Uma pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que analisa o desempenho da infecção pelo novo coronavírus em seis das sete capitais da Região Norte, mostra que Belém e Manaus (AM) já teriam chegado a 97% dos registros de óbitos estimados por Covid-19. Esse prognóstico coloca as duas maiores metrópoles da Amazônia na dianteira de encerramento da pandemia na região e no país. Segundo o estudo, as demais capitais — Porto Velho (RO), Macapá (AP), Rio Branco (AC) e Boa Vista (RR) — ainda estariam em fases anteriores e até mais iniciais da pandemia, sendo que a situação de Porto Velho é a mais delicada.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou o boletim “ODS Atlas Amazonas — Especial Covid-19”, documento que faz comparação entre seis capitais da bacia amazônica brasileira revelando as diferenças no estágio de progressão da pandemia, levando-se em conta o tempo de resposta dos governos e a efetividade das medidas adotadas, entre as quais o isolamento social.
De acordo com os autores da pesquisa, que é assinada pelos cientistas Henrique dos Santos Pereira, Danilo Egle Santos Barbosa, Bruno Cordeiro Lorenzi e Ademar Roberto Martins de Vasconcelos, Belém e Manaus detêm as maiores taxas de óbitos por Covid na proporção de 100 mil habitantes. A capital paraense teria um teto de 116 óbitos, enquanto na capital amazonense o teto seria de 99. Até ontem (19), sexta-feira, Belém computava 1.786 óbitos com taxa de 120 por 100 mil, portanto, superior à projetada na pesquisa. Já Manaus registrava 1.678 mortes com taxa de 77 por 100 mil, neste caso, abaixo do estimado no estudo.
Os pesquisadores observam que, embora Manaus e Belém estejam no mesmo estágio de finalização da pandemia, Manaus registrou o avanço letal de Covid quatro dias antes que a capital do Pará. Os pesquisadores também revelam que Belém reportou a pior taxa de isolamento social nas duas primeiras semanas de junho no comparativo com as demais capitais, sendo a única capital do grupo que precisou rever e reverter medidas de reabertura de atividades não essenciais.
Se as projeções estiverem corretas, a capital de Rondônia, Porto Velho, será a última a controlar a pandemia. Atualmente, o município está com quase 9.000 casos confirmados e aproximadamente 300 mortes, numa proporção de 50 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes. É a deslocalização da pandemia para regiões ainda não desbravadas pelo vírus.