Em reunião realizada na noite desta terça-feira (26), a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Parauapebas (ACIP) decidiu colocar na rua uma campanha pela reabertura de forma definitiva do comércio do município, que está com boa parte dos estabelecimentos fechado por conta das medidas adotadas pelo Executivo no combate à disseminação do novo coronavírus. A ideia é começar a ação, que tem como slogan “Comércio Prevenido, Corona Combatido”, na próxima quinta (28) ou sexta-feira (29), envolvendo toda a classe comercial da cidade.
A campanha envolverá divulgação em meios de comunicação, mídias sociais e também será feita a divulgação em carros de som, carreatas e distribuição de material informativo, mostrando estudos que mostram que o comércio não é e nem nunca foi o disseminador do vírus e que, com o vírus já sendo disseminado de forma comunitária, o isolamento social, que sustentou a paralisação de boa parte das atividades comerciais, neste momento, não surte mais o efeito proposto.
Segundo o presidente do Conselho de Jovens Empresários de Parauapebas (Conjove), Willyan Barcelos, os estudos feitos em várias partes do mundo mostram que o isolamento social não tem efeito positivo se adotado depois da contaminação pelo vírus ser comunitária. Além disso, argumenta, a curva de proliferação da doença não sofreu alterações expressiva com o isolamento social. Ou seja, não houve redução a partir do momento em que já era uma contaminação doméstica.
Por isso, Willyan defende que o comércio precisa retomar suas atividades, tomando os devidos cuidados sanitários recomendados para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Ele explica que a campanha vem trazendo esse mote, especificando que o comércio é vítima e não causador da doença.
Além disso, reforça Willyan, o comércio funcionando vai ser mais um divulgador de ações preventivas e de combate à Covid-19 “A gente vem acompanhando o impacto desse vírus na economia em várias partes do mundo. Criamos a campanha ‘Comércio Prevenido, Corona Combatido’ justamente para mostrar que podemos ser uma ferramenta forte no combate à doença de todas as formas”, ressalta o presidente do Conjove.
Segundo ele, nos vídeos que já estão sendo divulgados pelas redes sociais, está sendo focada a parte preventiva, para que o setor funcione, mas seguindo milimetricamente as recomendações da saúde no combate à doença. “Estamos defendendo a reabertura de forma correta: organizada e seguindo rigorosamente todas as medidas de proteção e combate à Covid-19,” salienta Willyan, observando que será entregue aos empresários uma cartilha, contendo todas as medidas que estão sendo defendidas para que o comércio volte às suas atividades de forma regular e segura.
O presidente da ACIP, Rodrigo João Zanrosso, acrescenta que a ideia é mostrar às autoridades competentes que o setor comercial está tomando todos os cuidados para funcionar com segurança. Ele sustenta que a atividade precisa voltar a funcionar ou a situação do município vai ficar cada vez pior, porque o povo está ficando desempregado e, com isso, também sem dinheiro para se alimentar e, caso contraia a doença, também sem meios para comprar o medicamento indicado.
Rodrigo enfatiza que a campanha será de ampla conscientização da classe, de modo a adotar e seguir toda e qualquer orientação ou medida preventiva e de combate à doença, para que não haja mais nenhum argumento que justifique o fechamento do setor. “Queremos, além disso, mostrar à sociedade em geral, que o comércio não é o transmissor da Covid-19. Pelo contrário, ele é nesse momento uma ferramenta que vai ajudar a amenizar as dores que a sociedade está tendo pela falta de trabalho, que origina a falta dinheiro e a fome,” pontua o presidente, frisando que o comércio aberto é primordial para continuar empregando e gerando renda ao povo que está sofrendo, reduzindo os impactos econômicos que a pandemia trouxe.
“A pessoa tendo dinheiro para se alimentar melhor, tem mais resistência para se curar do vírus, caso seja infectado,” justifica.
O presidente da ACIP explica que, nesse momento, a reabertura do comércio está na dependência de um relatório da Secretaria de Saúde, solicitado pelo Ministério Público, especificando todas as ações que o município já adotou no combate à pandemia e também no tratamento das pessoas acometidas pela Covid-19.
“A Secretaria de Saúde tem que emitir esse parecer e que seja favorável à volta das atividades paralisadas como medidas de isolamento social para combater a disseminação do vírus. Acreditamos que esse relatório, mostrando de forma bem definida as ações tomadas, vai fazer o Ministério Público dar parecer favorável à reabertura do comércio, que será, como estamos orientando e iremos fazer na nossa campanha, de forma ordeira, para que seja uma reabertura de forma definitiva,” espera Rodrigo.
Ele lembra que a ACIP, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindicato das Empresas de Alimentação e Hospitalidade de Parauapebas e Região (SEAHPAR) protocolaram, na última sexta-feira (22), um documento junto ao governo municipal propondo a reabertura do comércio já a partir desta segunda-feira (25). A reabertura proposta segue o grau de risco de cada setor, sendo dividido em baixo, médio e alto risco de possível transmissão do vírus. “Os de baixo risco eram para começar a funcionar ontem. Os de médio começariam em outra data, com restrições de horário de funcionamento e, os de alto risco, como bares, restaurantes e academias, iniciariam suas atividades após tomadas todas as medidas necessárias, para garantir a segurança das pessoas,” frisou ele.
O presidente da ACIP ressalta que nesse momento crítico que o setor comercial está vivendo, é importante a união de todos. Inclusive, ele pede que órgãos, como o Ministério Público, participem da campanha que irão deslanchar, dando orientações sobre a melhor forma do setor recomeçar suas atividades. Sobre os impactos já causados na área comercial desde o início das medidas restritivas por conta da pandemia, Rodrigo usou uma metáfora do Padre Fábio de Melo.
“Estamos todos na mesma tempestade, em alto mar, em barcos diferentes. Alguns barcos estão no olho da tempestade, sofrendo muito – como academias e restaurantes – e outros estão mais distantes, mas todos sentindo o mesmo furacão,” comparou, dizendo que todos os setores sofreram impactos, alguns tiveram 100% de queda no faturamento e tem outros que sequer terão capital para reabrir.“Cada hora parada, para nós, é sinônimo de novas falências,” acrescentou o presidente da ACIP, explicando que desde o início da pandemia, mais de 10 mil pessoas já perderam o emprego ou estão com o trabalho suspenso em Parauapebas. (Tina Santos)