Arrecadação de Parauapebas fecha quadrimestre em queda de R$ 100 milhões

Capital do Minério não via seu faturamento desacelerar de um ano para outro desde 2016, e no curto período entre 2017 e 2021 receita líquida triplicou. Diminuição dos royalties pode explicar

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O ano de 2022 ainda não acabou, mas pelo andar da carruagem Parauapebas vai repetir um “fenômeno estranho” visto pela última vez apenas em 2016: o fantasma da queda da receita. De janeiro a agosto, a prefeitura do segundo mais rico município paraense arrecadou oficialmente, em receita líquida, R$ 1,613 bilhão, menos que o R$ 1,717 bilhão registrado no mesmo período do ano passado. São ao menos R$ 104 milhões que vão deixar saudade.

A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados da mais recente prestação de contas que a Prefeitura de Parauapebas concluiu e remeteu aos órgãos de controle externo referente ao segundo quadrimestre deste ano. O Blog também vasculhou as prestações de contas dos últimos dez anos para posicionar a arrecadação atual na linha do tempo.

Desde 2013, os cofres do município já foram irrigados com a montanha de R$ 14,12 bilhões. No período entre 1989 e 2012, foram outros R$ 6 bilhões, em valores corrigidos, o que totaliza R$ 20 bilhões já arrecadados pela Capital do Minério desde sua emancipação político-administrativa, quantia suficiente para fazer dela uma daquelas cidadelas americanas ou europeias que aparecem no cinema, lindas, limpas e prósperas.

Apesar da bonança, a lei da gravidade das finanças não perdoa: assim como a receita local subiu rapidamente de 2017 a 2021, praticamente triplicando, tende a descer, e os sinais começaram a ser dados este ano. Em 2017, quando o prefeito Darci Lermen retornou à prefeitura, a arrecadação líquida fechou o ano em R$ 962,5 milhões. Daí para frente, ele organizou uma marcha regional para ampliar a participação de Parauapebas nas duas principais receitas do município e fazê-las crescer. Deu certo.

A Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) melhoraram como nunca nas mãos de Darci, de maneira que fizeram a arrecadação total do ano passado disparar e encerrar em R$ 2,798 bilhões, algo extraordinário. Porém, o minério de ferro, principal produto local e que é extremamente dependente das ações da Vale e do humor comercial da China, viu sua cotação desabar à metade em relação a 2021. Por efeito, derrubou em cerca de 40% os repasses da Cfem este ano, desacelerando a arrecadação municipal, que caiu R$ 104 milhões até o momento.

Mas nem de longe o problema das contas de Parauapebas é a queda na arrecadação. É, antes de tudo, a subida desenfreada das despesas, que persistem em se manter em patamar elevado mesmo com a arrecadação em declínio. Em 12 meses corridos, o principal dos gastos, que é a despesa com pessoal, chegou a R$ 1,124 bilhão, praticamente o dobro da vizinha Marabá, que desembolsou R$ 579,452 milhões com seu funcionalismo público municipal.

Na prática, a despesa com o funcionalismo da Capital do Minério já está 38% acima do inicialmente previsto no orçamento, que foi um gasto de R$ 813,3 milhões com o pagamento de salários e encargos sociais. E olha que o ano ainda não acabou.

Confira a receita líquida de Parauapebas nos últimos 10 anos, considerando, em 2022, apenas o período de janeiro a agosto.

2022 — R$ 1.612.847.121,36* (de janeiro a agosto)

2021 — R$ 2.797.804.947,18

2020 — R$ 1.952.103.558,67

2019 — R$ 1.594.677.021,60

2018 — R$ 1.151.911.945,99

2017 — R$ 962.465.749,88

2016 — R$ 896.092.875,48

2015 — R$ 939.280.316,87

2014 — R$ 1.043.271.665,96

2013 — R$ 1.169.380.737,71