Belém: BID abre escritório para suporte a projetos do Pará e obras da COP 30

Instituição aplica US$ 300 milhões em financiamento ao estado
Governador do Pará, Helder Barbalho (centro), participa do lançamento do escritório do BID no Pará, ao lado da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e o presidente do BID, Ilan Goldfajn

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Aconteceu, neste sábado (27), o anúncio da abertura de um escritório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Belém do Pará, cidade que recebe, em novembro do ano que vem, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30). A instituição aplicará US$ 300 milhões no plano de descarbonização e obras de suporte ao evento internacional. Os valores reforçarão o programa de reformas para a transição do Pará para zero emissões líquidas de gases poluentes até 2050.

Segundo o governador do estado, Helder Barbalho (MDB), das 29 obras planejadas pela cidade para a COP 30, 24 estão contratadas. Ele listou, ainda, que os recursos serão aplicados em:

  • produção sustentável e conservação ambiental;
  • saneamento básico;
  • empregos verdes;
  • educação;
  • transformação digital;
  • políticas de direitos humanos;
  • planejamento de longo prazo; e
  • gestão de projetos.

“A cidade está num nível de requalificação para deixar esse legado. Estamos requalificando leitos existentes, com quatro operações de novos hotéis dos quais três são cinco estrelas, além do incremento de 5 a 6 mil leitos com navios de cruzeiros, deixando como legado a dragagem do canal de navegação para Belém. Também estamos trabalhando fortemente com aluguéis por temporadas, saindo de 700 cadastros no Airbnb e no Booking [aplicativos de reservas online] para 3,6 mil imóveis cadastrados,” explicou Barbalho, que também preside o Consórcio Amazônia Legal (CAL).

Ele solicitou à secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, mais envolvimento do governo americano junto aos temas de interesse para preservação da Amazônia. “Faço um apelo para que os Estados Unidos, com seu papel de maior nação, de maior democracia do planeta: se engaje diretamente,“ enfatizou.

“Peço que os Estados Unidos assumam a responsabilidade de liderar os financiamentos necessários e as modelagens no âmbito internacional para permitir o combate às mudanças climáticas, a transição energética, a prioridade de um mundo com emissões zero e, para isso, a solução passa por um aporte relevante e histórico aqui na Amazônia, pois investir aqui é investir no futuro de toda a humanidade, de todos os continentes, de todo o planeta,” justificou Helder Barbalho.

“Sua presença aqui, secretária Janet Yellen, é um fato histórico e esperamos que possa ser a semente de uma gigantesca transformação que desesperadamente o planeta precisa: a Amazônia. Os Estados Unidos tem tudo para mais uma vez conduzir, com seu exemplo, sua defesa dos princípios corretos. Como guardiã do tesouro da maior potência econômica do mundo, quero sensibilizá-la para que se torne também uma guardiã do maior tesouro do mundo: a Amazônia,” convidou o governador.

Em resposta, Yellen afirmou que os Estados Unidos estão avançando em uma aproximação com o governo federal, dialogando com o ministro Fernando Haddad, e estudando posições e iniciativas, principalmente, voltadas ao crédito de carbono.

Redução do desmatamento no Pará

Ainda durante a reunião, Barbalho destacou que o governo do Pará tem incentivado ações que valorizem a bioeconomia e a floresta como um ativo estratégico. Também frisou que o estado tem atuado de forma intensiva no combate ao desmatamento e a atividades ilegais.

Ele revelou para a secretária Yellen e para o presidente do BID, Ilan Goldfajn, que o estado se encaminha para alcançar uma redução nos alertas de desmatamento entre agosto de 2023 e julho de 2024, o período que corresponde ao ano Prodes [Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite], de cerca de 40%, além de uma perspectiva de redução na taxa anual de desmatamento superior à registrada no ano passado, de 21%.

“As ações e iniciativas do governo do estado do Pará no combate ao desmatamento, no desenvolvimento de projetos de bioeconomia e de economia criativa, no apoio à agricultura, à pecuária verde e à produção com agregação de valor aos produtos, compõem um acervo de intervenções reais, cujos resultados são palpáveis, promissores e só nos mostram que essa é a única direção a seguir. Temos de fazer mais, fazer melhor, fazer para mais pessoas,” ponderou o governador, justificando a importância de mecanismos internacionais ampliarem financiamentos para preservação da Amazônia.

Ao longo deste sábado, Barbalho participou de uma extensa sequência de agendas junto à secretária Janet Yellen e ao presidente Ilan Goldfajn. Os compromissos fazem parte do Programa Amazônia Sempre, promovido pelo BID. Na oportunidade, a instituição fez uma apresentação do balanço de um ano de atuação e previsão de novos projetos e investimentos. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou de parte da agenda.

De acordo com informações do BID, o Amazônia Sempre é um programa que tem o objetivo de ampliar o financiamento, compartilhar conhecimento estratégico para os tomadores de decisões e aumentar a coordenação regional para acelerar o desenvolvimento sustentável, inclusivo e resiliente da região amazônica.