Titular da barragem de rejeitos que rompeu em Brumadinho, matando dezenas de pessoas e deixando ao menos três centenas desaparecidas até o momento, a Vale está enfrentando uma avalanche de dissabores no mercado financeiro nesta segunda-feira (28), quando suas ações desabaram mais de 20%.
A mineradora já teve R$ 11 bilhões bloqueados pela justiça e levou multas ambientais de cerca de R$ 350 milhões. Não bastasse a tudo isso, ficou de ser julgada a partir de hoje uma ação do Governo de Minas Gerais, que pede bloqueio e indisponibilidade de ações da Vale no valor de R$ 20 bilhões, o máximo permitido. Só com as sanções financeiras que levou até agora a multinacional já teve represada quase metade de seu caixa apurado no final de setembro, de R$ 24,4 bilhões. Se o bloqueio das ações for aprovado, mais de 10% do atual valor da Vale estarão com a justiça para a reparação de danos.
Temerosa de que consiga perder ainda mais recursos, a Vale fez reunião às pressas com sua cúpula na noite de ontem (27) para suspender o pagamento de dividendos a acionistas e bonificações a executivos da multinacional. Na prática, todos os de “casa” vão sair perdendo, como consequência da tragédia sem precedentes em Brumadinho. Se as sanções à mineradora continuarem, o efeito cascata pode se alastrar ao pagamento de participação de lucro aos empregados, inclusive aos das operações de Carajás. Cerca de R$ 200 milhões podem deixar de circular no comércio das localidades brasileiras nas quais a multinacional mantém operações.
Preço do minério de ferro dispara no exterior
A cotação do minério de ferro, principal produto da Vale, disparou 6% nesta segunda durante o pregão da bolsa chinesa de Dalian, antes de se estabilizar em 2,8%. É a maior alta dos últimos 16 meses. Esse “boom” se deve a incertezas sobre a produção de minério da empresa, diante da tragédia em Brumadinho.
A produção de Brumadinho, aliás, representa 7% do minério de ferro produzido pela multinacional no Brasil. Para a gulodice da China, a contribuição de Brumadinho era de apenas 1,5%. Na visã do mercado financeiro, as inspeções de segurança de que a Vale será alvo em outras barragens de suas operações, em Minas Gerais e no Pará, podem afetar a produção da mineradora de forma mais ampla.
Ao reduzir a produção por um evento qualquer, os municípios que sobrevivem à sombra da mineradora, como Parauapebas, Canaã dos Carajás e Curionópolis, perdem receitas de royalties e de impostos com a desaceleração da circulação de mercadorias e serviços. Em Brumadinho, por exemplo, a Vale é responsável por 60% do caixa da prefeitura.
1 comentário em “Ações da Vale desabam 20% e Governo de Minas quer bloqueio de R$ 20 bi”
a reportagem das barragens nao da pra comentar ! mas vai meu recado : tudo jogo de cena !! depois que cair os 100 mil na conta dos parentes nem vao se lembrar dos resto de seus mortos !! a vale ta pagando na mente p abafar o caso . simples assim !!