Na manhã desta quinta-feira, dia 17 de maio, um grupo com cerca de 100 alunos de três escolas estaduais que oferecem ensino médio em Marabá fizeram um protesto em frente à sede do Ministério Público Estadual (MPE) em Marabá. Eles foram pedir socorro por causa da situação precária dos prédios dos colégios Gaspar Vianna, Pequeno Príncipe e Oneide Tavares. O problema em comum é que todas elas estão passando por processo de transformação em escola de tempo integral, mas a estrutura não foi melhorada.
Joyce Cordeiro Rebelo, diretora do Sintepp em Marabá, diz que pais, mães, estudantes, professores e trabalhadores de apoio das escolas da rede estadual de Marabá não aguentam mais as condições de estudo e trabalho nos estabelecimentos de ensino. “Não é apenas este ano. Nos últimos dias, vários estudantes começaram a se mobilizar para reivindicar melhores escolas e estrutura digna, além de reivindicarem a Eleição Direta nas Escolas, tendo em vista que as atitudes antidemocráticas têm prejudicado o andamento de várias ações nas escolas”.
Segundo ela, o governo de Simão Jatene se nega a apresentar uma pauta de negociação concreta para melhorar os investimentos na educação e na valorização profissional. “O Governo atual faz vista grossa para a situação precária das estruturas escolares arcaicas sem merenda e segurança pública, por isso o movimento tende todos os dias a crescer, uma vez que vários municípios aderiram ao movimento grevista. A Regional Sudeste do Pará já conta com 9 municípios paralisados”, diz.
O aluno Felipe Dias, do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Gaspar Vianna faz um desabafo e conta por que não tem condições de estudar em local que não tem banheiro adequado, o teto está quase desabando, o forro do auditório está deteriorado. “As provas do primeiro bimestre foram feitas no escuro, não tinha luz na sala de aula. E ainda querem implantar escola em tempo integral ali”, critica.
Felipe diz ainda que os gestores do ensino médio planejam que os alunos fiquem na escola todos os dias de 7h50 até 17 horas, mas não oferecem alimentação adequada. “Todo dia a gente come sardinha, isso não tem condição”, desabafa.
Catarina Araújo Santos, 15 anos de idade, é estudante do 1º ano B de um anexo ao Colégio Pequeno Príncipe, na Folha 27, diz que os estudantes ficaram cansados de sofrer em um prédio sem estrutura, com falta de merenda, bebedouro e forro no teto. “O calor é insuportável. Há estudantes que abandonam aquele espaço e vão estudar em algum lugar mais distante, mas menos insalubre. Nossa escola ficou com o 3º lugar em aprovação no Enem e não é porque tivemos méritos que vão nos abandonar”, diz.
MP ingressou com ações
Os alunos e dois pais foram recebidos pela promotora Mayanna Queiroz, que informou a eles que já havia realizado vistoria nas referidas escolas, estava ciente da situação precária e até ingressou com ação civil pública pedindo para a Justiça determinar que o governo do Estado promova a reforma devida em cada estabelecimento.
A promotora disse à Reportagem do blog que na região de Marabá já fez vistoria em cerca de 100 escolas, enviou recomendações e, em alguns casos, como do Anexo do Colégio Pequeno Príncipe, na Folha 27, ingressou com ação civil pública contra o Estado no dia 17 de julho do ano passado.
Por outro lado, Mayanna Queiroz reconhece que a situação do prédio do referido Anexo está em situação insalubre e vexatória, gerando revolta por parte dos alunos e educadores. Por isso, entrou hoje mesmo em contato com a direção da Seduc, em Belém, a qual informou que está alugando outro prédio, em melhor situação, para abrigar os estudantes. Ele fica localizado na Folha 26, ao lado da antiga Big Ben. “Pedi à Alcina Jadão, da 4ª URE de Marabá para agilizar a documentação com o proprietário para dar celeridade ao contrato de locação”, disse a promotora.
Por Ulisses Pompeu – correspondente em Marabá