A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural traz consigo a árdua missão de fazer Canaã dos Carajás voltar às suas origens de município forte na produção do campo. A Terra Prometida já foi conhecida, antes das atividades minerárias, pela alta produção de leite e de produtos agrícolas. Com o tempo, a vertente econômica foi preterida, o minério ganhou espaço e a agricultura ficou esquecida.
No entanto, o fim do Projeto S11D trouxe consigo o fantasma do desemprego e a necessidade de se criar alternativas para a geração de renda ficou evidente. A produção rural, esquecida no tempo, renasceu das cinzas e ganhou força outra vez em Canaã. O ano de 2017 ficou marcado pelos bons números no campo. Entre os destaques, mais de 9 mil sacas de milho foram colhidas e cerca de 230 mil mudas de várias espécies foram produzidas no viveiro municipal. Somente o açaí teve mais de 50 mil mudas cultivadas durante o ano.
De acordo com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Rural, Divino Sousa, os números são bastante positivos: “O viveiro tem produzido muito bem. O que eu acho mais importante é que as mudas produzidas têm tido um destino interessante: nós doamos mudas a produtores que apresentam projetos convincentes e para órgãos públicos parceiros. Até quero destacar que o açaí, pelo que percebo, é um mercado que está aberto, as pessoas descobriram isso e estão investindo. Há muitos projetos que a gente, além de doar a muda, também acompanha. É uma alternativa interessante, pois todo o açaí que é consumido aqui vem de fora.”
A pasta tem agido em parceria com algumas entidades locais, entre elas, a Agência Canaã é a principal. Juntos, os órgãos são os responsáveis por um projeto que atende atualmente 16 produtores de açaí. As ações de auxílio preveem o maquinário, mudas, assistência técnica e ainda qualificação dos produtores. Ainda em parceria com a Agência, a pasta também atendeu no ano passado 16 avicultores.
Outro projeto que ganhou imenso destaque foi a produção de codornas no município: ao todo, 20 criadores decidiram apostar na produção e já estão conseguindo obter bons resultados nas vendas.
De acordo com balanço da Secretaria, as máquinas públicas trabalharam, em média, 480 horas por mês no atendimento aos homens do campo. Entre os principais trabalhos, o apoio na produção de grãos, hortifrúti e também da mandioca.
Na pecuária, mais de 150 famílias foram contempladas com represas no ano que passou. Segundo o secretário, as prioridades foram atendidas: “Sabemos que nos últimos anos a estiagem foi maior; a demanda foi muito grande e nós procuramos atender quem já estava sem água na terra. Teve gente que foi obrigada a levar o gado para o pasto do vizinho, pois a sua terra já não tinha água para o gado beber. Desde 2013, já estamos trabalhando nisso e atendemos bastante gente. Esperamos que até 2020, final do mandato, todas as demandas sejam atendidas.”
Ainda segundo o gestor, os produtores foram agraciados com várias ações para o fortalecimento da terra em 2017: “Demos o apoio em vários momentos: na análise do solo e no transporte do calcário. Recebemos o apoio da Secretaria de Obras nisso e vamos continuar com essa ajuda nesse ano.”
Para 2018, o secretário afirmou que pretende continuar as ações e incentivar ainda mais o carro chefe da atual gestão, o Procampo. O projeto prevê o fortalecimento da produção agrícola municipal. Entre as ações do ano, o cultivo de alevinos é uma das maiores. Conforme explicou Divino, a Secretaria será a responsável por doar toda a estrutura para o produtor, desde os tanques para cultivo, até as bombas. Em contrapartida, o produtor será o responsável apenas pela mão-de-obra, energia, os próprios alevinos e também pela ração. De acordo com o planejamento da pasta, Divino disse esperar que mais pessoas sejam atendidas no atual ano em várias vertentes. Confira abaixo:
- Fruticultura: Mais 20 famílias (Seleção dos agricultores, análise, adubação do solo e sementes.)
- Horticultura: Mais 40 famílias.
- Avicultura: Mais 10 famílias.
- Apicultura: Mais 30 famílias.
- Suinocultura: Mais 3 famílias.
- Produção de grãos: Mais 100 famílias
Ainda em entrevista, o secretário citou algumas parcerias que deram certo no ano que se passou: “Tivemos a felicidade de conseguir boas parcerias no ano. Além da Agência Canaã, tivemos outras importantes: com a vigilância sanitária, conseguimos ajudar com a mão-de-obra de veterinários; com o Sindicato dos Produtores Rurais (SICAMPO), auxiliamos no apoio à cavalgada e na Expocanaã; já com a Adepará, nosso trabalho é de auxílio nas campanhas de vacinação, inspeção e coleta de frascos de agrotóxicos.”
Além destas, o gestor destacou outros trabalhos em conjunto:
- Secretaria de Educação: Doação de mudas e orientação técnica; hortas nas escolas, mudas, semente e terra;
- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER): Palestras, cadastros, seleção de produtores;
- Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA): Começa-se uma parceria na qualificação de produtores e visitas às propriedades;
- Secretaria de Meio Ambiente: Mudas para nascentes e recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP). Arborização da cidade;
- Secretaria de Obras: Transporte de calcário e terra para ações.
O retorno às origens rurais pode ser crucial para o desenvolvimento sustentável do município. A ideia é que se crie, através deste fortalecimento, uma cidade completamente independente da mineração: “O trabalho mineral vai passar, a agricultura precisa permanecer. É bom que a mineração brilhe, mas é importante que a agricultura também brilhe junto. Essa é uma alternativa econômica para vencer a crise. Tenho certeza que nossos produtores serão ainda mais fortes em 2018” concluiu Divino.