Passava das 14h30 de sexta-feira, 22, quando o novo secretário municipal de Cultura de Parauapebas conseguiu almoçar. O carnaval deixa os dias bem agitados, numa grande correria para que tudo dê certo. Há apenas três semanas como titular da Secult, Saulo Ramos já começa a provocar uma grande reviravolta na cultura de uma terra formada por tantas outras culturas regionais atraídas pela rica mineração do município.
Planos, projetos e sonhos – por que não? – estão na agenda de quem, pela primeira vez, assume uma função pública em Parauapebas após uma década residindo no município, onde até há pouco trabalhava com marketing e produção. Nascido em Rondon do Pará, foi lá que Saulo teve a primeira experiência com administração pública ao ser nomeado secretário de Cultura ainda bem jovem, com seus 20 e poucos anos. E foi dele a iniciativa de, à época, realizar a 1ª Conferência Municipal de Cultura do sul e sudeste do Pará.
Agora, aos 35 anos de idade, Saulo Ramos assume a Secult ciente dos grandes desafios impostos pelo verdadeiro “caldeirão cultural” que é Parauapebas. E ele já começou a abrir a cortina do palco cultural, ou melhor, do Pacto pela Cultura, um grandioso projeto assinado pela prefeitura em maio de 2018, considerado um marco cultural, e que estava previsto para ser executado naquele mesmo ano. Ficou na palavra.
Após se reunir com representantes de todos os segmentos culturais de Parauapebas, para saber de suas demandas e expectativas, o segundo passo de Saulo Ramos foi abraçar o Pacto pela Cultura para jogá-lo na prática, com pleno aval do prefeito Darci Lermen. Em conversa exclusiva com o Blog do Zé Dudu, o secretário anuncia: até meados de março deste ano, vai encaminhar à Câmara de Vereadores o projeto que cria a Lei Municipal da Cultura.
A aprovação da matéria, destaca Saulo Ramos, será uma conquista inesquecível para pessoas e instituições que promovem cultura em Parauapebas. “Porque é uma espécie de Lei Rouanet municipal, que vai dar oportunidade para nossos artistas captarem recursos das empresas para desenvolver seus projetos culturais”, explica o secretário.
As grandes e boas notícias não param por aí. A Secult já está preparando os editais para o primeiro concurso de projetos culturais. Serão 50 editais no valor, cada um, de R$ 25 mil, o que representa um investimento total de R$ 1,250 milhão nas ideias de quem aposta na cultura como ferramenta de promoção social. “Já estamos no processo de finalização, o que dará possibilidade ao artista de caminhar com suas próprias pernas e não depender só da secretaria”, comemora Saulo Ramos.
Enquanto os editais são finalizados, a Secult prepara, também para março, cursos de capacitação para os artistas, produtores, agentes e todos os envolvidos com a cultura. “Haverá curso de elaboração de projetos, de como buscar esses recursos, quais os caminhos, os documentos etc, para que as instituições tenham esse acesso. Não adianta ter todas essas possibilidades de recursos se o artista não estiver preparado para poder ter esse acesso”, aponta Saulo Ramos.
Cultura em movimento
Dentro do pacto assinado em 2018, está prevista a realização da Conferência Municipal de Cultura de Parauapebas, que também já começou a ser organizada. A partir do dia 15 de março, a Secult vai realizar o que chama de “setoriais” com os segmentos culturais, como dança, teatro, música. Depois, virão as reuniões regionais, onde as propostas serão fechadas para, por fim, serem levadas à conferência.
A conferência anima Saulo Ramos, só não mais do que aquela que o secretário considera a “menina dos meus olhos”: o Cultura em Movimento, que se propõe a expandir a arte para toda a periferia de Parauapebas em parceria com outras secretarias, como a de Habitação (Sehab), que irá identificar imóveis públicos ociosos para a instalação do projeto. “A perspectiva é que em maio a gente tenha, no mínimo, oito lugares já funcionando”, anuncia o titular da Secult, que inclui nesse número o Centro de Desenvolvimento Cultural (CDC) e o novo Centro Cultural de Parauapebas.
A ideia, claro, é que o Cultura em Movimento seja expandido com o decorrer dos anos, para que jovens e adolescentes dos bairros periféricos tenham acesso ao teatro, à música e à dança e, quem sabe, façam disso uma profissão.
Em cada um dos núcleos, informa Saulo Ramos, a intenção é realizar dois espetáculos por ano ao mesmo tempo em que a prefeitura irá oferecer à comunidade local oficinas rotativas de figurino, maquiagem, cenografia, costura e outras. “A ideia é chegar às famílias com esses cursos, sempre envolvendo a comunidade. E as vagas serão específicas para a comunidade”, enfatiza o secretário.
Saulo Ramos fala com convicção de que é possível, sim, com projetos artísticos e culturais retirar ou evitar que jovens e adolescentes sigam pelo mau caminho. “Eu sou um fã intransigente da cultura. Precisamos ter um olhar diferenciado para ela porque – parece clichê – mas você dar oportunidade para um jovem trocar a arma por um violino, trocar a droga pela dança, é transformação social”.
Ao lado da transformação, complementa o secretário, tem o impulso ao crescimento da economia no município e geração de trabalho e renda. “Nossos projetos estão sendo pensados exatamente pra isso, pra fazer com que a cultura chegue nos bairros. É um pedido do prefeito que a gente use a cultura como mecanismo para resolver vários problemas sociais, potencializar a economia”, diz Saulo Ramos.
Mais planos
Com frequência média de quase sete mil pessoas, por mês, a Biblioteca Pública de Parauapebas será reformada este ano, quando a Secult também irá criar o Selo Amigo da Cultura, para estimular empresas privadas a investir na cultura do município. Por enquanto, não haverá qualquer tipo de incentivo fiscal, mas será bom para a imagem da empresa, que terá a marca associada “a um projeto bacana”, diz Saulo Ramos, que também planeja realizar feiras de artesanato itinerantes por toda a cidade.
Assim, com muito trabalho, o novo titular da Secult tem um sonho: que todos esses projetos, em especial o Cultura em Movimento, se solidifiquem em Parauapebas sem correrem riscos de serem extintos pelos governos que ainda vêm por meras questões político-partidárias. “Espero que esses projetos implantados aqui sejam tão importantes para a cidade que nenhuma gestão que venha tenha coragem de tirá-los. Que sejam vistos como projetos transformadores na vida de muitas pessoas”.
Projetos esses, agradece Saulo Ramos, construídos conjuntamente com representantes de todas as vertentes culturais, que, tudo indica, finalmente ganham a merecida atenção do poder público.
2 comentários em “Ano de 2019 será de transformações culturais em Parauapebas”
Que perfeita esta linha de pensamento!!! Eu acredito totalmente na cultura como agente transformador pois é uma verdade! 😀
Conte com minha empresa para fazer esse sonho virar realidade!
Já estou vendo essa trabsformtran, com uma programaçao carnaval bem fraca. Fico feliz que os artistas locais estejam sendo valorizados. Mas deixar de trazer uma banda de nome nacional p mais peso ao nosso carnaval, é um erro.
Economizam no carnaval p gastar milhões com os acordos políticos .