Após quatro mortes, governo decide proteger agricultores

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Grupo de trabalho vai analisar lista de 125 pessoas que estão sob ameaça de morte

Após quatro assassinatos de agricultores no Pará e Rondônia, na semana passada, o governo federal decidiu intensificar a Operação Arco de Fogo, criada em 2008, para conter a onda de violência no campo e coibir a extração ilegal de madeira na Amazônia. Durante reunião de emergência no Palácio do Planalto, ontem, o presidente em exercício, Michel Temer, anunciou a criação de um grupo de trabalho interministerial para acompanhar a investigação dos assassinatos e acelerar ações de combate ao desmatamento na Amazônia.

O secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, informou que o governo dará proteção aos que vivem sob ameaça de morte, mas disse que será estudado caso a caso. Uma lista com 125 nomes de ameaçados elaborada pela Comissão Pastoral da Terra será entregue ao grupo.

“Nossas ações são uma resposta aos óbitos. Vamos recrudescer a fiscalização e investigação e fortalecer as ações para desenvolvimento sustentável na região”, afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence.

Principal suspeito da morte do líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, 57 anos, o agricultor Ozeas Vicente, 38, foi preso ontem, em Extrema de Rondônia, perto de Porto Velho. Ramos foi atingido por seis tiros na sexta-feira. Segundo a polícia, ele vinha recebendo ameaças de morte de madeireiros da região

Pará

O governador do Pará, Simão Jatene, considerou positiva, nesta segunda-feira (30), a decisão do governo federal de colaborar com o Estado na resolução dos problemas que acirram os conflitos de terra na Amazônia. Jatene recebeu ligação do presidente em exercício Michel Temer, propondo a união de forças para evitar que esse crise se acentue.

“É importante que o governo federal esteja interessado em ajudar”, destacou Simão Jatene, que no dia 26 passado tomou iniciativa semelhante, convidando os procuradores da República no Pará a aliar-se na busca de soluções definitivas para esses conflitos. O governador roga, no entanto, que essa disposição não se esgote num episódio e se dê de forma firme e permanente, mesmo depois que a crise atual seja contornada e perca os holofotes da grande imprensa.

“É necessário romper com o hábito histórico e a equivocada tradição de transferir responsabilidades para esconder fragilidades. O crime deve ser punido por todas as esferas de governo”, argumentou Simão Jatene. Segundo o governador, o presidente em exercício Michel Temer, no telefonema, disse que é preciso que os governos federal e estadual encontrem maneiras de trabalhar em cooperação para cortar o mal pela raiz.