Os confrontos da seleção brasileira com Chile, depois com Colômbia e a fatídica derrota contra a Alemanha na copa sediada no Brasil confirmaram, tardiamente, uma desconfiança que todos que se prestam a entender minimamente o futebol (ou seja, 99% dos brasileiros) carregavam há décadas: de que o fator psicológico pode ser decisivo para o sucesso não só de uma seleção de futebol, como também para o bom andamento de qualquer aventura humana. Uma pena que a psicóloga da seleção, Regina Brandão, tenha sido chamada apenas quando se tornou insuportável a pressão sobre os jogadores.
Essa atuação, como se diz popularmente, de “apagar incêndio” amiúde dá o tom do trabalho do psicólogo no Brasil. Quando o prédio das emoções já está sendo consumido pelo fogo é que se lembra do psicólogo. Ou quando o problema é tão enigmático que não se revelou em exames, nem terminou com remédios, orações, feitiçarias e poções, então leva-se ao psicólogo. Como se esse profissional detivesse o poder de explicar o imponderável. Por isso, tornou-se imprescindível se conhecer e discutir os lugares onde o psicólogo se insere e, consequentemente, os vazios que ele tem deixado.
A provocação acima talvez não tenha uma resposta fácil e muito menos curta. Apesar de, à simples menção ao nome “psicólogo”, as pessoas já comporem um quadro mental em que estão presentes uma sala, livros, um divã e um profissional confortavelmente sentado pronto pra revelar os segredos que nem você sabia que guardava, o profissional formado em Psicologia está hoje não apenas atendendo jogadores de futebol acossados pela torcida e cidadãos em crise. Quem não passou por um psicólogo pra ser admitido numa empresa ou pra obter a habilitação pra dirigir? Quem nunca falou pro filho “vou te mandar pro psicólogo” quando já não tinha mais argumentos que o demovessem da ideia de desobedecer as ordens? Pois é, o psicólogo está nas escolas, nos hospitais, nas universidades, nas comunidades, nos serviços socioassistenciais, nos tribunais ajudando em decisões judiciais, até em agências de publicidade ajudando a elaborar estratégias de marketing. Ele pode atuar no planejamento, na prevenção, na reabilitação, na pesquisa, no ensino e, ultimamente, tem ocupado espaços importantes na gestão de serviços, programas e projetos.
Pra ser psicólogo é necessário passar 5 anos numa faculdade, assistindo aulas presenciais que abordam boa parte das escolas da psicologia e dos campos de atuação profissional. Há estágios em clínica, escola, organizações, etc. e o aluno pode, após o fim dos 5 anos, cursar mais 800 horas de licenciatura. Nos dois estados que fazem parte de nosso conselho regional, Pará e Amapá, temos cursos em Belém, Santarém, Macapá e agora em agosto inicia na UNIFESSPA em Marabá.
Agora a informação mais importante e que motivou esse texto: dia 27 de agosto comemora-se o dia do psicólogo. Mas por que essa data? Nesse dia, no ano de 1962, foi oficializada a profissão no país. Então, pra comemorar o 52º aniversário dessa jovem senhora que ainda preserva o viço da juventude e que nunca abandonou a luta pelos seus direitos e os da população brasileira, o Conselho Regional de Psicologia 10º Região, através do Grupo de Trabalho de Política Públicas elaborou uma programação alusiva ao dia do Psicólogo com rodas de conversa e a mostra Cinema & Psicologia em parceria com o Labirinto Cinema Club. Programe-se:
Mostra Cinema & Psicologia – Antiga câmara de vereadores, sempre às 19h00
-
21/08 – “Réquiem para um sonho”
-
28/08 – “Sonhos Roubados”
-
04/09 – “Precisamos falar sobre Kevin”
-
11/09 – “Hoje eu quero voltar sozinho”
Rodas de Conversa:
-
20/08 – Tema: Álcool e outras drogas.
Local: Praça do bairro Casas Populares 2 – Parauapebas -
22/08 – Tema: Violação de direitos.
Local: Canaã dos Carajás -
03/09 – Tema: Violação de direitos.
Local: Praça da Cidadania – Parauapebas
( * ) – Luís Wagner Dias Caldeira é psicólogo formado pela UFPA, especialista em saúde mental pela UFRJ, referência técnica em saúde mental, álcool e outras drogas na região sudeste do Pará e psicólogo do Centro de Saúde Cidade Nova em Parauapebas, twitteiro ( @wagnerdc ) e colaborador intimorato deste Blog.
3 comentários em “Atuações do psicólogo e seus desafios”
sugiro então que o dunga convoque um time de psicólogos,esqueça os jogadores,se o fiasco do time foi só por causa do psicológico,continuaremos perdendo para os alemãs,os caras tem Freud,o craque da psicanálise,ou seja é melhor o dunga arranjar jogador,me parece mais fácil.
Muito bem escrito o texto, parabens para o Wagner e todos os psicologos que participam do GT de Politicas Públicas de Parauapebas, e todos os psicologos que atuam em nosso municipio e estado!
Parabéns, aos que amam e exercem essa profissão com zelo.