Após carta apócrifa, comandante da PM em Marabá “cai” e alega inocência

Continua depois da publicidade

Por Ulisses Pompeu  – de Marabá

Acusado de receber propina em uma carta anônima que chegou ao comando da Polícia Militar, em Belém, o tenente-coronel José Sebastião Monteiro Valente Júnior foi exonerado de suas funções como comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) e do Comando de Policiamento Regional II (CPR II), em Marabá.

A passagem de comando acontece na manhã de sexta-feira (22) no auditório da Faculdade Metropolitana. Quem assume o BPM e o CPR é o tenente-coronel Barbosa.

Segundo o coronel Monteiro, ele mesmo foi quem solicitou seu afastamento após abertura de um o procedimento para investigar denúncias contidas em carta apócrifa que começaram a circular na cidade.

As acusações estão em um texto assinado em 19 de dezembro de 2012, em nome da Associação dos Cabos e Soldados do Estado do Pará – Subseção do Sudeste do Pará – por uma pessoa que se identifica como cabo Da Silva.

O Grêmio Representativo da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Pará, em Marabá, entretanto, já se manifestou negando a autoria do documento. Além disso, o cabo o qual aparece assinando o texto afirma que seu nome está sendo usado e não reconhece a veracidade do documento.

A correspondência diz que Monteiro recebe parte de R$ 45 mil para fazer a segurança do Distrito de Serra Pelada e que esse dinheiro viria de uma empresa que explora o garimpo; que coordena “bicos” dos policiais oferecendo segurança a diversas empresas, que também são citadas na carta; e que utiliza servidores para fazer reintegrações de posse ilegais, citando o baleamento de um tenente da PM ocorrido no ano passado. São citados, ainda, diversos outros policiais que seriam coniventes com a situação.

EXPLICAÇÃO

Monteiro, no entanto, justifica que, quando o documento foi assinado, em dezembro, era comandante apenas do 4º BPM, não tendo nenhum poder sobre a área em Serra Pelada, que é comandada pelo 23ª Batalhão de Polícia Militar, situado em Parauapebas.

Sobre a acusação de “bicos”, Monteiro se limitou a dizer que essa situação não existe e que não pactua com a atividade ilegal. “Não pactuo com pilantragem e com vagabundo. Sempre combati a corrupção e os desvios de conduta e acho que fui um dos comandantes que mais abriu procedimentos aí, quebrando muito esquema de policiais que ficaram incomodados com a minha presença”, comentou.

Em relação ao baleamento que feriu um tenente numa fazenda no ano passado, o tenente-coronel informou que era uma manhã de sábado quando recebeu uma ligação dizendo que quatro policiais haviam sido baleados e descobriu que os homens sequer trabalhavam no 4º BPM.

“Na hora eu fui querer saber o que estava acontecendo e soube que não era pessoal nosso e que ninguém de Belém havia pedido autorização. Ou seja, mandei a ajuda no socorro, mas comuniquei o fato à Corregedoria. Eu tenho a cópia desse procedimento que foi aberto e eram policiais de
fora que estariam fazendo bicos lá”.

O ex-comandante do 4º BPM contou à reportagem que soube das denúncias apócrifas no dia 12 deste mês e, imediatamente, se reportou ao comando geral da Polícia Militar. “Mediante essas graves  denúncias o comandante-geral me chamou também preocupado com essa situação. Falei para ele que ficasse à vontade para apurar e fiz um documento, protocolado no mesmo dia, solicitando meu afastamento do CPR II e do Batalhão”, disse. Segundo ele, o afastamento deve durar o tempo necessário para ser encerrado o Inquérito Policial Militar, já instaurado e com duração média de 30 dias.

Apesar disso, segundo o oficial, ele exige que, caso o inquérito não aponte culpa, seja reconduzido ao seu posto na cidade. “Eu não vou sair de Marabá dessa maneira, eu tenho um nome a zelar e tenho uma história na Polícia Militar, por isso não vou aceitar essa situação”, declarou.

Para o ex-comandante, a divulgação das denúncias é uma clara tentativa de atrapalhar sua promoção para a patente de coronel, à qual está concorrendo em 21 de abril próximo. “Eu faria, em 10 de maio, dois anos de comando em Marabá e o que me surpreende é que estou concorrendo à promoção de coronel fechada agora em abril e a carta está datada de dezembro, mas só foi divulgada agora. A pessoa esperou chegar próximo à promoção para me atingir”, destacou.

