Má notícia para os três mais populosos municípios do Pará nesta segunda-feira (22), em que se comemora o Dia Mundial da Água: Belém, Ananindeua e Santarém estão entre os municípios mais emporcalhados do Brasil, no que diz respeito a (falta de) saneamento básico. Parece notícia antiga, mas é, pela enésima vez, a constatação anual do Instituto Trata Brasil de que nada mudou. A entidade divulgou hoje o seu novíssimo “Ranking do Saneamento 2021”, com dados consolidados da situação das 100 maiores cidades brasileiras em 2019, e as cidades paraenses aparecem em destaque negativo por ocuparem as últimas posições.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que folheou o estudo na íntegra e verificou que a década encerrada em 2020 foi praticamente perdida no Pará, no tocante à oferta de serviços essenciais como água encanada e coleta e tratamento de esgoto.
No conjunto de indicadores que perfazem o saneamento básico, Ananindeua é a 3ª pior cidade do país, e isso se arrasta há oito pesquisas consecutivas, tendo ocupado a pior posição nacional nos anos de 2020, 2017 e 2016. Ananindeua também é lanterninha em população atendida por rede de esgoto. Santarém, por seu turno, nunca esteve de fora das dez piores no assunto, e chegou ao fundo do poço em 2015, quando se expôs com o 2º pior saneamento básico brasileiro.
Mas a situação de Belém é, de longe, a mais delicada. A metrópole, uma das capitais mais importantes (ou que deveria ser) do país, era para ser referência no estado em políticas públicas positivas, bem como em prestação de serviços públicos de qualidade para garantia do desenvolvimento humano. Só que é praticamente tudo ao contrário. A julgar pelo saneamento básico, Belém reflete e é refletida no Pará.
Sexta pior cidade brasileira em saneamento atualmente, Belém chegou a ser a 3ª pior do país em 2016 e tem cobertura de esgoto que chega a somente 15,77% da população. Para piorar, desse esgoto coletado, apenas 2,82% são tratados. Além disso, aproximadamente 425 mil habitantes em Belém não têm acesso ao abastecimento de água potável e têm de se virar, como podem, para conseguir o líquido precioso numa metrópole paradoxalmente cercada por águas. É como se duas cidades do tamanho de Parauapebas, dentro de Belém, não tivessem acesso à fonte da vida.
Os organizadores do estudo chamam atenção para o fato da falta de investimento em saneamento básico por parte dos municípios, e os paraenses estão entre os que fazem os menores desembolsos. Isso contribui para que essas localidades não consigam avançar e ofertar acesso universal aos serviços de água e esgoto à população. A capital do Pará, por exemplo, investe menos de R$ 40 por habitante em saneamento, enquanto a média das capitais é de R$ 63.
Confira o relatório completo do Instituto Trata Brasil, com o Ranking do Saneamento 2021!
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