Por Ulisses Pompeu – de Marabá
Oito filhotes de araras acabam de chegar à Fundação Zoobotânica de Marabá (FZM), depois de terem sido apreendidas por fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Jacundá na última quinta-feira, dia 24.
Algumas das araras ainda estão ganhando as primeiras penas e já foram retiradas do convívio da mãe. No mercado negro, elas podem valer juntas até R$ 500 mil.
Agora em local seguro, as aves recebem tratamento diferenciado dos biólogos e tratadores da fundação porque estavam bastante estressadas e corriam risco iminente de morte.
Segundo o biólogo Manoel Ananis, como a Secretaria de Meio Ambiente de Jacundá não tem local adequado para colocar os filhotes, acionou a Semma de Marabá, que levou a equipe da FZM, que ficou como fiel depositária dos animais.
Os animais foram encontrados em caixas de tomate dentro de um veículo na rodovia PA-150, mas o condutor conseguiu evadir-se do local. “Pelo que a gente percebeu, eles estavam cerca de dois dias se serem alimentados e quase morreram”.
Entre as araras, há três jandaias (amarelas), aves que devem ter sido trazidas do Nordeste do Pará ou do Maranhão e estão em alto risco de extinção.
Outras cinco aves apreendidas são araras vermelhas. Todas as oito recebem tratamento especial no ambulatório do Parque da Fundação Zoobotânica de Marabá. Segundo Ananis, a mais velha entre as araras tem, no máximo, três meses de vida, mas esses animais dependem dos cuidados e alimentação da mãe de seis meses a um ano.
Eles ficarão no Parque da FZM até aprenderem a voar, para serem soltos na natureza, ou então ficarão no recinto de outras 28 araras (18 são vermelhas, duas azuis e oito Ipiranga) que já vivem no parque e que também foram apreendidos com traficantes. “Precisamos cobrar dos órgãos ambientais uma fiscalização mais rígida, porque está virando rotina a apreensão de animais. O ideal é que eles não cheguem para nosso cuidado, mas que permaneçam na natureza”, observa.
Na última vez que chegaram aves para a FZM, foram 42 filhotes apreendidas e todos foram encaminhados ao Parque Zoobotânico de Carajás, porque, há época, não havia estrutura no parque local para recebê-los.
O biólogo Manoel Ananis revela que toda semana chegam animais novos na Fundação Zoobotânica de Marabá, sendo a maioria oriunda de apreensão pelos órgãos de segurança, como Ibama e polícias. Os mais comuns são quatis e macacos.
Ananis faz uma conta do tráfico de animais. Segundo ele, das cinco araras vermelhas, bastante fragilizadas, apenas uma chegaria com vida no destino final. “Mas para o traficante isso é lucro, porque uma arara vermelha no mercado negro internacional pode chegar até a R$ 70 mil. Não tenho informações sobre o valor exato da amarela, mas também é bastante valorizada e possivelmente o preço da vermelha. Assim, juntas, elas poderiam custar cerca de R$ 560 no mercado negro americano. Os traficantes locais vendem por cerca de R$ 10 a 15 mil, o que ainda compensa pelo trabalho que eles têm”, explica.