Amazônia tem 130 espécies correndo risco de desaparecer do mapa

Maior parte são peixes de água doce. Ainda assim, bioma é um dos que estão em situação melhor quanto à preservação de espécies. Áreas protegidas como a Flona de Carajás são refúgios silvestres

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Há, em Parauapebas, uma espécie de anfíbio que só vive em zonas inóspitas do complexo minerador de Carajás, nas chamadas áreas de canga, onde o minério de ferro praticamente brota do solo, em pedras folheadas, que resplandecem entre as plantas baixas. Até pouco tempo atrás, nada se sabia sobre esse anfíbio, uma perereca. Com tamanho pouca coisa maior que a unha de uma mão, a “Pseudopaludicola canga” nunca foi encontrada perambulando em bioma que não seja a Amazônia, precisamente nas áreas de savana metalófilas da Serra dos Carajás.

Devido à distribuição restrita e ao conhecimento ainda em construção acerca desse bichinho discreto, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) incluiu a espécie na categoria “em perigo” na lista de espécies ameaçadas do estado do Pará. E a Pseudopaludicola é apenas uma em meio à infinidade de espécies amazônicas, grande parte das quais muito pouco ou quase nada conhecidas — e algumas, mesmo sem o devido conhecimento de seu mundo, já se encontram em risco de sumir da natureza para sempre.

Nesta quinta-feira (5), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a pesquisa “Contas de Ecossistemas: Espécies Ameaçadas de Extinção no Brasil” que revela que em 2014 havia 3.299 espécies de animais e plantas ameaçadas no país. Atualmente, são reconhecidas no Brasil 49.168 espécies de plantas e 117.096 espécies de animais.

Aqui na Amazônia, das 5.944 espécies (5.210 da fauna e 734 da flora) já identificadas, 49 estão “criticamente em perigo”, 81 estão “em perigo”, 148 estão em situação “vulnerável” e 101 com status de “quase ameaçada”. As espécies mais ameaçadas são os animais vertebrados, com 24 criticamente em perigo e 45 em perigo. Os peixes são os mais afetados: o Blog identificou 16 espécies criticamente em perigo e 18 em perigo, todos eles de água doce.

A situação só não é pior porque há florestas ainda bem preservadas na Amazônia. O Pará, por exemplo, ainda possui 860,5 mil quilômetros quadrados de floresta intactos, o equivalente a 69% do território, muito embora o desmatamento não dê trégua. No caso de Parauapebas, município ocupado por uma porção da Serra dos Carajás e onde a “Pseudopaludicola canga” se refugia, a área se encontra na região do arco do desmatamento amazônico, sendo um dos limites orientais das grandes porções contínuas de floresta no estado.

A criação da Floresta Nacional de Carajás, em 1998, contribuiu para preservar espécies da fauna e da flora numa região extremamente devastada e, enquanto existir assim, a perereca do tamanho de uma unha, endêmica da Amazônia, provavelmente resistirá.