O trabalho realizado pelo policial militar em Marabá é considerado de competência por cidadãos e instituições públicas e desde sua chegada houve diminuição nos casos de homicídios, por exemplo.

7 comentários em “Após carta apócrifa, comandante da PM em Marabá “cai” e alega inocência

  1. WANGLER R. BARROS Responder

    Concordo parcialmente. Pois atualmente há inúmeras maneiras de denunciar, e com muita facilidade. Aí estamos de frente de mais uma denuncia, embora anônima. Mas defendo, veementemente, que as denuncias sejam fundamentadas, e sendo este espaço utilizado convenientemente, com responsabilidade. Em todos os segmentos da sociedade há as bandas podres e boas/excelentes. No caso telado, o policial denunciado NÃO merece. Basta fazer uma breve e simples análises sobre o seu histórico de atuações durantes os longos anos da sua carreira policial. Todos nós, que o conhecemos, devemos defendê-lo muito. É também um homem de origem, hábitos e costumes simples e humildes. Chegou onde está por seus méritos próprios, com dignidade e com muito sacrifício.

  2. Anônimo Responder

    A inexistência de provas contra policiais, civis e militares, está mais associada ao medo da população que da ausencia de indícios suficientes de autoria e materialidade dos delitos diuturnamente praticados, a exemplo da invasão diária, em qualquer hora do dia e da noite, sem mandado judicial, arrombando portas das casas de morada dos mais humildes, órfãos de advogado e repudiados pela influencia social e politica.

  3. WANGLER R. BARROS Responder

    Investigar qualquer tipo de “denuncias” é obrigação das Instituições competentes. Todavia é inconveniente utilizar, levianamente, esses espaços oferecidos democraticamente pelos meios de comunicações, na intenção única de denegrir as pessoas, pontualmente. Também sou de Parauapebas e conheço detalhadamente a situação da nossa Serra Pelada. Tenho a convicção de que o íntegro Ten. Cel. Monteiro, até mesmo na visão panorâmica de um Gestor/Administrador, não terá provas que o incriminem. Imaginem o cenário em que venha surgir denuncias de “irregularidades” contra um profissional bem após 30 anos de inquestionável atuação, às vésperas de sua aposentadoria. Analisem com isenção e inteligência!

  4. Anônimo Responder

    Em Parauapebas não é diferente. Na rua do Comércio praticamente todos os comerciantes pagam pela segurança a um tal Cabo Alan; na 14, todo mundo vê os policiais entrarem no Galego, fardando e saindo de viatura, para pegar a “taxa de segurança”; no bairro da Paz, são os puteiros e o Bar Opção que garantem a “caixinha”; no Bela Vista, é o Eventual que paga; na entrada da cidade, são os da Policia Rodoviária que seguram CNH até que alguém traga a “multa”, em dinheiro, e sem registro!

  5. anonimo Responder

    isso nao pode ser provado mais tem sim q ser investigado pois sou de serra pelada e o marjor monteiro tem sempre sua figura vinculada as empresas e a direçao da coomigasp… e so investigar e veram q essas denuncias sao veridicas desde de 2006 q esse bando tem privilegios como o comandante e se for contra vai preso ou entra na taca assim e serra pelada

  6. WANGLER R. BARROS Responder

    Conheço e acompanho o Ten Cel Monteiro e o seu trabalho, há 10 anos. Sempre aplicou energia nas suas ações, inclusive operacionais. Detém invejável caráter e humanismo.Lamento que ainda existam pessoas que utilizam as possibilidades democráticas, no nosso País, para se propor a emitir acusações infundadas, no única finalidade de prejudicá-lo logo às vésperas da sua merecida promoção. Mas tenho a evidente certeza de que ele realizará os seus sonhos, de projeto conquistado no longo da sua vida: reformar-se na PM no merecido cargo de Coronel Fechado. Ele dedicou o melhor da sua vida, à causa Polícia Militar do Estado Pará, juntamente com a sua bela família (cerca de 30 anos).

  7. Anônimo Responder

    Ah tá, não existe bico??? hahaha parece até piada!
    Lógico que existem pms que fazem bicos. O que surpreende é o coronel dizer que não existe e que não sabe de nada. Nunca ninguém parou para pensar nas “coincidências” que existem… qdo um comércio é assaltado, SEMPRE tinha um pm apaisana passando no local e decidiu agir?! É um absurdo. Tomara que essas investigações resultem em alguma coisa que preste.
    Se vc tiver acesso a carta, Ze Dudu, publica pra gente ver. Ab

Deixe seu comentário

Posts relacionados