AliExpress e Magazine Luiza selam parceria

Marca brasileira também disponibilizará itens específicos no marketplace chinês e vice-versa
Site da gigante chinesa AliExpress (abaixo) e do Magazine Luiza (Magalu) acima

Continua depois da publicidade

O Magazine LuizaMagalu (https://www.magazineluiza.com.br)
anunciou nesta segunda-feira (24) que estabeleceu uma parceria com a plataforma de marketplace chinês AliExpress (https://pt.aliexpress.com). As duas marcas passarão a usar os dois ambientes virtuais para apresentar e vender os seus produtos no Brasil e no exterior.

Com isso, o AliExpress, do grupo chinês Alibaba, irá atuar como seller do marketplace da rede brasileira. Os produtos estarão disponíveis na linha “Choice”.

Dentro de um marketplace, um seller tem várias atribuições. Ele deve receber o pedido, fazer a separação, enviar para o fullfilment do marketplace ou ele próprio embalar o produto e despachar para a transportadora fazer a entrega ao cliente.

“São serviços de compras premium, incluindo produtos com o melhor custo-benefício e velocidade de entrega”, afirma a companhia.

O Magalu irá vender no site e aplicativo do AliExpress os seus produtos próprios, como eletrônicos.

As negociações começaram no fim de 2023, e o memorando de entendimento foi assinado nessa segunda-feira. A parceria deve se iniciar até o terceiro trimestre deste ano.

Trata-se do primeiro acordo internacional nesses moldes das duas empresas, e ocorre após as plataformas estrangeiras terem conseguido manter a entrada de produtos no país com impostos abaixo daqueles pagos pelas redes locais.

No caso das mercadorias do AliExpress, a venda no Brasil se dará por meio da plataforma do Magalu dentro das regras do Remessa Conforme, o programa de envios de plataformas estrangeiras ao país, criado pelo governo federal.

Mercadorias da linha ‘Choice’ do AliExpress farão parte do acordo de venda pelo Magalu, que inclui acessórios, itens de moda, itens para casa, entre outros.

Questionado pelo fato de ter se associado ao grupo chinês num momento em que ainda há diferenças nas cobranças de impostos entre Brasil e China, Frederico Trajano, presidente do Magazine, disse que, após mudanças nas regras de importação, que elevaram impostos dos estrangeiros semanas atrás, “a isonomia já aconteceu”.

Os marketplaces internacionais que operam pelo Remessa Conforme passaram a pagar 20% de imposto de importação e 17% de ICMS, após mudanças aprovadas no Congresso Nacional, e itens de moda nacionais, por exemplo, são vendidos no país com carga tributária total, da produção à venda, de 90%.

Sobre eventual contrasenso na posição do Magalu, Trajano diz que isso não ocorre e afirmou que entrou em contato com o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, e que Gonçalves entendeu os termos do acordo. “Falei com o Jorge e ele viu algo como supernatural. Nós não criticávamos as empresas [estrangeiras], esse era um tema que estava com o IDV. O que havia era uma questão de atingir isonomia tributária e ela aconteceu”, disse Trajano.

“O avanço das plataformas estrangeiras é algo inexorável e isso vem ocorrendo na América Latina, Rússia, Europa, Estados Unidos. É impossível não conviver com isso pela globalização”, disse.

Ainda há um possível avanço desse acordo para a área logística do Magalu Entrega. O AliExpress distribuiu por meio de uma parceria com os Correios, pela operação do Cainiao, a empresa de logística do Alibaba no mundo.

Trajano diz que “o Magalu está aberto à possibilidade” de distribuir itens do AliExpress no Brasil, e Briza Rocha afirma que não vê impedimentos para que novas tratativas avancem, para além do acordo comercial.

Na visão da linha de frente do Magalu, uma maior entrada de produtos da empresa estrangeira no Brasil não aumenta a competição para as empresas nacionais, inclusive ao Magalu. Trajano disse que o importante é que, se a venda ocorrer, ela ocorra por meio do Magazine.

Eis a íntegra do comunicado:

“MAGAZINE LUIZA S.A. (“Companhia” ou “Magalu”) vem a público comunicar aos seus acionistas e ao mercado em geral que celebrou um acordo com o Aliexpress, plataforma de marketplace internacional do Alibaba International Digital Commerce Group (“Aliexpress”), para a listagem e venda de seus produtos em ambos os marketplaces.

“O Aliexpress passará a vender como seller do marketplace do Magalu (3P), oferecendo milhares de itens da sua linha Choice – serviço de compras premium, incluindo produtos com o melhor custo-benefício e velocidade de entrega.

“Serão disponibilizados produtos das mais diversas categorias, totalmente complementares às disponíveis atualmente no e-commerce do Magalu. Com isso, a Companhia amplia de forma significativa o sortimento oferecido, acelerando a sua estratégia de diversificação de categorias e de aumento da frequência de compra. Os pedidos realizados no Magalu serão importados por meio do programa Remessa Conforme, impulsionando a operação cross border da Companhia.

“Ao mesmo tempo, o Magalu oferecerá produtos do seu estoque próprio na plataforma brasileira do Aliexpress, também complementando o sortimento oferecido por eles. Serão vendidos, inicialmente, itens das categorias de bens duráveis, nas quais o Magalu é líder de mercado no Brasil, com capilaridade logística e multicanalidade, fortalecendo também as vendas do e-commerce com estoque próprio (1P) da Companhia.

“A parceria potencializa duas das maiores audiências do e-commerce brasileiro, com mais de 700 milhões de visitas mensais nas duas empresas, e possibilita que o consumidor final tenha acesso a um amplo portfólio de produtos, com curadoria e serviço de qualidade.

“Um acordo desse tipo é inédito para ambas as empresas. É a primeira vez que o Alibaba, por meio do Aliexpress – uma das maiores empresas de e-commerce do mundo – faz um acordo estratégico com uma empresa fora da China. Para o Magalu, é a primeira vez que seus produtos serão listados e vendidos por meio de outra plataforma de marketplace.”

Concorrência acirrada
O multibilionário mercado de compras on-line brasileiro está aquecido mesmo após o Congresso Nacional aprovar a criação do Imposto de Importação de 20% para compras no exterior de até US$ 50 (cerca de R$ 260 pela cotação atual) por pessoas físicas, e anteriormente, a Receita Federal criar o Programa Remessa Conforme, que cobra, no ato da compra feita pelo cliente, o ICMS do local do estado onde o cliente reside — em torno de 17%. A Temu (veja aqui) gigantesco marketplace chinês presente em 18 países, começou a operar no país com uma estratégia agressiva há três semanas, e já está fazendo estrago nos próprios concorrentes chineses e nos nacionais.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.