O site Notícias da Mineração do Brasil (NMB) informou hoje (26) que a Associação Brasileira das Empresas de Movimentação e Transporte de Cargas Superpesadas (Associpesa) denunciou, na Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, a Vale e a belga Sarens, contratada para transportar módulos da usina de beneficiamento do projeto S11D, em Carajás (PA). Segundo o presidente da associação, Henrique Zuppardo, a Sarens não estava legalmente apta a realizar o serviço e a contratação foi feita de forma irregular.
A mineradora e a empresa de transportes especiais foram autuadas pelo departamento de fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), na última quarta-feira (19), segundo afirmou Zuppardo ao NMB, com multa de R$ 5 mil. A Sarens teria fechado um contrato com a Vale para carga, transporte, descarga e posicionamento dos módulos.
O presidente da Associpesa também criticou o fato de o projeto S11D ser um empreendimento que conta com financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, ainda assim, a Vale ter optado por contratar uma empresa estrangeira.
“A Associpesa primeiro denunciou a irregularidade de contratação desta empresa estrangeira em todas as instâncias da Vale e, por último, à sua ouvidoria, mostrando as ilegalidades cometidas pela empresa contratada e questionando, principalmente, sobre a forma e onde eram efetuados pagamentos do serviço, já que se trata de obra financiada pelo BNDES. Há um princípio de isonomia com as empresas brasileiras, código de ética e transparência com os seus acionistas”, afirmou Zuppardo ao NMB.
Procurada nesta terça-feira (25), a assessoria de imprensa da Vale disse que não foi informada sobre a autuação da ANTT e que não há novidades sobre o assunto. A reportagem também entrou em contato com a Sarens, mas, até o momento da publicação, não houve retorno.
Segundo Zuppardo, o transporte de equipamentos que possuem entre 200 e 1.000 toneladas e ocupam toda a pista exige um veículo nacionalizado, inspecionado e emplacado. É necessário também que o pagamento do frete esteja registrado em sistemas oficiais, em conjunto com uma nota fiscal. O serviço prestado pela Sarens para a Vale em S11D gira em torno de R$ 1 milhão por peça, incluindo o transporte e a montagem, segundo estimativa do jornal Folha de S.Paulo.
“Um projeto financiado em R$ 6,2 bilhões pelo BNDES, gerando conhecimento e emprego para o trabalhador estrangeiro. Será que o BNDES, o acionista, a CVM [Comissão de Valores Mobiliários], o trabalhador brasileiro e outras instituições, neste momento com alta taxa de desemprego, estão cientes do porquê desta contratação da empresa belga Sarens?”, disse Zuppardo.
A Associação Latino Americana das Empresas de Movimentação e Transporte de Cargas (Alatrans) e a Associpesa estão, segundo Zuppardo, “denunciando operações estranhas com as empresas estrangeiras, como vinham ocorrendo em algumas contratações do mercado interno antes da operação Lava Jato, principalmente na área de infraestrutura, fertilizantes, óleo e gás e mineração”.
A Sarens é especializada em movimentação e transporte de cargas pesadas. A empresa tem escritórios em todos os continentes, incluindo três endereços em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE). Além de serviços para a Vale, a Sarens trabalhou na troca de componentes do alto-forno da ArcelorMittal, em Vitória (ES), segundo informações de seu website.