Com 560 alunos nas salas de aula e nos espaços de reabilitação e centenas na fila de espera, a Apae (Associação dos Pais e Amigos de Marabá) completa nesta quinta-feira (15) 20 anos de fundação. E com direito a comemoração no Shopping Pátio Marabá, onde ocorre exposição dos trabalhos artísticos feitos pelos alunos e também de artesanato feito em conjunto com os pais deles. A programação, que começou às 10h, vai até às 22h, com apresentação de danças, encenações e folclore como o boi-bumbá. Nem tudo, porém, tem sido festa nessas duas décadas de existência.
Segundo a secretária Financeira, Marilande Carvalho, hoje a Apae conta com 64 funcionários, entre pessoal especializado e pessoal de apoio, e arca com uma despesa mensal que beira os R$ 45 mil. “Com muita dificuldade conseguimos chegar até aqui. Não foi fácil, mas muitas pessoas boas de Marabá nos ajudaram”, salienta ela, lembrando que essa ajuda vai desde as moedas colocadas nos cofrinhos instalados em estabelecimentos comercias até doações feitas por empresas da cidade, hoje entre 10 e 15, e um convênio com a prefeitura, que mantém uma escola especializada dentro da entidade, cujos funcionários da parte pedagógica e vários do setor clínico são pagos pelo município.
Trabalho gigantesco
Cerca de 3.500 pessoas com deficiência intelectual e com outras deficiências já passaram pela Apae desde sua fundação, em 1998, e a sociedade, ressalta Marilande mais uma vez, “tem papel fundamental nesse trabalho” gigantesco, cujos recursos saem também de campanhas realizadas pela instituição.
Na avaliação da diretora da Apae, Socorro Cavalcante, são 20 anos de muitas emoções. “A gente faz um resgate da história e isso nos emociona muito porque muita gente faz parte dessa história”, afirma ele, destacando, inclusive, o papel da Imprensa marabaense nessa trajetória.
“A Imprensa está sempre conosco e é nossa voz na sociedade, onde a gente fala do movimento apaeano, dessa gratidão que nós temos e por toda a nossa clientela, as pessoas com deficiência intelectual”, afirma ela.
Socorro salienta que hoje é dia de as pessoas irem ao shopping para conhecerem mais a Apae, apreciarem as atividades artísticas, falarem com os profissionais, tirarem dúvidas e saberem que o trabalho é sério e que podem também contribuir para a continuidade dele. “É a única instituição especializada do município, que atende pessoas com deficiência intelectual e múltipla, não só de Marabá, como das regiões circunvizinhas”, detalha ela.
Um desafio a cada dia
Indagada sobre como vem conseguindo manter a instituição de pé, Socorro Cavalcante, que há 16 anos dirige a Apae, diz que, para ela, cada dia é um dia novo. “Trabalhar na Apae, para mim, cada dia é um desafio, é algo novo que vai surgindo, são pessoas novas que vão surgindo, novas deficiências que vão surgindo”, comenta.
“Mediante a crise que hoje nós passamos, o desafio continua. Eu esqueço o tempo, eu acho que eu só tenho um dia, mas são 20 anos de movimento desde que a Diocese nos chamou para ser parceira junto com a Apae. Eu nunca imaginei que iria administrar a Apae por tantos anos assim”, confessa.
A semente da Apae em Marabá foi plantada por técnicos multidisciplinares, como médicos, fisioterapeutas, pediatras e pedagogos, entre outros como Diocese, peça fundamental para a criação da entidade.
Emocionada, Socorro lembra nomes como do médico e prefeito Geraldo Veloso e dos empresários Leonildo Rocha, André Barbosa, Francisco Diamantino e Gilberto Leite, todos já falecidos. “Hoje nós temos um cenário muito lindo lá no céu”, afirma ela, citando ainda o vereador Miguelito Gomes, a médica Luzinete Cavalcante, o professor Melquíades Justiniano da Silva e o prefeito Tião Miranda, um “grande incentivador”, assim como a ex-vereadora Júlia Rosa.
Fazendo a diferença
“Além desses, muitos outros representantes da sociedade de Marabá fizeram a diferença e acreditaram que a Apae seria uma instituição que teria continuidade e seria séria para que pudesse fazer toda a diferença no nosso município”, reconhece Socorro Cavalcante.
Para o presidente da Apae, o empresário Winston Diamantino, é muito gratificante porque é uma entidade que ajuda pessoas como deficiência, mas, de outra parte, “é um grande desafio trabalhar sem dinheiro”.
“Quem tem nos ajudado muito são os doadores, pessoas comuns da cidade. O prefeito também ajuda muito com parte da folha de pagamento e com os convênios. E o Ministério Público reverte multas em ajuda financeira à Apae”, lembra ele.
Winston observa que hoje a fila de espera da Apae tem cerca de 500 pessoas e diz que, se a entidade tivesse mais recursos, poderia atender a todos. Lembra que crise prejudicou, pois muitas empresas que colaboravam com o trabalho fecharam e outras não puderam mais colaborar. “Vale ressaltar que a ajuda do prefeito Tião Miranda tem sido fundamental para a Apae, pois, mesmo quando enxugou as contas da prefeitura, mesmo diante das dificuldades, ele manteve o nosso convênio”, assinala.