O desempenho mais fraco da extração de minério de ferro em Parauapebas este ano, em relação ao ano passado, é um dos motivos pelos quais a produção industrial paraense despencou dois meses atrás. De agosto para setembro, a queda registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 8,3%, a maior do país. E no comparativo com setembro de 2018, base de análise principal, a derrocada foi de 2%. As informações foram divulgadas ontem (8) por meio dos indicadores conjunturais da indústria organizados pelo IBGE.
O Blog do Zé Dudu acessou a íntegra do estudo, segundo o qual a indústria extrativa mineral contribuiu com retração de 3,91% para derrubar o desempenho do estado. Mais precisamente o município de Parauapebas, que viu despencar a lavra de minério de ferro, passando de uma produção de 93,21 milhões de toneladas (Mt) de janeiro a setembro de 2018 para 74,03 Mt no mesmo período deste ano.
Parauapebas, juntamente com os municípios de Curionópolis e Canaã dos Carajás, integra o complexo minerador de Carajás representando o Sistema Norte de produção da mineradora multinacional Vale. A empresa, que é a manda-chuva com peso número 1 da indústria no Pará, diminuiu estrategicamente o ritmo das operações de lavra na Serra Norte de Carajás para priorizar a frente de trabalho na Serra Sul, em Canaã.
Outro município com atividade extrativa de minério de ferro que regrediu foi Curionópolis, onde a produção na Serra Leste de Carajás despencou de 2,92 milhões de toneladas em 2018 para 2,33 Mt em 2019. Pode parecer pouco nesse caso, mas o minério de ferro, por render tonelagem de milhares e milhões, é quem mais contribui — e por isso mesmo mais impacta — na medição conjuntural da indústria paraense.
Canaã é “colchonete” e reduz impactos
A situação só não foi ainda pior para os números do setor industrial do Pará porque a produção de minério na Serra Sul, em Canaã dos Carajás, saltou de 42,18 milhões de toneladas em 2018 para 51,06 Mt este ano e, por fim, ajudou a suavizar as perdas. É como se o desempenho de Canaã fosse um colchonete que auxiliou o estado a segurar uma queda brusca na atividade industrial.
De acordo com o IBGE, sete itens estão na cesta da avaliação da indústria paraense. Além da extrativa mineral, há a produção de minerais não-metálicos, a metalurgia, a fabricação de celulose, de produtos de madeira, de alimentos e de bebidas. Entre todos esses, apenas os setores de bebidas, alimentício e metalúrgico cresceram, mas não o suficiente para abafar os efeitos da baixa na produção registrada em Carajás.