Brasília – Seis meses após megaoperação da Polícia Federal que apreendeu, incendiou e afundou dezenas de balsas de garimpo ilegais em rios da Amazônia, a extração ilegal de ouro voltou a ser operada por novas balsas, motivando a instauração de procedimento por parte do Ministério Público Federal do Amazonas na quarta-feira (13).
Segundo o Greenpeace Brasil, as embarcações estão na foz do rio Madeira, perto do município de Borba (AM). A porta-voz da organização, Danicley de Aguiar, disse que a “ausência de uma política de desenvolvimento regional” permite o retorno do garimpo ilegal à região.
“De uma vez por todas, o Estado brasileiro precisa compreender que precisamos ir além das ações de comando, controle e estruturar outras políticas que nos permitam superar a economia da destruição que consome rios e florestas, mas também se alimenta da desigualdade social profunda que caracteriza a região”, declarou o ativista ambiental.
Em 29 de novembro de 2021, o ministro Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) informou que 131 balsas foram apreendidas e destruídas em operação da PF (Polícia Federal) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A PF divulgou imagens da ação que mostram as balsas sendo explodidas e incendiadas. Garimpeiros deixam o local às pressas em lanchas voadeiras para fugir do flagrante. “São esses mesmos garimpeiros que retornaram para praticar o mesmo crime”, disse uma fonte da PF, falando na condição de anonimato, uma vez que o procedimento do MPF-AM segue em sigilo.
Os garimpeiros que invadiram o rio Madeira não têm autorização da ANM (Agência Nacional de Mineração) para explorar a região.
A mineração ilegal raramente tem protocolos de segurança, ambientais e trabalhistas. O garimpo é a principal forma de mineração na Amazônia.
Dados do MapBiomas indicam que a área minerada por garimpo na região em 2020 chegou a 101,1 mil hectares. É, de longe, a maior área de garimpo no Brasil.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.