Na manhã desta terça-feira (24), o Ministério Público Estadual (MPPA) e Ministério Público Federal (MPF) reuniram-se com representantes de vários órgãos públicos para alinhar a atuação para monitorar a qualidade da água do Rio Tocantins após o desabamento de uma ponte em Estreito (MA). O ocorrido culminou com a morte de quatro pessoas, o desaparecimento de outras 13 e dois caminhões que transportavam produtos químicos no fundo do rio, caindo de uma altura de mais de 40 metros. Com isso, houve temor de contaminação das águas.
Prefeituras de cerca de 15 municípios a jusante (abaixo de onde ocorreu a tragédia), nos estados do Tocantins, Maranhão e Pará passaram a publicar notas e aconselhar seus moradores a não consumir a água do Rio Tocantins, ou mesmo ter contato com ela.
Nesta manhã, representantes de dez órgãos se reuniram na sede do MPPA. Foram eles: Defesa Civil de Marabá, Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (CREA-PA), representante da Comissão de Transição de Governo de Marabá, químico da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Promotoria de Justiça de São Geraldo do Araguaia e Instituto Evandro Chagas.
O representante de cada órgão informou como está atuando para que haja mitigação de eventual dano ambiental, sobretudo quanto à potabilidade da água, para que a população não venha a ficar desabastecida. A promotora Alexssandra Mardegan solicitou que haja uniformidade no trato com a informação, para que a comunidade seja informada de forma precisa, mas sem alarde. Também ficou definido que, após análise da qualidade da água no município pelo Instituto Evandro Chagas e Semas, será expedida nota técnica conjunta pelos diversos órgãos locais, para trazer segurança nas informações prestadas à sociedade.
A Agência Nacional das Águas (ANA) expediu nota técnica na tarde desta terça. Segundo o órgão, as análises de resposta direta envolvem o PH, que não mostrou alteração nas análises feitas no Maranhão. Para outras análises mais específicas, estão fazendo coletas de material desde a madrugada de segunda-feira, que estão sendo enviadas para laboratórios competentes;
Pelos cálculos realizados pelos peritos da ANA, com simulações envolvendo todo o material pesticida contido nos caminhões, ele rapidamente seria diluído em função da grande vazão do Rio Tocantins.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA) do Maranhão e a ANA vão determinar, juntas, parâmetros básicos de qualidade da água e coletadas amostras para análises laboratoriais dos principais parâmetros de interesse dos operadores de sistemas públicos de abastecimento de água, em especial dos princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do Rio Tocantins. As amostras serão coletadas em cinco pontos no trecho de aproximadamente 135km desde o reservatório da Usina Hidrelétrica Estreito até o município de Imperatriz (MA). As análises serão realizadas com apoio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente. Amostras também foram coletadas e enviadas para análise pela Agência Tocantinense de Saneamento (ATS) e pela empresa Engie, responsável pela operação de usinas hidrelétricas no Rio Tocantins. Adicionalmente, técnicos do Serviço Geológico do Brasil (SGB) foram encaminhados à região para medição de vazão e determinação de parâmetros básicos de qualidade da água.
Na próxima quinta-feira (26), a partir das 16h, a ANA realizará a Reunião da Sala de Crise para Acompanhamento dos Impactos sobre os Usos Múltiplos da Água Decorrentes do Desabamento da Ponte sobre o Rio Tocantins. Além da agência, participarão do encontro representantes das seguintes instituições: Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC/MIDR); Ibama; Serviço Geológico do Brasil (SGB); Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN); Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT); MMA; Ministério da Saúde; SEMA/MA; Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Tocantins (SEMARH/TO); Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (SEMA/PA); companhias de abastecimento de água ATS, BRK e Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (CAEMA); dentre outros atores.
IBAMA DIZ QUE NÃO HOUVE VAZAMENTO
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e mergulhadores da Marinha do Brasil avaliaram, em uma operação conjunta, nesta terça-feira, as condições dos tanques dos caminhões com cargas tóxicas após caírem no desabamento da ponte em Estreito.
Segundo o Ibama, os dois tanques com capacidade para 79 toneladas de ácido sulfúrico, foram visualizados e avaliados pelos mergulhadores, que não encontraram vazamentos, ou seja, estão intactos e sem avaria que colocaria em risco a qualidade da água. Sobre o outro caminhão, com 22 mil litros de pesticidas, os mergulhadores ainda não têm informações.