O crescimento, ainda que tímido, da indústria paraense em abril — altamente concentrada na extração de recursos minerais — mostra que o Pará conseguiu se desvencilhar do pico da segunda onda da Covid-19, que assolou o país duramente, de novo, entre março e maio e derrubou a produção de nove dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Pará marcou 0,3%. Só ele, Paraná (0,2%), Rio Grande do Sul (0,3%), Espírito Santo (0,5), Rio de Janeiro (1,5%) e Amazonas (1,9%) não sucumbiram aos efeitos nefastos contra a economia.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou a Pesquisa Industrial Mensal da Produção Física (PIM-PF) divulgada nesta quarta-feira (9). Os números mostram que, além do cenário de estabilidade de março para abril deste ano, o Pará cresceu 6% frente a abril do ano passado e 3,8% no primeiro quadrimestre de 2021. No acumulado de 12 meses corridos, no entanto, o estado cai 0,4%, patamar que certamente será revertido nos próximos meses.
O gerente da PIM-PF, Bernardo Almeida, confirma a análise do Blog. “O resultado de abril é explicado pelo agravamento da pandemia de Covid-19, com medidas restritivas mais duras que resultaram em diminuição ou escalonamentos na jornada de trabalho, o que atinge a produtividade”, disse em entrevista para a Agência de Notícias do IBGE.
Culpa é do minério
A produção física de minério de ferro em Carajás é a grande responsável pelo abril pálido, mas nada ruim, da atividade industrial do Pará. O município de Parauapebas, maior produtor, até avançou sua produção, que saltou de 5,4 milhões de toneladas em 2020 para 6,8 milhões de toneladas em 2021, mas Canaã dos Carajás contribuiu com o efeito inverso, já que a produção deste despencou de 6,9 milhões de toneladas em abril do ano passado para 5,36 milhões de toneladas em abril deste ano. Curionópolis, por seu turno, contribuiu com 279 mil toneladas este ano, enquanto no ano passado não produziu por conta da suspensão das atividades de Serra Leste.
O minério de ferro tem papel fundamental no portfólio paraense porque é o produto com maior volume físico para impactar a cesta. Mas também entram na conta a indústria extrativa de minérios de cobre, alumínio e manganês; a indústria de transformação de ferro-gusa e alumínio bruto; a indústria de papel e celulose; a indústria de comidas e bebidas; e a indústria madeireira. O IBGE cobre 32 produtos paraenses derivados desses nichos.