Brasília – Enquanto o mundo segue aflito com os desdobramentos da guerra no Leste Europeu, após a invasão da Rússia na Ucrânia, o conflito desviou a atenção para uma das maiores barbaridades cometidas por um país em tempos modernos. No sábado (12/03), a Arábia Saudita, maior produtor de petróleo do mundo, executou 81 pessoas acusadas de vários crimes.
Relatórios de entidades de direitos humanos dizem que é a maior execução em massa da Arábia Saudita na história moderna. Encabeça a execução de 63 militantes após o pior ataque terrorista de todos os tempos na Grande Mesquita de Meca em 1979.
A agência estatal de imprensa saudita anunciou as execuções em 12 de março, dizendo que “os indivíduos mencionados foram presos, julgados em tribunais sauditas, por meio de julgamentos supervisionados por um total de 13 juízes em 3 estágios separados de julgamento para cada indivíduo.”
O informe acrescentou que: “Os Crimes cometidos por esses indivíduos também incluem jurar lealdade a organizações terroristas estrangeiras, como ISIS [ISIL], al-Qaeda e os houthis.”
Segundo o Ministério do Interior saudita, a maioria dos executados eram sauditas, informou o jornal norte-americano Wall Street Journal.
Eles também observam que mais da metade era da minoria muçulmana xiita, sete dos mortos eram cidadãos iemenitas e um era sírio.
No entanto, o Jornal informa que o Ministério do Interior não divulgou os métodos de execução, que no passado incluíam a decapitação à espada.
Não está claro o que causou essas execuções no sábado especificamente, embora ocorram quando a maior parte do mundo olha para a Ucrânia e a Rússia.
Sentenças de morte podem ser aplicadas para uma ampla variedade de crimes não violentos na Arábia Saudita, “incluindo apostasia, feitiçaria e adultério”, observou o Departamento de Estado dos EUA em uma avaliação de 2019 do histórico de direitos humanos do país.
“A pena de morte é uma punição abominável e desumana. Não há evidências críveis de que detenha o crime mais do que as penas de prisão”, disse Clare Algar, diretora sênior de pesquisa, defesa e política da Anistia Internacional, ao comentar sobre as execuções que ocorreram em 2019.
Em 2021, o reino saudita realizou 67 execuções e 27 em 2020, segundo o jornal londrino The Guardian.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.