Brasília – O presidente da República, em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), tem audiências nesta sexta-feira (19), com os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, no Palácio do Planalto. Os dois compromissos serão realizados separadamente, após uma crise aberta no dia anterior, após o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) proibir que a Petrobras faça perfurações para estudos numa área conhecida como Margem Equatorial, no Norte e parte do Nordeste do país, que abrange as águas profundas entre os Estados do Pará, Amapá até o Rio Grande do Norte e parte do Piauí.
A agenda de Alckmin ouvirá os dois ministérios que são antagônicos quanto ao assunto. A decisão do Ibama divide em lados opostos Marina Silva, que é contra a exploração na região, e Alexandre Silveira, favorávrl à abertura da nova fronteira de poços de petróleo e gás natural no país que estima beneficiar a Petrobras em acréscimos de mais de 1,1 milhão de barris de petróleo ao dia. Já Marina defende a ala ambientalista do governo, destacando os riscos que a exploração pode gerar ao ecossistema da região e ao aumento da crise climática.
Desde o anúncio, na quinta-feira (18), do indeferimento pelo Ibama, órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, em autorizar a perfuração de possíveis poços de petróleo pela Petrobras na região da Margem Equatorial, só aumenta a fila de lideranças políticas e entidades do comércio, indústria e serviços, emitindo perplexidade com a decisão do órgão ambiental.
O Ibama negou licença à Petrobras para explorar petróleo na chamada Margem Equatorial; decisão motivou saída de Randolfe Rodrigues da Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva.
Ao negar a licença, o Ibama exigiu da Petrobras que apresente uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar, estudo que medirá os riscos da atividade petroleira ao ecossistema da região na Foz do Amazonas, para definir se a exploração tem viabilidade ambiental.
A atitude do Ibama teria motivado também a decisão do senador Randolfe Rodrigues (Amapá) de se desfiliar da Rede Sustentabilidade, partido do qual Marina Silva também faz parte, anunciada nesta quinta-feira. Randolfe, que já vinha se envolvendo em desavenças com a ministra, ficou contrariado com a informação de que Marina teria interferido no Ibama sobre a decisão de negar a licença à Petrobras, sem ter envolvido o estado do Amapá nas discussões.
Alckmin, que ocupa a presidência interinamente em razão da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão, para o encontro da Cúpula do G7, terá a missão de minimizar a crise instalada no governo entre os ministros de Minas e Energia e Meio Ambiente e a romaria de governadores e presidentes de entidades de classe que estão sobrecarregando as centrais telefônicas do Palácio do Planalto, indignados com a decisão.
Na avaliação de políticos e empresários ouvidos pela Reportagem do Blog, o antagonismo dos dois ministérios expõe o governo a desgaste enorme. “O governo continua batendo cabeça contra o próprio governo. É surreal”, disse um deputado.
De acordo com a agenda oficial, Alexandre Silveira foi recebido pelo vice-presidente nesta manhã, e a reunião com Marina Silva está marcada para o período da tarde.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
2 comentários em “Alckmin recebe ministros após crise sobre exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira”
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