Brasília – Pode não dar em nada, como geralmente acontece nos processos protocolados no Conselho Ética, especialmente no Senado, mas o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), cuja relevância política é próxima da nulidade e a bandeira que defende é infernizar a vida do presidente de plantão, experimentará o “gostinho amargo” de seu próprio modus operandi. Ele responderá a uma representação no Conselho que ensina bons modos à políticos de sua extirpe, informou o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na quinta-feira (17).
Acostumado a ofender, ameaçar e aprontar, Rodrigues terá agora que se explicar direitinho, sob pena de perder o mandato, o que significa a sua fala ameaçadora, chegando ao cúmulo de dizer que vai pedir o impeachment do procurador-geral da República, Augusto Aras, que age com independência funcional no seu mister, ao contrário de alguns lacaios da esquerda que operam no tribunais superiores servindo a um senhor condenado em três instâncias por roubo e lavagem de dinheiro surrupiado do povo brasileiro, e que tanta encanta os olhos do político amapaense.
Randolfe é useiro e vezeiro na arte de destruir reputações de quem não lhe beija a mão. Protagonizou ao lado dos inigualáveis senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), ambos com respeitável prontuário nas repartições policiais dos estados que representam e no âmbito federal, por várias patifarias comprovadas.
“Não está previsto na Constituição Federal o princípio da Inércia Ministerial. Se o Sr. PGR (Procurador-Geral da República) não atuar em defesa do interesse público, procuraremos outros meios para que ele pegue no trabalho”, escreveu Randolfe no Twitter, como se fosse a palmatória do Mundo do serviço público e o dono do Senado. “Eu já tenho as assinaturas necessárias para o impeachment de Augusto Aras”, ameaçou em tom de voz que não mete medo nem em gato gordo de viúva. Veja mais aqui.
Flávio Bolsonaro argumentou que, ao mencionar impeachment de Aras, o senador do Amapá ataca não só a honra do PGR, como também a instituição Ministério Público.
Na avaliação de Flávio Bolsonaro, a pressão de Randolfe para que a procuradoria tome uma posição sobre os pedidos da espalhafatosa Comissão Parlamentar de Inquérito da Convid-19, cujos trabalhos foram prorrogados até o limite legal previsto no regimento interno do Senado, numa manobra política para desgastar a imagem do presidente Bolsonaro, e que acabou se transformando num espetáculo de agressões e intimidações à médicos, empresários e funcionários público de carreira, Randolfe Rodrigues, que exerceu o cargo de vice-presidente do colegiado, diariamente protagonizava espetáculos dignos de Teatro de Revista de 5ª categoria. Suas ameaças, se configuram em interferência política no Parquet federal, com crime previsto na Constituição.
“Eu vou protocolar uma representação no Conselho de Ética contra o senador Randolfe Rodrigues por ter quebrado o decoro parlamentar e, mais uma vez, envergonhar o Senado Federal perante a população achando que ele pode mandar nas coisas, acima da lei, inclusive”, afirmou.
A declaração de Randolfe sobre a possibilidade de pedir o impeachment de Aras foi dada na última terça-feira, após a inauguração de um memorial em homenagem às vítimas da covid-19 no Brasil. Como não tinha o que falar a não ser disparar novamente a sua metralhadora verbal, Randolfe sai-se com essa de ameaçar o chefe da PGR, Augusto Aras.
Na ocasião, o senador disse que, mais de quatro meses após a apresentação do relatório, era esperado que a PGR se manifestasse sobre os pedidos de indiciamento para pessoas com foro especial, sejam transformá-los em inquérito, apresentar uma denúncia ou até arquivá-los. Mas o que Randolfe Rodrigues omite é que o papelucho que o relator Calheiros e o presidente Aziz enviaram à PGR é um amontoado de confusões e suposições, disse Aras, em resposta, no mesmo dia.
Randolfe afirmou que se reuniu com representantes da PGR. Na reunião, foi pedido à cúpula da CPI para que individualizasse as provas. O material foi entregue na quinta-feira. O texto do documento diz que espera “evitar demais delongas” para uma ação da PGR, se achando no direito de dar ordens de trabalho na instituição independente.
Seguidores do presidente Jair Bolsonaro se manifestaram nas redes sociais que não darão sossego ao presidente do Conselho de Ética do Senado, senador Jayme Campos (União Brasil/MT), enquanto ele não der prosseguimento ao pedido de Flávio Bolsonaro.
Confira quem são os senadores que compõem o colegiado aqui.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
1 comentário em “Ameaça de Randolfe motiva representação no Conselho de Ética”
Parabéns pela reportagem, muito precisa e independente !