Será que estamos perdendo tempo ao discutir ética e a exigir ética de nossos representantes? Afinal, como a gente sabe, eles cometem as piores barbaridades e depois são reeleitos, como lembra o deputado que está se lixando para a opinião pública. Estão aí o Jader Barbalho, o João Paulo Cunha e o Severino Cavalcante para demonstrar isso. O Joaquim Roriz já se prepara para se candidatar a governador da capital do país. Ora, direis, a culpa é do eleitor.
Quem é o eleitor? Aquele jovem bem de vida, dono de carro novo, que se inscreveu espertamente no Prouni para ganhar bolsa de faculdade por nossa conta? Ou aquele outro, bem pobre, que recebe o Bolsa Família e ainda consegue inventar os nomes para pôr mais no próprio bolso e não trabalhar? Já percebeu, caro leitor, que os representantes são bem parecidos com os que os representam? Há anos, bicheiros têm representantes no Congresso; hoje, até os traficantes têm. Os sonegadores, os compradores de DVD pirata, os que desrespeitam os vizinhos, os que jogam lixo na cidade, os que passam sinal fechado, os que mentem, os que traem todos conseguem eleger seus representantes.
Então precisamos reagir. Sei, estamos meio decepcionados depois que descobrimos que Gabeira deu passagem para a filha ir ao Havaí, por nossa conta; que Suplicy usou a passagem do Senado para a namorada acompanhá-lo a Paris e Pequim; que a Heloísa Helena, mesmo já não sendo senadora, ainda deu passagens para o filho; que a viúva de Jefferson Peres vendeu ao Senado as passagens que ele não usou e recebeu R$ 108 mil. Quantos mais dos nossos ídolos da ética vão mostrar os pés de barro?
Quanto aos contumazes, a culpa talvez nem seja deles. Talvez não tenham tido exemplos de ética e cidadania em casa, não tenham tido a felicidade de receber lições de cumprimento da lei e de justiça e respeito aos outros de seus pais, tios, avós, como é de se esperar que as famílias preparem seus filhos para serem cidadãos. São vítimas de falta de formação. Acham que podem gastar R$ 243 mil em selos de correio, como a deputada filha do ex-governador do DF; que não faz mal usar o dinheiro público para contratar segurança de sua própria empresa e comprar gasolina de seus próprios postos; que não faz mal levar a namorada, a amante, a sogra, os amigos, para lazer no exterior por conta do dinheiro do povo. Eles acham que não faz mal, que têm "direitos adquiridos" essa praga que nos envergonha e nos empobrece moralmente.
No sábado, houve uma passeata de 50 jovens pela Esplanada dos Ministérios a maioria meninas e de algumas centenas na Av. Vieira Souto, em Ipanema, não para protestar contra a falta de ética, mas para legalizar a maconha. No momento em que o país se empenha em leis para proteger a vida, restringindo o cigarro e o álcool e obrigando o uso de cinto nos veículos, jovens alienados da cidadania querem a droga livre para se alienarem. Que tipo de relação vai manter com o país real, estando com o cérebro anestesiado? O pior é que participou da passeata do Rio, e discursou em apoio à maconha, um ministro do governo, o senhor Carlos Minc. Ele ocupa o cargo de defensor da natureza. Mas deixa de lado a parte mais nobre dela: a natureza humana.
Alexandre Garcia
5 comentários em “A Ética e a natureza”
Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não!!!
Essa lição de moral e ética todinha, é só por causa da legalização da maconha? Seria ótimo pois o tráfico acabaria. Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra. Quem nunca fumou um, que atire as pedras( que não são de crack) em que está querendo legalizar.
A discussão da legalização é bem maior. As pessoas não vão parar de fumar porque é proibido. Proibir não é o caminho.
Se as TV’s e Rádios do Jáder fossem afiliadas da GLOBO, ao invés da BAND, será que o nome dele estaria na relação do Alexandre “Gracinha”, garanto que não!
Se a lista dos que poderiam ser mencionados fosse utilizado pelo autor do artigo, leríamos apenas nomes de pessoas. O fato é que no nosso país há o fator IMPUNIDADE, e quando se fala em políticos a impunidade é ainda maior (foro privilegiado), o que mostra que a constituição existe apenas naquele livro, pois na prática – para alguns temas – é bem diferente do que rege a Constituição Cidadã: se todos deveriam ter direitos iguais, porque os privilégios?
Vivemos querendo encontrar culpados para o que está acontecendo na nossa sociedade, e na política. Seria o modelo econômico? A busca por valores superficiais e poder, são sim o fator chave que determina toda esta falta de ética, mas estes fatores não seriam encontrados também em qualquer outro sistema econômico?
Quando um político começa a fazer sua campanha, sabe qual a primeira coisa que ele faz? Uma pesquisa sobre o eleitorado. E constata que as pessoas que vão votar não se interessam muito pelo assunto, que não conhecem seus direitos e deveres, que votam porque são obrigados, e que pretendem decidir o seu candidato não pelo teor das suas propostas e pelo seu histórico como pessoa (mesmo que nunca tenha participado de política, todos temos um histórico que pode servir de alerta ou referência para o eleitor), mas vão decidir em quem votar se receber de algum deles um benefício para aquele momento.
É um FATO. Não há como negar. A maioria dos brasileiros não conhecem o valor de uma democracia. Aliás, se fizessem uma pesquisa perguntando ao povo o significado da palavra “democracia” (ainda confundida com burocracia), constataria-se que nem o significado dela a grande maioria sabe. Vamos continuar assim, até que Educação seja sinônimo de aprendizado não só alfabetizador e técnico, mas de valores sociais também; até que famílias e escolas trabalhem juntas, cada uma fazendo o que lhe cabe; até que entendamos que “processo civilizatório” não é o processo em que “alcançar o sucesso é ficar rico” e sim o o processo em que o civil (o cidadão) pode alcançar a cultura o progresso e o desenvolvimento; e que isto seja aplicado com ética, com respeito, com valores sociais que já estão tão esquecidos e precisam ser revitalizados.
a falta de ética e respeito ao próximo é fruto da falta de limites não impostas pelos pais. É também fruto do processo civilizatório, onde alcançar o sucesso, é ficar rico em menos tempo possível, não importa se honesta ou desonestamente, não importa o aqui, vamos ao agora. Essa inversão de valores imposta pelo KAPITTALISMO (capeta lismo) faz as pessoas perderem o respeitos umas pelas outras. Cabe a nós, cabeças pensantes, sobrepujar toda essa falta de respeito e pulverizar a moral, a ética e os nossos valores em todas as nossas atitudes.