Em um marketing político cada vez mais centrado na figura do candidato, o partido político continua a ser um ator relevante no processo eleitoral?
Por Gustavo Müller
Embora o marketing político das campanhas eleitorais modernas esteja centrado cada vez mais na figura do candidato, o partido político continua a ser um ator relevante no processo eleitoral. É inegável que as rápidas transformações sociais ocorridas nos últimos anos tenham diluído a identificação do eleitor com algum partido político. Isso acontece tanto nas democracias avançadas como a norte-americana e as europeias, como nas democracias mais recentes como a brasileira.
Não obstante, o papel do partido político não se reduz ao de uma entidade formal. Evidentemente, não existem candidaturas sem um vínculo partidário prévio, ou seja, nenhum candidato pode concorrer a uma eleição sem que esteja filiado a um partido político. Mas, além deste aspecto formal, existem outras funções essenciais cumpridas pelos partidos em uma eleição.
Sintetizador de informações
Uma das funções cumpridas pelos partidos políticos é fornecer para os eleitores, informações sintéticas a respeito das possíveis políticas públicas a serem adotadas em caso de vitória eleitoral. Como se sabe, o grau de interesse dos eleitores pela política é variável. A imensa maioria possui pouco interesse. O número de eleitores que possuem bastante interesse por questões políticas é muito reduzido.
O grau de interesse pela política, também determina o nível de informação. Quanto mais interessado, mais informado o eleitor é. Porém existe uma parcela significativa desse eleitorado que se situa na metade do caminho entre os desinteressados e os muito interessados. Para essa parcela do eleitorado, o label partidário (legenda), é uma importante fonte de informação.
Através do label os eleitores adquirem informações sobre o comportamento que podem esperar do partido e de seu candidato. A título de exemplo, tomemos as palavras “socialista” e “liberal”. Partidos que tragam na sua legenda a palavra “socialista”, são percebidos pelos eleitores como partidos (e candidatos) que, no governo, atuarão de forma a enfatizar o papel do Estado na economia e na distribuição de renda.
Dessa forma, eleitores que esperam uma maior assistência por parte do Estado tenderão a votar no partido cujo label fornecer essa informação. De modo oposto, para eleitores que esperam um Estado mais enxuto e menos intervencionista, partidos que tragam no seu label a palavra “liberal”, serão bem vistos. O partido como mobilizador de recursos e puxador de votos
Além de sintetizar informações para uma parcela do eleitorado, os partidos cumprem funções concretas numa campanha eleitoral. A primeira dessas funções é a mobilização de recursos. Os recursos mobilizados pelos partidos políticos não são apenas financeiros. Evidentemente, esse tipo de recurso é fundamental numa campanha, e, de acordo com a legislação eleitoral brasileira, os fundos partidários, constituídos através de dinheiro público, representam uma parte do financiamento das campanhas eleitorais.
Contudo, também existem outros recursos mobilizados pelos partidos. O principal deles é o horário gratuito de propaganda no rádio e na televisão. Esse horário é distribuído para os partidos de acordo com o tamanha de suas bancadas no legislativo.
Quanto maior o tamanho da bancada, maior será o tempo que o partido terá para sua propaganda partidos de acordo com o tamanho de suas bancadas nos legislativos. Quanto maior o tamanho da bancada, maior será o tempo que o partido terá para sua propaganda. Isso significa que o partido que tiver mais tempo terá mais oportunidade para tentar conquistar o eleitor. Mas o espaço na propaganda gratuita também pode ser aumentado por meio de coligações. Desta forma, partidos médios e pequenos podem ganhar um espaço um pouco maior em relação ao espaço que teriam direito concorrendo sozinhos.
Um outro exemplo de mobilização de recursos é oriundo das chamadas “máquinas partidárias”. Partidos que possuam uma ampla rede de filiados ou um grande número de parlamentares, são partidos que dispõem de recursos humanos que podem ser mobilizados numa campanha eleitoral. Já com relação ao “puxador de voto”, existem circunstâncias nas quais o label partidário atua de forma mais intensa, e ocasiões nas quais o que conta é uma personalidade vinculada ao partido. Porém em ambos os casos, o partido representa um instrumento fundamental.
