Esta sexta-feira 23 de janeiro de 2015 é dia de pagamento salarial para o funcionalismo do Banco do Estado do Pará S.A – Banpará. Mas este é um janeiro especial, porque junto com o salário, vem o crédito de um degrau extra no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCS) para os bancários e bancárias do Banpará que em 1998 doaram 20% de seu salário durante 11 meses e, com essa medida, impediram a privatização ou liquidação do banco estadual.
No acordo coletivo da campanha vitoriosa de 2014, conseguimos incluir o início da reparação histórica das significativas perdas salariais de 1998. São mais 5% no salário, mas o que conta é o reconhecimento na lei dos trabalhadores – o acordo coletivo – de que há uma dívida e que esta começa a ser paga.
Reparar a dívida é reconhecer e registrar a luta e a vitória dos bancários e bancárias do Banpará. Pra mim, que sou funcionária do banco e presidia o Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá à época, estando à frente dessa intensa e brava resistência de todo movimento sindical brasileiro ao cruel neoliberalismo, é uma honra ter auxiliado a luta e a vitória em 1998 e construído a reparação em 2014.
Para quem não sabe, a doação dos 20% do salário durante 11 meses, em 1998, foram decisivos para assegurar que o Banpará permanecesse público e não fosse direto pro cadafalso da privatização ou liquidação, destino cruel de 23 dos 27 bancos estaduais existentes à época do medonho governo FHC – Fernando Henrique Cardoso. Tempo de PDVS – Programas de Demissão Voluntárias, os quais provocaram dores nunca fechadas, demissões em massa, suicídio de 35 colegas bancários em todo o país.
Imaginem só o desespero das famílias à época que ficaram sem emprego, sem salário e sem perspectiva do dia pra noite!
Aquela luta de 1998 não foi fácil, porque cortar salário é doído demais. Propor e aprovar isso em assembleia, também é difícil demais. Por isso é tão importante, recordar e começar a quitar essa dívida, pois graças a essa luta o Banpará hoje está em pé, fortalecido, público, sendo instrumento de crédito e garantindo ampliação de agências e emprego às gerações pós 1998. Sem essa luta, não haveria banco, nem emprego. Só a dor e o vazio.
É uma luta com nossas digitais, nossas emoções e parte do resultado da nossa força de trabalho – nosso salário. Comemorar esse degrau a mais no PCS é comemorar uma luta duríssima que foi vitoriosa. Uma vitória do funcionalismo do banco, da capacidade de articulação do movimento sindical da unidade e luta!
Por Vera Paoloni