Nenhuma metrópole brasileira aumentou tanto a arrecadação de um ano para outro como Belém, capital paraense. Entre o primeiro bimestre de 2024 e o primeiro de 2025, a maior cidade da Amazônia Oriental ficou R$ 918,77 milhões mais rica. Ainda assim, segue sendo a capital com a menor receita por habitante. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu.
Em um levantamento inédito realizado pelo Blog, com base na prestação de contas oficial do primeiro bimestre feita pelas prefeituras das capitais ao Tesouro Nacional, Belém aparece, pela primeira vez, com receita líquida superior a R$ 5 bilhões. A marca certamente não teria sido ultrapassada não fosse o fator COP 30, evento global para discutir as mudanças climáticas que será realizado na capital do Pará em novembro e que tem mobilizado bilhões em recursos públicos municipal, estadual e federal para obras de infraestrutura em tempo recorde.
Em valores aproximados, a arrecadação de Belém já livre de deduções para o período de 12 meses corridos (entre março de 2024 e fevereiro de 2025) totalizou R$ 5,088 bilhões. Em fevereiro do ano passado, a receita de 12 meses havia atingido R$ 4,169 bilhões. Em apenas um ano, a conta bancária de Belém disparou 22%, algo não experimentado pela prefeitura local nos últimos 20 anos.
Com esse desempenho, Belém ultrapassou Maceió e voltou a ocupar a 14ª colocação no ranking das capitais que mais arrecadam, posição perdida em 2023. Entre todos os municípios brasileiros, Belém tem a 19ª prefeitura mais rica. A Prefeitura de São Paulo lidera o ranking, com R$ 95,88 bilhões em receita líquida, enquanto a Prefeitura de Rio Branco é a que menos arrecada, com R$ 1,595 bilhão.
O prognóstico aponta 2025 como um ano incrível para Belém, com crescimento exponencial da receita e ganhos extraordinários, especialmente nos setores de serviços. Apesar disso, a arrecadação tende a desacelerar em 2026, tendo em vista que a capital do estado é uma das capitais menos atrativas para negócios devido aos baixos índices de saneamento básico que ostenta e à alta taxa de informalidade em sua população ocupada.
Mais pobre entre as 27 capitais
Apesar do enriquecimento meteórico no momento, Belém ainda é a mais pobre entre as 27 capitais de unidade da federação. Por mais pobre, entenda-se a que proporcionalmente menos arrecada em comparação ao tamanho de sua população, de 1,399 milhão de habitantes.
Quando confrontada com as cidades de mais ou menos seu porte populacional, a exemplo de Porto Alegre (1,39 milhão de habitantes), Goiânia (1,495 milhão), Recife (1,588 milhão) e São Luís (1,088 milhão), Belém agoniza: a metrópole amazônica fatura apenas R$ 3.638 por morador no ano, enquanto a receita por habitante na capital gaúcha chega a R$ 6.784 — mais de R$ 3 mil acima da realidade da cidade-sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30).
Em Goiânia, com média de arrecadação de R$ 5.549, a diferença de faturamento anual é de quase R$ 2 mil por pessoa em relação a Belém. Em São Luís, a receita por morador é de R$ 4.924, ao passo que em Recife é R$ 4.735, ambas as quais com mais de R$ 1 mil à frente da metrópole do Pará.
Brasília (R$ 12.236), Vitória (R$ 9.007) e São Paulo (R$ 8.060) têm as mais elevadas médias de receita por habitante entre as capitais, enquanto Salvador (R$ 4.051) e Macapá (R$ 3.886) fazem companhia a Belém como lanterninhas.