O efeito do “puxador de voto” se concretiza nas eleições para os legislativos de duas maneiras: através do voto na legenda e através das votações pessoais dos candidatos. O somatório desses dois fatores eleva o percentual pertencente ao partido no quociente eleitoral, fórmula matemática utilizada para a distribuição de cadeiras no legislativo. Desse modo, um candidato ao parlamento que não obteve uma quantidade de votos para se eleger, pode ser beneficiado com a expansão do quociente eleitoral partidário.
O outro exemplo de “puxador de voto” ocorre quando um determinado candidato obtém, por sua popularidade, uma votação excepcional. Nesse caso pode se argumentar que a votação se deve aos atributos pessoais do candidato, o que é verdade. Mas o benefício desta votação se dissemina para outros candidatos através do partido. O que se pode concluir desta argumentação é que, com maior ou menor visibilidade, existe uma relação de interdependência entre partidos e candidatos. Não existem candidatos sem partidos, e nem partidos sem candidatos.,
2 comentários em “A importância do partido nas eleições”
No blog Perereca da vizinha, da jornalista e blogueira Ana Célia Pinheiro:
“Raras vezes se viu algo assim no Brasil e muito menos em países desenvolvidos: a Assessoria Especial do governador do Pará, Simão Jatene, do PSDB, inclui pelo menos dois cidadãos condenados a devolver dinheiro aos cofres públicos, além de uma profusão de parentes de integrantes de instituições que têm a obrigação legal de fiscalizar o Governo.
A checagem que está sendo realizada nome a nome pela Perereca da Vizinha ainda nem chegou à metade. Mas o resultado já é impressionante – e assustador.
Há indícios da existência de parentes de pelo menos SETE DESEMBARGADORES (uma já aposentada) na Assessoria Especial de Jatene.
São eles: João José da Silva Maroja, Ricardo Nunes (presidente do Tribunal Regional Eleitoral), Romulo Nunes (ex-presidente do TJE), Constantino Guerreiro, Vânia Lúcia Silveira Azevedo e Silva, Cláudio Montalvão das Neves e Sônia Parente – essa última se aposentou em 2009 ou 2010.
Como são 30 os desembargadores do TJ, e seis os magistrados da ativa que teriam parentes empregados na assessoria direta do governador, isso corresponde a 20% do Desembargo – e apenas na parte da listagem já checada pelo blog, vale salientar.
Na Assembléia Legislativa do Pará, onde há 41 deputados, pelo menos cinco teriam parentes diretos na Assessoria Especial do governador.
São eles: Antonio Rocha e Josefina do Carmo, ambos do PMDB; Haroldo Martins e Silva, do DEM; Raimundo Santos, do PR; Pio X Sampaio Leite, do PDT. Mas o deputado Hilton Aguiar, do PSC, também possui um assessor entre os assessores especiais de Jatene.
Ou seja, até onde a pesquisa do blog já chegou, as assessorias especiais do governador atingem em torno de 15% do Legislativo Estadual, o Poder que fiscaliza o Executivo.
No Senado Federal, dos três senadores do Pará, pelo menos dois – Fernando Flexa Ribeiro e Mário Couto Filho – têm familiares diretos na Assessoria Especial do governador.
No Tribunal de Contas do Estado (TCE), que é responsável por recomendar ou não a aprovação das contas do Governo à Assembléia Legislativa, há pelo menos um conselheiro (André Dias) com familiares empregados na Assessoria Especial de Jatene.
E no Tribunal de Contas dos Municípios, encarregado de recomendar ou não às Câmaras Municipais a aprovação das contas das prefeituras, dos sete conselheiros pelo menos um – Aloísio Augusto Lopes Chaves – também teria um irmão na Assessoria do governador.
A extensão da teia montada por Jatene, que só agora se começa a conhecer de fato, é extremamente preocupante por significar, no mínimo, um sério obstáculo ao livre funcionamento das instituições.
E é especialmente grave em se tratando do Tribunal de Justiça do Estado e da “empregabilidade”, no coração do Governo, de pessoas condenadas por malversação de recursos públicos.”
…O que na prática fica no mesmo, nesse país de indio, os partidos é o que menos importa! é tudo “farinha do mesmo saco”, Nunca vi nenhuma mudança nessa colônia chamada Brasil, que tenha sido feito por um partido. Num páis que tem deputados, senadores, etc. que são jogadores de futebol, pastores de igrejas evangélicas, palhaços, humoristas, etc. não se pode esperar seriedade.