Advogado é preso em Marabá acusado de participação em escândalo em Redenção

Casado com uma promotora de Justiça, Alexsandro de Oliveira Souza foi preso hoje em condomínio de luxo em Marabá

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O advogado Alexsandro de Oliveira Souza foi preso pela Polícia Civil por volta de 7h30 da manhã desta quarta-feira, no condomínio Greenville, em Marabá, acusado de participação em um escândalo de falsificação de documentos do Ministério Público Estadual, em Redenção, que levou um investigador de polícia civil e o esposo de uma promotora de Justiça para a prisão em março deste ano. Na mesma operação, outro advogado de São Félix do Xingu, foi preso também nesta quarta-feira, acusado de participação no mesmo caso, mas a Reportagem não conseguiu levantar seu nome.

A prisão foi conduzida pela delegada de prenome Janaína acompanhada por representantes da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Marabá, tendo à frente o advogado Haroldo Gaia e ainda membros da Comissão de Prerrogativas da entidade. Ele foi conduzido para a Seccional de Polícia Civil e daqui encaminhado para Redenção, onde está preso.

Alexsandro é casado com uma promotora de Justiça de Marabá, mas sua prisão não teria nenhuma relação com o trabalho dela, e sim por sua atuação como advogado.

Procurado pela Reportagem do blog, o presidente da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Marabá, Haroldo Gaia Pará, informou que foi acionado pela Polícia Civil para acompanhar o cumprimento do mandado de prisão preventiva contra Alexsandro Souza. “Nós o acompanhamos na delegacia aqui. Ele prestou as primeiras informações e foi levado para Redenção, em seguida”.

Haroldo Gaia disse que a OAB, em Redenção e Belém, está acionando o Judiciário com pedido de revogação da prisão, uma vez que não há informações que haja “Sala de Estado Maior” para receber o advogado, como determina a legislação. “A Ordem vai analisar os autos para avaliar se essa prisão prematura tem fundamento. Posteriormente, a OAB deverá ingressar com uma medida junto ao Tribunal de Justiça do Estado por meio de habeas corpus, que é a mais imediata para tentar colocar o colega em liberdade”, disse o presidente da Subseção.

A Reportagem do blog tentou, também, falar com o presidente da Subseção da OAB de Redenção, Carlos Eduardo, mas ele não atendeu as ligações.

Uma pessoa próxima da família de Alexsandro disse, informalmente, que ele prestou serviços de assessoria jurídica para o investigador de Polícia Civil Antônio Aldenir da Conceição Lima ‘Sobreira’, então lotado em Rio Maria, preso em março deste ano, juntamente com Rayro Mateus Sousa Lima, esposo de outra promotora de Justiça de Redenção. “Ele (Alexsandro) teve a prisão decretada pelo juiz de Redenção, juntamente com outro advogado, por suspeita de envolvimento num crime de falsidade de documento. A OAB, por meio da Comissão de Prerrogativas está acompanhando o caso, e tomará as medidas jurídicas cabíveis, porque recebem essa decisão como sendo ilegal e sem justa causa”, disse a fonte ligada à família de Alexsandro.

ENTENDA O CASO

Em 12 de março deste ano, policiais da Corregedoria Regional da Polícia Civil de Marabá, sob o comando do delegado Thomaz Lesbaupin, de posse de mandados de prisão, prenderam o investigador Antônio Aldenir da Conceição Lima ‘Sobreira’, lotado em Rio Maria e Rayro Mateus Sousa Lima, esposo da promotora de Justiça da 1ª Promotoria em Redenção.

A historia teve início em 2016, quando uma pessoa procurou a Superintendência da Polícia Civil em Redenção, denunciando que o policial Sobreira havia ido a sua casa por saber que lá tinha duas armas de fogo e, por isso, teria lhe cobrado propina para não proceder o flagrante.

Ao término do inquérito, o delegado Renato Duran indiciou o investigador Sobreira e Flávio da Silva, este por ser a pessoa que havia vendido as armas ao homem que sofreu o pedido de propina. Segundo o delegado, Flávio vendia as armas e avisava para ‘Sobreira’ que depois abordava as pessoas para receber propina em troca de sua atuação.

Quando o inquérito foi remetido para a justiça e despachado para o Ministério Público, começou outra história que acabaria em fraudar o sistema da Promotoria de Justiça. O parecer da promotora Magdalena Torres Teixeira foi juntado aos autos, indicando o arquivamento do inquérito, o que foi decretado por um dos juízes da Comarca de Redenção.

Porém, devido à estranheza do parecer do Ministério Público, que deveria acusar e neste caso, fez o contrário, o fato chamou a atenção. Outra investigação começou a ser feita, quando veio à tona que o marido da promotora de Justiça teria fraudado o parecer do MP usando a assinatura digital da esposa. O parecer fraudulento resultou no arquivamento do inquérito contra o investigador Sobreira.