O exército de pessoas sem ocupação no Pará já é suficiente para entupir duas cidades do tamanho de Marabá, a quarta mais populosa do estado. O número absoluto de jovens e adultos sem trabalho aumentou de 429 mil para 437 mil do 2º para o 3º trimestre deste ano. Esse crescimento vai na contramão do resultado apresentado pelo estado ao longo de 2018, ano que começou com 461 mil desocupados e encerrou com 394 mil. Agora, o Pará corre o risco de encerrar 2019 com adição de 50 mil novos desempregados.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PnadC-T) divulgada na manhã desta terça-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revela que o Pará chegou no 3º trimestre de 2019 com o 5º maior pico de desocupação nos últimos três anos.
Números piores que os atuais só foram registrados no 4º trimestre de 2016 (482 mil desocupados), no 1º trimestre de 2017 (516 mil), no 1º trimestre de 2018 (461 mil) e no 1º trimestre de 2019 (441 mil). A taxa de desocupação no estado, contudo, segue na casa de 11,2%, a mesma do trimestre anterior. Isso porque a quantidade de pessoas desocupadas registradas do 2º para o 3º trimestre, no total de 8 mil, cresceu proporcionalmente ao aumento da população no período, fazendo o percentual estagnar.
Ao todo, o Blog do Zé Dudu investigou que são 202 mil homens e 235 mil mulheres de cara para cima no Pará, que tem o 9º maior batalhão de desocupados do país. São Paulo lidera com 3,09 milhões, enquanto Roraima tem apenas 37 mil. Já entre as capitais, Belém tem 106 mil desocupados, sendo a 10ª do país. Belém, que tem praticamente o mesmo tamanho populacional de Goiânia, tem o dobro de desempregados em relação à capital de Goiás, onde há apenas 53 mil desocupados, segundo o IBGE. A capital brasileira com maior número de pessoas sem trabalho é São Paulo, com 903 mil. Palmas tem o menor contingente, 17 mil.
Rendimento aumenta, mas é 5º pior
O rendimento médio real do trabalhador paraense encerrou o 3º trimestre em R$ 1.516. Até aumentou R$ 47 em relação ao 2º trimestre, mas ainda assim continua mais de R$ 700 abaixo da média nacional, que é de R$ 2.223. Matematicamente, um trabalhador paraense teria de trabalhar quatro meses e meio a mais no ano para ter um rendimento equiparável ao da média do trabalhador brasileiro, um verdadeiro absurdo que expõe o fracasso e o equívoco das políticas de atração de negócios e de geração de emprego e renda implementadas no Pará, fruto de forte dependência econômica em atividades de capital intensivo, como a indústria extrativa mineral.
Hoje, o rendimento médio do trabalhador do Pará é o 5º pior do país. Só o trabalhador de Alagoas (R$ 1.509), Bahia (R$ 1.470), Maranhão (R$ 1.300) e Piauí (R$ 1.295) ganha menos. Entre as capitais, o rendimento de Belém (R$ 2.401) é o 18º do país. A capital paraense, no entanto, apresentou o 5º melhor crescimento absoluto do 2º para o 3º trimestre, de R$ 54.