Por Eleutério Gomes – de Marabá
A promoção da cultura da paz e a superação da violência: com este objetivo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu oficialmente, na manhã desta quarta-feira de cinzas (14), a Campanha da Fraternidade (CF) 2018. O tema oficial é “Fraternidade e Superação da Violência” e o lema “Vós sois todos irmãos”, constante em Mateus 23:8. Os números alarmantes revelados pelas pesquisas sobre a violência crescente, além da própria sensação de insegurança que vive a população em muitas regiões do país, mostram a necessidade de reflexão do tema.
O estudo mais recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) traz os dados da violência de 2015 e mostra a necessidade de maior comprometimento das autoridades políticas e da segurança pública em torno de um pacto contra os homicídios. O próprio relatório afirma que é preciso substituir o discurso vazio e de ações midiáticas que nada resolvem, por ações de coordenação, planejamento e gestão.
O Atlas da Violência 2017, produzido pelo Ipea, indica a necessidade de aprimorar o controle do uso de armas no País, além de revelar o perfil da maior parte das vítimas da violência: homens, jovens, negros e com baixa escolaridade. No entanto, também é alarmante o número de vítimas de outras categorias, como mulheres: em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que corresponde a uma taxa de 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres.
O próprio relatório recorda, no entanto, que esse número representa uma pequena ponta do iceberg, já que as mulheres também são vítimas de outras formas de violências (física, psicológica e material) motivadas por uma cultura patriarcal e que passam invisíveis aos olhos da sociedade.
Superação da violência
“O esquecimento do mandamento do amor e da ética gestam e despertam violência. Os descaminhos, no entanto, podem ser superados com a volta às origens, com a reconciliação e a misericórdia. Somos chamados à superação da violência, pois somos filhos e filhas de Deus”, afirma o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner.
“A superação da violência, condição para uma sociedade e cultura da paz, exige comprometimento e ações envolvendo a sociedade civil organizada, a Igreja e os poderes constituídos para a formulação de políticas públicas emancipatórias que assegurem a vida e o direito das pessoas em uma sociedade e cultura de paz”, diz o secretário executivo de CF, padre Luís Fernando da Silva.
Tema pertinente
Para o bispo diocesano de Marabá, dom Vital Corbellini, o tema da CF 2018 é muito pertinente, “muito bonito” e vem ao encontro da realidade vivida hoje em Marabá, na região e no País, porque a Campanha não vai tratar especificamente da violência, mas, da superação da violência. “Essa superação virá por uma cultura de paz à luz da palavra de Deus e da doutrina social da Igreja”, afirma o líder católico.
Sobre como a Igreja Católica vai trabalhar o tema “Fraternidade e Superação da Violência” neste ano de 2018, dom Vital diz que, em primeiro lugar a Campanha da Fraternidade deve ser assumida pelos católicos, sacerdócios, paróquias comunidades de vida e também pela Imprensa, para que possa noticiar a importância dessa campanha, cujo lema é “Vós sois todos irmãos”. “Irmãos e irmãs em Cristo, não um competindo com o outro, não um dominando o outro”.
Sobre a Quaresma, que se inicia hoje também, o bispo diocesano lembra que é o período que prepara para a Páscoa, com 40 dias e 40 noites de muita oração, jejum, esmolas e obras de caridade. “E hoje, quarta-feira de cinzas é um dia de jejum e abstinência. É um dia que nos introduz no Mistério Pascal. Então, por isso, vamos viver bem esse período da Quaresma e nos ajudar na conversão e de muito amor entre nós”, aconselha dom Vital.