos metidos em dívidas trabalhistas absurdas ou falindo ou atolados em escândalos financeiros. E aí vem o pior.
Sondei com algumas pessoas ligadas ao Conselho de Saúde e fui informada que a OSCIP que está cotada para vir administrar o HMP é uma empresa chamada BEM VIVER que está ligada a Ricardo Murad, um senhor que tem ligações muito íntimas com a família Sarney, aquela família que tem tanto amor pela coisa pública que costuma leva-la pra casa e não devolvê-la. Esta empresa (chamo “empresa”, mas meu dedo coça pra escrever “quadrilha”) já está envolvida em desvio de R$300 milhões no estado do Maranhão, como mostra esta notícia.
Importante observar nessa notícia as outras OSCIP’s que estão sendo investigadas e seus respectivos repasses.
Amanhã, quinta-feira, 17 de março, haverá uma reunião extraordinária às 14 horas do Conselho Municipal de Saúde que terá como pauta a parceria da Secretaria de Saúde com uma OSCIP (provavelmente a Bem Viver) para administrar o Hospital Municipal. A reunião ocorrerá no prédio da Secretaria de Saúde logo ali na rua 9, atrás do Banco do Brasil. Reuniões de Conselhos são abertas ao público. Então quem quiser comparecer terá seu lugar garantido. Eu estarei lá.
12 comentários em “Saúde em Parauapebas: privatizar é a melhor solução?”
A saúde na não de administradores de fora, sem sensibilidade e sem noção da relidade local. Sabemos que o grande marcador de saúde pública chame-se Projeto Saúde da familia e seus programas, algo que não funciona no municipio, a politica utilizada foi e será a paliativa e curativa ( mais cara) e não a preventiva ( barata e inteligente ). Estão jogando nosso dinheiro fora de forma irracional pra não dizer imbecil.
Muito engraçado!
Cada vez mais os políticos de Parauapebas estão tentando trabalhar menos e ganhar mais. O infeliz ato de entregar a saúde para terceiros significa que o prefeito não está dando a mínima para os infelizes munícipes que precisam de saúde de qualidade. Fico pensado seu Zé Dudu, nas crianças, que visito mensalmente, que não tem nem o que comer e ainda são proibidas de ficar doente, pois não tem como chegar até uma repartição pública que trate de enfermidades, imagina ter que enfrentar a corrida aos hospitais privados, que também são muito fraco ( apenas fachada) e com o mesmos médicos do municipal, com pessoas que tem melhores condições financeiras. O pior disso tudo é que este ainda não foi o último escárnio vil da administração macabra de Darci Lúcifer Lermem. Me desculpa, mas não consigo mais comparar este ser desprezível com erros humanos, as pessoas das periferias estão morrendo a míngua e sem esperanças, e ainda me vem com mais essa, o que vou falar para nossos irmãos? Ainda bem que é sabido que depois do fundo do posso só nos resta subir de volta.
o poder publico nao pode fugir da responsabilidade da saude pública. a terceirização, nao importa de que tipo, é uma opção. e pode funcionar muito bem. importa no entanto que o governo seja honesto, transparente e que essa discussão seja aberta. depois de tantos anos de gestao pdt, sera interessante que a secretaria de saude tenha algum rumo , algum planejamento que atenda as necessidades básicas da população em saúde. volto a insistir na frase:parauapebas é um rica cidade pobre. ou a sociedade briga para que mudancas ocorram de verdade e com honestidade, ou estaremos fadados ao lamento inócuo, lambendo as feridas do nosso próprio conformismo, da nossa incapacidade de querer mudar, da nossa indiferença como cidadãos.
o mal entra pela nosssa sala, achega-se e é bem tratado,acostumamos-nos a ele e, no fim, perdemos a coragem de reagir e lutarmos para que nao violente os nossos lares, a nossa rua, nossa cidade…mas eu vou a reuniao do conselho municipal de saúde.
Precisamos estar atentos, pois estas organizações criadas para “administrar’ órgãos públicos, muitas vezes visa somente o retorno financeiro de certos individuos; temos que buscar meios que garanta a eficiência dos serviços prestados para toda população e não fazer associações duvidosas.
Nossa senhora me ampare, zé vc viu que no ano passado morreram 1 criança por semana na maternidade desse hospital e que no seu blog o antigo secretario falou que essa mesma maternidade realizou 3.500 partos sem óbitos? quantas coisas estão debaixo do tapete? qual é a verdade? os diretores incompetentes(PDT) continuam lá, mudança? quais foram? acho que vou fazer como a maioria dos bons que a saúde tinha, sair antes que exale a podridão.
A privatização é boa saída, porém do que adianta querer mudar: as cabeças pensantes da secretaria mudaram, mas a essência continua a mesma, o resto do PDT continua lá ocupando cargos de diretoria. Então para que apostar em mudanças se o miolo continua podre.
A unica coisa que resolveria para o hospital municipal seria a privatização. Porém ela teria que ser bem feita. Pode ser qualquer empresa quem fiscaliza o contrato é a secretaria de saúde.
Saúde não é mercadoria e se estão querendo privatizar é porque tem gente desse governo interessada. A saúde pública tem quer ser gerida pelo município. O que deve ocorrer é uma ação parlamentar forte, a valorização dos servidores, fazer os investimentos com responsabilidade e sempre que preciso o MP atuar.
caro ze dudu, mmais uma vez nossa Administração Pública esta mostrando pra que vei, essse negócio de passar ADM da saude para terceiros é só um jeito de fugi das suas resposabilidades para com nós cidadãos Parauapebenses, será que os terceiros vão Administrar de Graça? vc acha que vai reduzir o custo da sude? so na cabeça de gaucho.
Fermina Daza é a tsunami da saúde do Peba.
Não concordo em combater o modelo, pelo modelo. A variedade OSCIP tem sido preconizada pelo Ministério da Saúde como a mais indicada para a contratação de Agentes Comunitários de Saúde, por dois motivos: a) por essa ser um tipo de entidade de caráter solidarista e comunitário, devidamente reconhecida como idônea, e que mantêm uma autonomia face à burocracia do Estado; b) porque através de contratos CLT de âmbito privado podem fazer valer todos os direitos que assistem aos ACS. Isso é uma conquista enorme para os trabalhadores do setor.
Mas deve ser feito com cuidado, com bastante rigor nas cláusulas de metas, condições e com muita fiscalização por parte do Poder Público. Corrupção existe em toda parte, em todos os negócios. Nós não temos esse modelo implantado e sofremos com ela (a corrupção). Se tivermos esse modelo imlementado, provavelmente sofreremos com ela (a corrupção). Não é o modelo em si, mas as pessoas envolvidas (nas duas partes) que praticam a corrupção. No caso de Parauapebas, já iniciar algo tão importante com uma empresa envolvida em escândalo (desvio na ordem de 300 mihões, juntamente com outras OSCIPs), é um péssimo sinal. Mas vale o aviso, Firmina, obrigado. Também estarei lá. ^^